20 dezembro, 2008

CÚPULA SOCIAL DO MERCOSUL








CÚPULA SOCIAL DO MERCOSUL
VEJA AQUI A PROGRAMAÇÃO OFICIAL:
http://inesc.org.br/biblioteca/textos/cupula-social-do-mercosul

Salvador – Bahia
14 e 15 de Dezembro de 2008



Texto com apontamentos abordados no painel AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS DESAFIOS PARA O MERCOSUL com a participação da argentina Cecília Iglesias, Coordenadora do GeoMercosur e do Deputado Dr. Rosinha do Parlamento do Mercosul, coordenado pela Carla Matos do MMA
(Foto e programação em anexo).




A vulnerabilidade da população frente aos riscos das Mudanças Climáticas

(IMPLORAMOS ATENÇÃO AO SUL DE SC, AGORA AO NORTE TAMBÉM!!!)




Agradecemos a Secretaria-Geral da Presidência da República (SG-PR), ao GT Energia e Clima do FBOMS pela oportunidade dada a ONG Sócios da Natureza de representar o Brasil neste painel denominado de "AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS DESAFIOS PARA O MERCOSUL". Observando que nossa linguagem é diferenciada das demais palestras por ser ambientalista, ou seja, ‘’ongniana’’. Lembramos que até pouco tempo, os ambientalistas e as ONGs eram taxados de exagerados, alarmistas e "eco-chatos', agora são os cientistas e a ONU que estão demonstrando preocupação com o desordenado uso dos recursos naturais em nome de um ganancioso lucro.

A região litorânea de Santa Catarina é considerada uma das mais belas da costa brasileira, com praias de configuração geográfica de extrema beleza. Bem próximo da costa se encontra a Serra Geral com os maiores canyons da América do Sul, destacando o canyon do Itaimbezinho e o da Fortaleza. Entre a costa e a serra, existe uma exuberante planície produtiva tanto na agricultura quanto na indústria, onde vive um povo trabalhador como qualquer brasileiro.

Justamente neste paraíso de quatro estações (ainda!) bem definidas durante o ano é que estão acontecendo fenômenos naturais, adversidades e mudanças climáticas com intensidade e freqüência acima da média brasileira, considerando que nesta região ocorrem as mais violentas enchentes do país, ocorrem tornados e ciclones extra-tropicais, além do inédito e violento furacão Catarina, o primeiro do Atlântico Sul.

As causas que provocam a ocorrência de fenômenos naturais podem ser várias, porém o homem está intensificando a freqüência das mesmas tornando o ambiente vulnerável a impactos cada vez mais devastadores, com desmatamento, queimadas e a queima de combustíveis fósseis.

Na Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão, no sul de Santa Catarina, ocorreu em 1974 a enchente com maior número de mortes do país, pois só o município de Tubarão foram registrados 199 mortos, mas ocorreram mortes também na Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá e do Mampituba, totalizando 233 vítimas. Em 1983 ocorreu em Blumenau (Bacia do Itajaí) uma tão violenta quanto à de Tubarão com 49 mortes e prejuízos incalculáveis. Na noite de Natal de 1995, em questão de poucas horas, 29 pessoas perderam a vida por causa de uma trombada d’água nas encostas dos Aparados da Serra, na localidade rural de Figueira, Timbé do Sul, na Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá. Agora volta a ocorrer, talvez a mais violenta de todas, com quase 150 mortos e estragos incalculáveis na Bacia do Itajaí.
OBS. Não vim aqui para relatar casos de crianças que perderam os pais ou cidadãos que perderam a família, a moradia e a produtiva terra, onde ficaram apenas pedras (seixos rolados), porque a mídia tem retratado muito bem a tragédia e esperamos que o cinema documental também o faça como forma de alerta socioambiental.

O cenário acima descrito é o suficiente para que seja imediatamente decretado ESTADO DE EMERGÊNCIA CLIMÁTICA na região descrita, com a urgente implantação de medidas preventivas e de adaptação as comunidades que vivem em áreas de risco e/ou excluídos ambientais. O apelo inicialmente era para a região sul de SC, mas agora é também para o norte. Uma informação do Gustavo sobre o Plano de Catástrofes do Governo Federal foi oportuna, pois é preciso que a Defesa Civil das áreas atingidas pelas cheias, tornados, ciclones e do furacão Catarina sejam mais bem atendidas com recursos para melhor atenderem os flagelados.

Além disso ‘’imploraremos’’ mais atenção do Governo Federal à região afetada, no sentido de promover estudos específicos, científicos e qualificados sobre as reais causas dos intensos e freqüentes eventos climáticos na região entre a Bacia do Mampituba (Praia Grande) e do Itajaí (Blumenau). Várias são as versões atribuídas às causas, mas deve haver alguma que seja mais determinante, apesar da complexidade do tema.

