07 maio, 2008

PRAIA GRANDE
E UM POUCO DE SUA HISTÓRIA.



O meu amigo conterrâneo Luiz Zaga Inácio descobriu em sua incansável pesquisa mais uma história da Praia Grande, não aquela de que não é praia e nem é grande ou a de que é cidade. Agora não é folclore, pois está registrado na obra do torrense Ruy Ruben Ruschel. Conta ele que por volta de 1920 o território de Praia Grande (Na época Araranguá) foi disputado pelos gaúchos para ser anexado ao município de Torres, no Rio Grande do Sul. Só não o foi porque houve uma decisiva intervenção do Coronel Correia Pinto para manter Praia Grande como território Barriga Verde. Numa outra oportunidade tentaremos desenvolver um capítulo específico baseado na crônica do também torrense João Barcelos.

O Engenheiro Zaga como é conhecido, atualmente residindo em Torres, é responsável pelo site Praia Grande e sua história – uma empreitada voluntária em busca do resgate da historia da nossa terra natal, diga-se uma façanha inédita, pois adotou uma metodologia única, construindo um valoroso acervo fotográfico das gerações de praia-grandenses desde 1850.

Tanto o Zaga como eu e tantos outros chegaram a conjecturar a mudança de nome para Mampituba, mas o distrito de Rua Nova, no outro lado do rio, em Torres, emancipou-se e adotou o nome de Mampituba. A mudança é justificada pela existência da Praia Grande, em São Paulo e também com a confusão gerada com a Praia Grande na praia de Torres. Uma outra idéia seria a alteração para Município de Itaimbezinho, um nome significativo e com forte expressão na cultura local, já que grande parte do canyon, incluindo suas altíssimas laterais e a base onde cursa o rio pertence à Santa Catarina, sendo que a parte superior, o campo, pertence ao Rio Grande do Sul, além de ser o maior canyon da América do Sul. Uma errônea e injusta divulgação por parte dos gaúchos e mesmo do Governo Federal que criou uma impressão de que os canyons são gaúchos, quando na verdade são geograficamente mais barriga verde.

Um plebiscito poderia definir a mudança e Praia Grande passaria a chamar-se ‘’Itaimbezinho’’ - A terra dos Canyons. A idéia de mudança é oportuna, pois o município merece urgentemente a adoção de novas políticas públicas, principalmente no planejamento territorial com a ordenada expansão urbana/rural e o adequado uso do solo. A vocação do município é o eco-turismo e a agroecologia, já presente na dinâmica socioeconômica local, basta potencializá-los com criatividade e envolver a sociedade num projeto de desenvolvimento ordenado e sustentável.

Observando que não basta só Praia Grande inovar, é preciso que os outros municípios da AMESC se juntem, num projeto abrangente e integrado, afinal possuem características geográficas únicas no estado e de grande potencial natural. Como os Aparados da Serra, com seus maravilhosos canyons, a Lagoa do Sombrio - a maior de água doce do estado com todo o sistema lagunar - e o esplêndido litoral oceânico, tudo espetacularmente num mesmo cenário. Através da duplicação da BR-101 e da vontade política, poderemos, nós do Extremo Sul, sair de segunda região mais pobre do estado para uma das mais bem sucedidas em qualidade de vida e ambiente preservado.

OBS. Registra-se que o saudoso José Pereira e seu irmão Ari vieram de Praia Grande para Araranguá com a União, a primeira empresa de ônibus do sul de SC e o Angelino Pereira (Tio do Zé) foi para Torres com a Empresa Mampituba. Enfim, a região ainda tem muita história pra contar, o que está faltando são historiadores dispostos a pesquisar e resgatar a memória e os fatos que formaram a nossa história.
OBS. O saudoso praia-grandense Abel Esteves de Aguiar chegou a ser prefeito de Araranguá, mesmo que por um breve período, por indicação do então poderoso Nereu Ramos.

Tadeu Santos – Socioambientalista / Araranguá - SC, Março de 2008.