05 junho, 2019

JAIR FORA DE SI por LAUREZ CERQUEIRA


Jair fora de si


LAUREZ CERQUEIRA

Certamente o povo brasileiro não está preparado para assistir a cenas de Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e outras pessoas da família sendo presos. Isso seria inimaginável até a semana passada, mas essa hipótese, ainda turva, surge no horizonte.
O Ministério Público e a Polícia Civil do Rio de Janeiro avançam sobre o crime organizado no Estado, penetram nos subterrâneos da família Bolsonaro e põem o presidente da República, recém-eleito e empossado, em situação dramática.
As poses de Jair Bolsonaro e seus filhos em fotografias com “milicianos” fizeram sucesso nas redes sociais durante a campanha eleitoral. Agora devem juntar-se a outras provas da intimidade da família do presidente da República com os “milicianos”.
Os investigadores devem apresentar à Justiça, em breve, uma das mais poderosas organizações criminosas do país e revelar a maior fraude eleitoral da história das eleições no Brasil, montada com fake news.
A “direita compenetrada”, ao dar sinais de que tem ao alcance informações espantosas sobre Jair Bolsonaro e sua família, já deve ter tomado decisão e esquadrinhado a operação que vai apeá-lo do poder. Os editoriais dos jornais e das revistas têm demonstrado isso.
Depois do namoro firme da “direita compenetrada” com a extrema direita caricata até recentemente, e de andar de mãos dadas pelas ruas das cidades, com suas máscaras, no golpe de Estado de 2016, para derrubar a presidente Dilma, agora solta a mão, se despede, como se não tivesse nenhuma responsabilidade com o agravamento da crise econômica  e com a tragédia social e moral do país.
Além de desastroso, absolutamente incapaz de tomar qualquer iniciativa para reverter a crise, Jair Bolsonaro tornou-se nitroglicerina pura aos olhos do poder econômico. Um perigo iminente, com a aproximação do calor das investigações do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os sintomas são cada vez mais evidentes.
O fio da meada é a decretação das prisões, em flagrante, convertida em prisão preventiva, de Alexandre Motta Silva, proprietário do apartamento onde foram encontrados 117 fuzis, de uso restrito, e do ex-policial militar, Ronnie Lessa, (acusado de matar Marielle Franco). Os dois respondem a processo por tráfico de armas.
Nas investigações do submundo do crime organizado no Rio de Janeiro, chegaram a um grande volume de dinheiro movimentado pelo filho do presidente, Flávio Bolsonaro. Por meio de uma imobiliária, os negócios renderam R$ 9 milhões, sem origem declarada, a compra de 19 imóveis e ligações com a empresa MCA Participações, com sede no Panamá, conhecido paraíso fiscal.
Estranhamente surgiram nessa história três personagens norte-americanos nos negócios imobiliários de Flávio Bolsonaro: o corretor Glenn Dillard e dois investidores, Charles Eldering e Paul Maitinho, que também passaram a fazer parte do rol de investigados.
Essas informações, constantes nos documentos em poder do Ministério Público, divulgados pela imprensa, despertaram fortes suspeitas de crime de lavagem de dinheiro.
Em 2008, o deputado Marcelo Freixo, do PSol, presidiu a CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, produziu um relatório pedindo o indiciamento de 225 políticos, policiais, agentes penitenciários, bombeiros e civis.
No fluxo do combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, em 2011, Marcelo Freixo presidiu outra CPI na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro,  que investigou o tráfico de armas no Estado. Consta no relatório aprovado na Comissão, com voto contrário do deputado Flávio Bolsonaro, que 2.024 pessoas foram indiciadas, processadas ou presas na década passada, no Estado, envolvidas com o crime de tráfico de amas. Entre elas, 82 policiais militares, 32 bombeiros, 29 policiais civis, quatro agentes penitenciários, três policiais federais, 88 militares das forças armadas (65 do Exército, 12 da Marinha, 11 da Aeronáutica), dois guardas municipais e 250 civis, além de 1.531 pessoas sem qualificação.
Os próximos meses devem trazer à tona muitas surpresas. Os indícios são cada vez mais evidentes de que a organização criminosa formada por “milicianos”, acusada de construir ilegalmente os três edifícios que desabaram no Rio de Janeiro, matando 24 pessoas, pode ser a mesma que comanda o tráfico de armas no estado.