Por outro lado declaramos com certa indignação que meio ambiente no Brasil não é só Amazônia como alguns órgãos do governo federal, as grandes ONGs e a mídia tem tentado demonstrar, desprezando outros biomas de relevância para a biodiversidade do país. O desmatamento na Amazônia é preocupante, mas possivelmente controlado se houver mais rigidez na fiscalização, enquanto que a queima de combustíveis fosseis é permitida pela legislação e faz parte da matriz energética brasileira, inclusive com rotundos incentivos da União. Os impactos socioambientais da atividade carbonífera por enquanto estão afetando apenas SC e RS, mas existem projetos de usinas a carvão mineral também no Pará, Maranhão e Ceará. Toda a encrenca do aquecimento global deve ser responsabilizada em grande parte aos combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial. 41% das atuais emissões mundiais são pela queima de carvão, equivalente a 11 bilhões de toneladas/ano de CO².

No centro desta planície encontra-se a poderosa usina a carvão Jorge Lacerda com seus 856MW instalados emitindo gases, dia e noite sem parar, há 43 anos. Suas altíssimas chaminés emitem CO² que contribuem com o aquecimento global e outros gases como NO² e SO² que causam a chuva ácida, bem como emitem por hora toneladas de partículas, calor e vapor d`água que aumentam a quantidade de nuvens, chuvas, ventos, tornados e furacões, de acordo com o Prof. Ernani Sartori da UFPB (Prof. Osvaldo Sevá da UNICAMP, grande conhecedor da região carbonífera, lembra que dependendo dos ventos, os gases podem alcançar até 300 KM de distância). A teoria do cientista Sartori aponta a ocorrência de tornados em regiões onde existem termelétricas como no leste dos EUA, no interior de SP e da Bahia, onde recentemente violentos vendavais promoveram significativas destruições. Parece haver um único agente interferindo nessas tradicionais regiões consideradas ‘’calmas’’ e a teoria confirma que tal interferência é possível, conclui Sartori.


OBS. Do Primeiro Encontro sobre MC que realizamos em 2005, resultaram além da intensa divulgação e multiplicação de informações junto a rede de ensino de toda a região (pois mais de 700 pessoas participaram do evento) duas propostas foram encaminhadas. A primeira de realizar Oficinas Temáticas junto às comunidades afetadas com apoio dos Amigos da Terra de POA e a segunda de buscar alternativas de enfoque preventivo como a instalação do Sensor/Bóia nas imediações da costa atlântica de Araranguá, no qual depende de um projeto da Marinha denominado de Plano Transversal. Uma outra solicitação a ser urgentemente implementada é a contínua determinação da composição da atmosfera da região, que são captadas por satélites da NASA e, o apoio institucional ao "Segundo Encontro sobre Mudanças Climáticas" possivelmente em Março de 2009.

OBS. É preciso que o FBMC, com o Plano Nacional de Mudanças Climáticas implementado, dê mais atenção a regiões onde realmente estejam ocorrendo adversidades e mudanças significativas no clima. A reunião de Curitiba ocorrida em 16/10/08 era para acontecer em SC, mas a fizeram no Paraná e não consideraram nossas lamentações e alertas expressadas de forma verbal e documental. A reunião tinha por objetivo avaliar e coletar contribuições ao eixo temático "Adaptação e Vulnerabilidade do Plano Nacional sobre Mudanças do Clima / PNMC". Na ocasião os coordenadores do evento comunicaram que a última consulta seria realizada em Florianópolis no dia 31/10/2008. Mas não a fizeram.


OBS. Denunciamos o famigerado PL 238 do governador LHS que se for aprovado aumentará a fragilidade das matas ciliares, das encostas, das APPs, das UCs e permitirá que licenciamentos de empreendimentos sejam aprovados após 60 dias, por mais poluentes que sejam, ou seja, as enchentes irão soterrar e afogar mais vidas para agradar o setor produtivo ganancioso que só visualiza o lucro. Isto é crime não só ambiental, mas civil!

OBS. Finalizando nossa fala lembramos uma observação do Renato que alertou sobre a urgente necessidade de mudança no padrão de consumo e da matriz energética brasileira, com incentivo às energias renováveis.

OBS. Informações importantes que valem ser registradas: o Professor Gylvan Meira da USP sugeriu encaminhar solicitação ao CNPq/MCT uma simulação (em seu poderoso computador) das intensas precipitações das chuvas em SC e garantiu presença no evento de 2009 da mesma forma que o Ivan do FBOMS, além das importantes informações que o Álvaro repassou sobre o CONAMA.

Conclusão: Qual será a próxima tragédia ambiental no Estado de Santa Catarina?


OBS. Se possível, protocolarmente, denunciaremos perseguições e ameaças a Ambientalistas e ONGs, que cada vez mais sem recursos calam-se perante as pressões do poder político e econômico. (Não foi comentado).

OBS. Coincidentemente a intensidade das cheias e a ocorrência de outras adversidades climáticas aconteceram após o início do processo de queima de carvão mineral pela usina termelétrica Jorge Lacerda, em meados de 1965, tendo em vista o fatídico histórico desde 1838 na região de Fpolis, 1911 no Vale do Itajaí, 1948 na Bacia do Araranguá e 1962 na do Mampituba. (Não foi comentado em função do tempo esgotado)


Tadeu Santos
Araranguá - SC, Dezembro/2008

Sócios da Natureza
ONG criada em 05 de Junho de1980 para defender a natureza e uma melhor qualidade de vida para o sul de Santa Catarina.

(Prêmio Fritz Muller 1985)

Integrante do Movimento pela Vida da Região Sul de SC, filiada a Federação de Entidades Ecologistas Catarinenses (FEEC) e participante do GT Energia e Clima do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS).


’’ TRABALHANDO EXCLUSIVAMENTE DE FORMA VOLUNTÁRIA
E,
SEMPRE BUSCANDO OBJETIVOS DE INTERESSE COLETIVO ’’


Rua Caetano Lummertz Nº. 386/403 – CEP 88900 000 – Araranguá – SC

Fone: 48 – 9985 0053 / 3522 1818 Fax: 3522-0709
E-mail: sociosnatureza@contato.net
BLOGs http://www.sociosnatureza.blogspot.com/ /www.tadeusantos.blogspot.com /www.estado-de-emergencia-climatica.blogspot.com
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CÚPULA DOS POVOS (CUMBRE DE LOS PUEBLOS DEL SUR)

No sábado (Dia 13) participamos de uma mesa redonda no Centro de Convenções de Salvador, onde ocorria a Cúpula dos Povos (da qual participamos no ano passado no Chile), onde contribuímos em pontos constantes na ''Declaração da Bahia'', enfatizando nas questões do uso desordenado dos ''recursos naturais'' e dos impactos das ''mudanças climáticas''. Participar da elaboração de documentos como este é muito gratificante, apesar de estarmos consciente que os governos pouca atenção dispensam as reivindicações e denúncias contidas, mas acreditamos na sua propagação junto aos corações e mentes dos povos.
Mais informações no blog:

04 dezembro, 2008

ESTADO DE EMERGÊNCIA CLIMÁTICA EM SANTA CATARINA

VOLTAMOS A IMPLORAR A DECRETAÇÃO DE ‘’ESTADO DE EMERGÊNCIA (E CALAMIDADE) CLIMÁTICA’’ EM SANTA CATARINA. PRIMEIRO ALERTA FOI POR CAUSA DAS OCORRÊNCIAS CLIMÁTICAS NO SUL DE SC. CONFORME RELATO ABAIXO E AGORA A TRAGÉDIA NO NORTE DE SC.



Esperamos não estarmos constatando mais um oportunismo político sobre a desgraça do povo Barriga Verde e da destruição da natureza. Durante o flagelo do furacão Catarina foi a mesma coisa: as necessárias e bem vindas ajudas humanitárias aos afetados ambientais porém junto vieram governantes e políticos empenhando-se de olho nas campanhas eleitorais. Até degradadores ambientais como desmatadores e carboníferos se aproveitam nestes momentos com doações às vitimas .

Estudiosos alertam na mídia sobre medidas preventivas para reduzir o impacto das cheias, por exemplo, mas coincidentemente o atual Governador do Estado de Santa tenta aprovar uma lei denominada de Código Ambiental, objetivando agradar o setor agrícola da monocultura e madereiro, acabando com as APPs, como reduzindo a mata ciliar para cinco metros e permitindo desmatamento nas encostas.

As causas que provocam a ocorrência de fenômenos naturais podem ser várias, porém o homem está intensificando a freqüência das mesmas tornando o ambiente vulnerável a impactos cada vez mais devastadores, com desmatamento, queimadas e a queima de combustíveis fósseis.