As investigações em curso podem ajudar a esclarecer se há ligação entre o tráfico internacional de armas e o decreto de Jair Bolsonaro, que amplia o porte de armas.
A campanha contra o Estatuto do Desarmamento, liderada por Jair Bolsonaro, e o decreto se complementam, favorecendo o comércio clandestino de armas.
Uma CPI para investigar o tráfico internacional de armas no Brasil está sendo cogitada na Câmara dos Deputados, a fim de levar para o âmbito federal as investigações. Isso poderia contribuir politicamente com as instituições públicas que estão atuando no Rio de Janeiro.
Certamente ao perceber o que está por vir, o Congresso, arrastado pelo “Centrão”, virou as costas para o capitão e toca agenda própria. Os líderes do Governo e do PSL, partido de Jair Bolsonaro, estão sendo ignorados nas reuniões. Militares mais graduados das Forças Armadas, da ativa, e os da assessoria direta do presidente, têm demonstrado frieza nos últimos dias e discreto recuo.
Até Olavo de Carvalho, mentor de Jair Bolsonaro, disse que não vai mais se meter no governo. Bateu em retirada, entrou na toca, depois de derrotado no embate com militares, e ridicularizado em matérias de capa das revistas Veja e Istoé.
Para completar o isolamento, o Ministério Público deu um tiro fatal no decreto que amplia o porte de armas, a “menina dos olhos” da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Foi implacável numa nota técnica enviada à Câmara e ao Senado afirmando que o decreto é inconstitucional.
Como se estivesse em estado de surto, após ser informado sobre a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico, do filho Flávio Bolsonaro, de Fabrício Queiroz, e mais 94 pessoas envolvidas, entre essas, “milicianos amigos íntimos da família”, no maior escândalo a céu aberto no Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro viajou para o Texas, sem agenda com nenhuma autoridade dos Estados Unidos, para participar de uma cerimônia insignificante, desgastada por causa dele mesmo, e bater na porta de George W. Bush, “senhor da guerra”, sem ser  convidado, para posar ao lado dele numa foto.
Em New York, onde o prefeito Bill de Blasio rejeitou a presença dele, recentemente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o presidente do Senado, David Alcolumbre, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, se encontraram para participar de um evento, no mesmo período.
Uma oportunidade interessante para conversas sussurradas, num bom restaurante, entre os três chefes de poderes da República, sobre qual caminho seguir caso a evolução dos acontecimentos, nos próximos meses, leve à necessidade de afastar Jair Bolsonaro.
O texto divulgado pelo presidente da República nas redes sociais e a convocação de uma manifestação para o dia 26 de junho lembram os ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor, candidatos inventados pela elite economica e pela mídia para barrar Brizola e Lula .
O primeiro renunciou alegando sabotagem de “forças ocultas”, como insinua Jair Bolsonaro,  E o segundo chamou uma manifestação de apoiadores vestidos de verde e amarelo. Porém o povo foi às ruas, mas de preto e em protesto.
No Senado será apresentada uma representação contra Flávio Bolsonaro, no Conselho de Ética e o Judiciário do Rio de Janeiro mandou ampliar as investigações sobre ele.  Tudo indica que essas duas frentes levarão à cassação do mandato e prisão dele.
A primeira dama Michelle Bolsonaro, por sua vez, deverá ser convocada para depor sobre os cheques recebidos de Fabrício Queiroz, que curiosamente está desaparecido, despertando suspeitas até de ter sido morto.
Paulo César Farias, homem de confiança de Fernando Collor de Melo,  estava sendo investigado, na época, no chamado “Esquema PC”,  por ser o homem forte da “ República de Alagoas”.  PC Farias foi fuzilado junto com a namorada, num hotel em Maceió.
Ex-assessores de Jair Bolsonaro, também irão depor,  para explicar como eram aplicadas as verbas de gabinete, quando Jair Bolsonaro era deputado federal.
Esse liame de relações perigosas com o dinheiro público e com “milicianos” suspeitos de envolvimento com o tráfico de armas fará a tempestade perfeita sobre Jair Bolsonaro nos próximos meses.
Ele sentiu que o pior  está por vir. E já deve ter percebido que a “direita compenetrada” está tramando o descarte dele.
Por isso Jair está fora de si.
LAUREZ CERQUEIRA