Coincidentemente após o início do processo de queima de carvão mineral pela usina termelétrica Jorge Lacerda, em meados de 1965, no município de Tubarão, sul de Santa Catarina, ocorreu em 1974 a enchente com maior
número de mortes do país, pois só em Tubarão foram registrados 199 mortos, mas ocorreram mortes também na Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá e do Mampituba. Em 1983 ocorreu em Blumenau (Bacia do Itajaí) uma tão violenta quanto à de Tubarão com 49 mortes e prejuízos incalculáveis. Na noite de Natal de 1995, em questão de poucas horas, 29 pessoas perderam a vida por causa de uma trombada d’água nas encostas dos Aparados da Serra, na localidade rural de Figueira, Timbé do Sul, na Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá. Agora volta a ocorrer, talvez a mais violenta de todas, com quase 150 mortos e estragos incalculáveis na Bacia
do Itajaí.

As citadas bacias hidrográficas estão localizadas entre a Serra Geral e o Oceano Atlântico numa distância média de 40 a 60 KM de largura, enquanto que entre a Bacia do Itajaí e a do Mampituba deve haver aproximadamente 350 KM de distância em linha reta, sendo que no centro encontra-se a poderosa Jorge Lacerda com seus 856MW instalados emitindo gases dia e noite sem parar há 43 anos. Estes gases emitem CO² que contribuem com o aquecimento global e outros gases como NO² e SO² que causam a chuva ácida, como também podem causar evaporação quando encontram frentes frias.

Agora vejam o depoimento de um blumenauense no domingo do dia 23 durante o início da tempestade e depois leiam o alerta do cientista Ernani Sartori da UFP.

OBS. Óbvio que grandes enchentes ocorreram antes da instalação da Jorge Lacerda, como a de 1962 na Bacia do Mampituba, a de 1948 na Bacia do Araranguá e a de 1911, em Blumenau, na Bacia do Itajaí.
Tadeu Santos
----- Original Message -----
From: Clic
To: tkane@contato.net
Sent: Sunday, November 23, 2008 11:20 PM
Subject: Enchente em SC

Olhem so esse relato:
Agora são exatas 20,41 horas e desde as 19,37 chove torrencialmente em Blumenau, com uma intensidade inacreditável. O que já estivesse perigando, com a pancada de agorinha certamente deslizou grotões baixo.
Enchentes - estamos acostumados a sofrer, mas delúvio com tamanha concentração de água, nos meus quase 72 anos de vivente jamais vi, nem mesmo parecido. Parece-me sentir um cheiro de enxofre e ácido nítrico na água da chuva - o que seria isto?
E agora continua chovendo cântaros. Rádios locais todas fora do ar. Ouço grandes árvores - figueiras seculares desabarem com estrondo na floresta do morro fronteiro à minha casa -certamente o terreno deslizou.
Recuperar Blumenau, se ainda valer a pena, vai ser muito difícil - levará anos.
Não estou exagerando - é algo fantasticamente supra real - parece até ficção a força da correnteza nas valadas, ribeirões agora são rios e caminhos são cursos de correntes, todos com catadupas, cujo baraulho é ensurdecedor.
Que a NATUREZA se apiede de nós neste VALE DE LÁGRIMAS.
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Não sei até qdo. poderei dispor de energia elétrica e computador.
Fico por aqui.
Niels Deeke, em Bl'au

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Olá Tadeu

Este relato é tenebroso e fantástico ao mesmo tempo, pois apesar de tantos problemas, vê-se, porem, a perfeita comprovação das minhas teorias de que sao as termoelétricas (e em SC e RS apareceram muitas) que jogam no ar os elementos que provocam tais odores e catástrofes.
Tadeu envia o relato do Niels (talvez com o meu parágrafo abaixo junto) para toda a mídia, ela vai fazer censura, mas que fique sabendo que a vida da internet está atenta e talvez alguma deixe escapar alguma coisa. É importante enviar isso para toda a internet também.
Escrevi o texto abaixo e o publiquei em alguns jornais em 1996 e o artigo intitulado USINAS TERMOELÉTRICAS CAUSAM MUITOS DANOS AO AMBIENTE E AO PAÍS foi publicado em 2000 no site www.aondevamos.eng.br/verdade
"Além do problema da elevação da temperatura ambiente, a queima de combustíveis fósseis libera certos óxidos, como o NOx e o SO2, que por sua vez se transformam na atmosfera em poluentes secundários como o ácido nítrico e o ácido sulfúrico, ambos facilmente dissolvíveis em água. Os ácidos também podem se transformar em sais de enxofre e de nitrogênio e estes ácidos, então, podem se precipitar através da chuva (conhecida como chuva ácida), neblina ou neve. Os danos dessa chuva podem ser causados em florestas, plantações, lagos, peixes, prédios, água de abastecimento, carros, pessoas, etc, e, com o aumento da acidez da terra, os recursos de alimentação e produção diminuem".