03 junho, 2019


Ainda sou um cidadão livre, portanto ainda tenho o direito democrático e constitucional de expressar minha opinião sobre políticos que recebem salários de verbas públicas, resultantes dos impostos que pagamos! Lembro ainda que sou apartidário, mas não sou omisso e exerço cidadania!
Esta breve colocação é pra justificar o escrito no quadro abaixo, pois nunca na História deste país um presidente da República foi tão ridicularizado quanto o politiqueiro e despreparado Jair Messias Bolsonaro.
Críticas, chacotas e charges são publicadas diariamente na mídia nacional e mundial, tanto em editoriais quanto em notas de várias celebridades!
Estamos presenciando uma situação inédita parecendo 'surreal' na dinâmica da política da República, com um presidente constitucionalmente eleito, porém sem um plano de governo ou ideias aplicáveis de políticas de Estado (ou Nação).
Sua popularidade surgiu em virtude da sua polêmica postura discriminatoriamente radical e neofascista, contrariando a maioria da população brasileira e fazendo descabidas 'arminhas'...!
Um presidente que governa via Twitter ditado pelos filhos, considerados insanos, corruptos e milicianos (incluindo alguns ministros malucos), inspirados em um guru que acredita que a Terra é plana, que massacra o meio ambiente e outras elucubrações autoritárias e totalitárias!!!
Nota: Democraticamente falando, esclareço que respeito posições divergentes, no entanto, quem discordar da minha posição, por favor, contraponha com argumentos sem apelar pra ofensa pessoal.

O BOLSO E O SALLES


NO TEMPO DAS CHEIAS NA 101



Esta é do tempo em que as cheias do Rio Araranguá cobriam a pista da BR-101, causando a interdição da rodovia até por uma semana. E ainda tem gente que faz críticas ao Contorno Rodoviário da rodovia federal que passava por dentro do perímetro urbano. Esta talvez seja a maior e mais significativa conquista da Sociedade Civil Organizada do Município de Araranguá SC. Nota: Lembrando que as compotas implantavas pela prefeitura contribuíram para evitar pequenas cheias na pista sem haver necessidade de interdições!

O SETOR QUE DEFENDE A QUEIMA DE CARVÃO MINERAL NO SUL DE SC CONTINUA MENTINDO


A queima de carvão mineral ou combustíveis fósseis está em processo de extinção pelos comprovados impactos negativos que causam ao meio ambiente e, porque as energias renováveis estão chegando com as forças da natureza, como as eólicas e as solares. 
Porém o setor carbonífero não desiste e continua a iludir maquiando informações sobre a famigerada extração e a queima do carvão mineral na termelétrica Jorge Lacerda 856MW, em Capivari de Baixo.
Então outro ministro além do astronauta foi ludibriado com a história do projeto de captura de CO², no Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) na SATC.
Acreditar em carvão limpo é andar na contramão da História ou apoiar em cumplicidade o milionário lucro das mineradoras, em detrimento da degradação ecológica, da saúde pública e do desequilíbrio da camada de ozônio que resulta nas mudanças climáticas!!!



onauta foi ludibriado com a história do projeto de captura de CO², no Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) na SATC.
Acreditar em carvão limpo é andar na contramão da História ou apoiar em cumplicidade o milionário lucro das mineradoras, em detrimento da degradação ecológica, da saúde pública e do desequilíbrio da camada de ozônio que resulta nas mudanças climáticas!!!
WWW.NSCTOTAL.COM.BR
O ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque visita o Sul de Santa Catarina nesta sexta-feira. Ele está em Criciúma, onde conheceu o projeto de captura de CO2 desenvolvido pelo centro tecnológico da Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina (SATC). Depois, ele participou do Fórum Parlamentar Catarinense, onde ouviu lideranças e demandas da região.

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA NÃO RESOLVERÁ O PROBLEMA DO PAÍS...


Bolsonaro é burro e governa como se estivesse em um churrasco, diz Pondé

Bolsonaro é burro e governa como se estivesse em um churrasco, diz Pondé

Filósofo de direita critica o governo de Jair Bolsonaro e acredita que o presidente precisa mudar o tom — se não, um novo impeachment pode acontecer

São Paulo – Ao contrário dos filósofos e intelectuais que o presidente Jair Bolsonaro tanto critica, Luiz Felipe Pondé sempre se colocou à direita no espectro ideológico. Defensor de bandeiras liberais, tanto na economia quanto nos costumes, o filósofo e escritor brasileiro era comumente criticado por seus pares por defender um Estado menor e a economia de mercado.
Para ele, o liberalismo “dentro de todas as políticas econômicas, é a que parece menos ruim”. O filósofo, no entanto, não está nem um pouco satisfeito com o governo de direita de Bolsonaro, que vem se afastando cada vez mais do perfil liberal que prometera durante as eleições. E parte da culpa dessa instabilidade, para o filósofo, é do seu companheiro de profissão, Olavo de Carvalho.
Não por acaso, Pondé acredita que Bolsonaro tem potencial de ser uma liderança nacional populista, aos mesmos moldes do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e do vice-primeiro ministro italiano Mateo Salvini. Quer dizer, existe um obstáculo: para o filósofo, Bolsonaro é burro.
“Ele é burro. Pode escrever isso. Ele é burro, segue um intelectual paranoico e se deixa influenciar pelos filhos que não entendem nada de sociedade e de convívio democrático”, diz Pondé.
O melhor caminho para se tomar, segundo ele, é uma conversa mais madura entre todo o espectro político, deixando a radicalização de lado. “A política é a capacidade de conviver com o que você não concorda. Não é conviver com o que você concorda”, afirma ele, que recebeu a reportagem de EXAME em seu escritório, em São Paulo.
Se Bolsonaro não entender isso, de acordo com Pondé, um impeachment pode se tornar um caminho possível. Confira, a seguir a sua entrevista:
Como o senhor avalia o atual momento da direita? Ela está se dividindo?
Durante as eleições, houve uma convergência de pessoas de várias direitas que não gostariam que o PT voltasse ao poder. E isso aconteceu por todas as razões do mundo. O partido tinha se transformado em uma gangue que estava roubando o Estado de forma sistemática. Além disso, a nova matriz econômica da ex-presidente Dilma Rousseff destruiu a economia. Depois das eleições, o gradiente da direita ficou evidente. Há aqueles reacionários, que tem um conservadorismo moral ligado ao Olavo de Carvalho, os evangélicos, os militares e os liberais.
Qual é a sua opinião sobre o papel de Olavo de Carvalho no governo?
Ele é uma péssima influência para o governo e ao país. É um intelectual, sem dúvida nenhuma, com repertório mesmo que constituído informalmente. Mas ele se transformou em um elemento desestabilizador. O Olavo é completamente paranoico e conspiratório. Sempre criou ciclos assim. Essa direita mais próxima do Bolsonaro, chamada de ideológica, é um grupo desorientado mentalmente e intelectualmente.
Há discussões da falta de coesão de pensamentos entre os liberais e os conservadores e isso está ficando evidente na prática. O senhor enxerga a possibilidade de existir uma sintonia maior entre os dois grupos?
Acredito que não. É mais fácil existir um alinhamento dos militares com a direita do Paulo Guedes. E isso apesar dos militares brasileiros não terem uma tradição liberal, como é o caso dos chilenos. O grupo formado por seguidores do Olavo e do Bolsonaro não tem entendimento da realidade. O presidente governa o país como se estivesse na varanda fazendo churrasco e gritando com os filhos. Por isso, é muito difícil manter a convergência a médio e longo prazo.
O lado conservador do presidente não permite essa convivência no longo prazo?
Não é por isso. Durante dois mandatos, o ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, conseguiu sustentar uma parceria entre o movimento evangélico americano e a escola liberal, que ele representava.
Mas o Bolsonaro não faz isso por que não quer ou por que não consegue?
Porque ele é burro. Pode escrever isso. Ele é burro, segue um intelectual paranoico e se deixa influenciar pelos filhos que não entendem nada de sociedade e de convívio democrático. Não é, a prori, o conservador de costume que inviabiliza uma economia liberal. A prova é, como eu disse, os Estados Unidos dos anos 80. Porém, pode ser que eu esteja errado e que daqui a seis meses eu perceba que havia uma estratégia ou que ele se perdeu, mas depois se encontrou.
Neste momento, no entanto, a impressão que temos é que ele está destruindo o governo. Parece que ele não percebe que há uma relação entre estabilidade política e econômica. Ninguém vai comprar uma televisão em 15 vezes se o país estiver em uma guerra civil. Qualquer criança de 12 anos sabe disso.
Mas como fica a direita nessa história? Depois de tanto tempo adormecida, Bolsonaro está fazendo a direita mais forte por estar no poder ou essas instabilidades trazem uma visão negativa do movimento?
É necessário analisar todo o processo. Em um primeiro momento, a possibilidade de Bolsonaro realizar um governo mais liberal economicamente é baixa. Não tem que ficar perseguindo transexual, isso é coisa de idiota. É necessário desenraizar uma máquina que parte do PT montou, e acredito que não tenha sido todo o partido, para espoliar o Estado.
Durante as eleições, a resposta para essa pergunta seria que era um bom momento para a direita e que seria possível colocar em prática uma economia de mercado mais livre, com reforma tributária e menos lei trabalhista que destrói na economia. A reforma da Previdência é um símbolo disso. E o descaso com que o Bolsonaro trata esse tema mostra que ele não entende nada de país e nem de sociedade. Neste momento, o Bolsonaro está fazendo mal à direita.
Qual é a sua visão sobre o nacional populismo, encarnado por figuras como o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán e o vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini?
Por acaso, voltei da Hungria recentemente. Lá, eu vi que os húngaros são felizes. A economia está crescendo e, quando isso ocorre, todo mundo fica feliz. Por isso, Orbán conseguiu desmantelar o Supremo Tribunal, a oposição e a própria mídia independente.
Muitos querem chamar o nacional populismo de fascismo, mas é diferente. O primeiro chega ao poder por meio de eleições e não destrói necessariamente o arcabouço da democracia, mas coloniza a democracia destruindo o sistema de pesos e contrapesos.
Alguns intelectuais colocam o presidente Bolsonaro como parte desse movimento. Qual é a sua opinião?
Acredito que ainda é precoce dizer isso. A capacidade de gestão dele faz com que ele tenha mais dificuldade. Se ele entendesse que estabilizar a economia fosse algo importante, talvez ele tivesse uma trajetória parecida com a do Orbán. Mas a minha suspeita de que ele seja burro e inepto é porque ele parece não entender que, mesmo que ele queira por em prática um sistema nacional populista, ele teria que fazer a economia crescer.
Aí sim, ele poderia colocar em prática o que eu considero uma tragédia no sistema político. Ainda que a Hungria esteja crescendo agora, em algum momento vai dar problema. O problema do regime autoritário é que, para continuar sendo autoritário, precisa ser cada vez mais autoritário.
Mas o senhor acredita que o Bolsonaro pode enveredar para esse lado?
É cedo pela minha suspeita de ele não ser inteligente o suficiente para isso. Além disso, ele também está há pouco tempo no poder. Ele tem um discurso próximo. Mas o Brasil tem características diferentes. Por exemplo, não temos problemas com imigração. E, por aqui, não temos um racismo tão agressivo como na Hungria – apesar de existir racismo, sim.
Como o senhor enxerga o futuro das reformas e do próprio governo? O presidente vem recebendo críticas de especialistas e de congressistas de que não se engaja na aprovação de reformas importantes.
Ele não se engaja porque não entende que é importante. Bolsonaro prefere falar que Olavo de Carvalho é ícone. Ícone para quem? Só se for para paranoicos agressivos. Se Fernando Haddad tivesse ganhado a eleição, a minha expectativa agora seria a mesma da atual: estabilização da economia. Então, eu não estou torcendo contra o Bolsonaro. Torcer contra ele agora, ainda é torcer contra o Brasil.
Mas em um momento pode deixar de ser. Espero que Bolsonaro, até o fim do semestre, entenda que ele é uma instituição e não o papai do Carlos ou o fã do Olavo. Ele é o presidente da República e, portanto, deve conduzir as reformas, negociar com o Congresso e fazer o trabalho que um presidente faz. O ex-presidente Michel Temer estava fazendo isso antes dele. Bolsonaro está criando uma saudade do Temer nesse aspecto.
O senhor enxerga outros cenários?
Tendo em vista o atual momento, há outras três possibilidades. Uma delas é os militares, que funcionam como fiadores do governo, saírem. Os militares nunca viram o Bolsonaro como um deles. Ele é muito mais baixo clero do Congresso do que militar. Essa história de ele ser militar é um marketing que ele construiu e que está ficando mais claro que é falso. Então, os militares aderiram ao Bolsonaro para parar o PT. Também vejo a possibilidade do Paulo Guedes ficar de saco cheio e sair do governo.
Dessa maneira, o Brasil entraria em uma espiral de instabilidade econômica gigantesca. Se isso acontecer, podemos assistir a um novo impeachment. Isso seria terrível para o país. A última seria o presidente virar uma espécie de rainha da Inglaterra, que será colocado de canto e que ninguém mais levará a sério. Aí de vez em quando ele vai xingar alguém nas redes sociais, comentar de “golden shower” com o filho dele e assim vai indo.
Estamos vivendo em um país cada vez mais radicalizado, à esquerda e à direita. O senhor acredita que essa divisão continuará por bastante tempo?
No momento, na minha opinião, a esquerda não existe. E ela não existe porque Ciro Gomes, que seria o nome mais interessante, é boicotado pelo PT, que ainda luta para tirar Lula da cadeia. É um surto psicótico. O PSOL, que reúne alguns nomes mais próximos da intelectualidade, como o Guilherme Boulos, que é um sujeito preparado e capaz, marca traço de audiência. O PSOL precisaria de um milagre.
Tendo em vista o início em que ele era muito desacreditado, a eleição de Bolsonaro à presidência pode ser considerada um milagre?
Não. Bolsonaro representa um grupo que se sentiu excluído por muito tempo. O conservadorismo de costumes tem uma importância grande no país. Além disso, a população foi ficando de saco cheio dos excessos da esquerda e das discussões inúteis, como ideologia de gênero.
Quando eu digo inútil é no sentido estatístico, não para quem sofre com o problema. As mídias sociais fizeram Jair Bolsonaro acontecer. E contou com uma incompetência da oposição. O PSDB, por exemplo, é um partido péssimo de 15 caciques e dois índios. É um partido de salto alto.
As mídias sociais são um espelho do atual momento de radicalismo. O senhor acredita que, em algum momento, esse conflito tende a ser amenizado?
As pessoas, na maior parte do seu dia a dia, tendem ao centro. Elas só radicalizam quando estão sofrendo demais. Se tivermos um equilíbrio econômico no país, os radicais perdem espaço. As mídias sociais sempre serão uma ferramenta de instabilidade, de marketing político e sempre terão notícias falsas. As pessoas usam essas notícias falsas quando gostam e quando é conveniente. Elas não ligam para fonte.
Está faltando conversa entre as partes? Ao mesmo tempo, os mais extremistas estão relutando qualquer tipo de contato com o espectro político contrário.
A estabilidade mental política precisa de um diálogo ao centro. A política é a capacidade de conviver com o que você não concorda. Não é conviver com o que você concorda. Isso é prova de que o Bolsonaro não entende nada. E eu acho que a polarização tende a continuar por mais de quatro anos. Acho bem difícil que as eleições de 2020 e 2022 não sigam o mesmo caminho. Muito por culpa do governo Bolsonaro, isso se ele não acertar o passo.
O senhor sempre se colocou como um liberal. Ao mesmo tempo, o movimento é visto como pouco preocupado com questões como a justiça social. Qual é a sua percepção desse movimento atualmente?
O movimento tem que amadurecer, como todos os outros. O socialismo, por exemplo, está aprendendo a amadurecer na porrada porque não deu certo em nenhum lugar. Toda a percepção de mundo tem que amadurecer. Mas quando eu me identifico com o universo liberal é porque, dentro de todas as políticas econômicas, é a que me parece menos ruim. Não sou anarcocapitalista, por exemplo. Porém, para se ter justiça social, é necessário equilíbrio fiscal. E para isso, são necessários princípios liberais de administração do Estado. Não se faz justiça social quebrando o Estado.
Às vezes, a esquerda é cega porque ela quer ser ou porque simplesmente não quer enxergar uma realidade. Assim como a direita liberal pode ser cega ao não levar em conta toda uma gama de elementos de mal estar que o capitalismo causa nas pessoas. Ser competente e eficaz o tempo inteiro causa problemas psicológicos nas pessoas, desvinculação familiar, entre outros.