Abraços e obrigado pelo e-mail

Sartori.
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PRIMEIRO ALERTA LANÇADO PELA ONGSN NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2008.

ESTADO DE EMERGÊNCIA CLIMÁTICA



Rogamos ao governo mais atenção à região sul de Santa Catarina e desafiamos as universidades sul brasileiras a elaborar um profundo estudo sobre a intensa ocorrência de fenômenos e adversidades climáticas, resultantes da mudança de clima, que historicamente ocorrem nesta planície, situada entre o oceano Atlântico e os Aparados da Serra Geral. Considerando todos os estudos científicos, pesquisas, catástrofes e o descongelamento de geleiras no ártico, ou seja, o despertar da humanidade para com a resposta da natureza as brutais agressões que o homem tem causado aos recursos naturais. Considerando que não são mais apenas os ambientalistas e ONGs que alertam para um possível caos ecológico, agora são renomados cientistas e a poderosa ONU, que anuncia problemas socioambientais como conflitos pelo uso da água e catástrofes ambientais. Agora é Al Gore, um dos homens mais influentes do mundo que abraça a causa ambiental e o Banco Mundial raciocina que é mais lucrativo deixar de produzir 1% do PIB mundial agora, do que amargar com 20% de prejuízo numa expectativa de 15 a 20 anos.
A região sul de SC, em 1974, foi surpreendida com uma das maiores enchentes do Brasil, senão a maior, pois vitimou mais de 250 pessoas, com prejuízos imensuráveis para o poder público e população. Outras enchentes causaram pânico, destruição e mortes como a da noite de Natal de 1995, que arrastou 29 pessoas para a morte, devido à intensidade da precipitação pluviométrica nas encostas dos Aparados da Serra Geral. (Depoimentos de colonos afirmam que o choque entre duas nuvens fez com que caíssem inteiras). Conforme dados da Defesa Civil de Araranguá, ocorreram cheias significativas no rio Araranguá também em 1998, 2000, 2002 e agora em 2008.
Na seqüência, ocorreram os tornados de 2005 e 2007, mais precisamente em Criciúma e Tubarão, provocando estragos consideráveis a população atingida. Mas o fenômeno que realmente surpreendeu foi o furacão Catarina no início da madrugada de 28 de Março de 2004, com uma violência indescritível em relação à ocorrência de ventos com chuva. Não precisamos aqui citar os dados do inédito ‘’Catarina’’, pois está na memória de todos e consta em todos sites relacionados à temática do clima.
O que nos preocupa também é a estranha coincidência de um fenômeno iniciar em alto mar do Rio de Janeiro vir ‘’escolher’’ em toda imensa costa do Atlântico Sul, a região do sul de Santa Catarina como epicentro, a que justamente mais emite CO² pela queima do carvão – o combustível fóssil responsável pelo desequilíbrio do efeito estufa, que resulta nas mudanças climáticas. Por sua vez a ocorrência do ciclone extra tropical na região sul de SC também assusta, já que o professor Ernani Sartori (Universidade Federal da Paraíba) defende a tese de que existe a tendência de ocorrência de fenômenos climáticos em regiões potencialmente emissoras de gases efeito estufa, como ocorre na região sul dos EUA, onde também existem muitas usinas termelétricas queimando combustíveis fosseis.
Os dados citados são comprobatórios e idôneos, quaisquer dúvidas consultem a Defesa Civil de Araranguá ou do Estado de Santa Catarina. Outros dados e informações podem ser obtidos no Departamento de Geociências da UFSC. Nos Blogs da ONG Sócios da Natureza constam muitas informações sobre os conflitos socioambientais e a poluição causada pela atividade carbonífera da região sul de Santa Catarina - uma das 14 áreas mais críticas do país de acordo com o decreto federal nº 85.206/80.

OBS. Em face da situação exposta não seria de decretar Estado de Emergência Climática?

Sócios da Natureza – ONG criada em 1980 para defender a natureza e uma melhor qualidade de vida para o sul de Santa Catarina, de forma estrita e comprovadamente voluntária.

sociosnatureza@contato.net
www.tadeusantos.blogspot.com / www.sociosdanatureza.blogspot.com
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As vítimas da tragédia, por Germano Woehl Junior *

Nunca, como agora, foi tão óbvio perceber o quanto Santa Catarina depende da natureza preservada para o seu desenvolvimento. Essa tragédia nada mais foi do que uma das conseqüências de avançarmos o sinal vermelho. A cada dia devastamos mais a mata atlântica, ignorando os limites da sustentabilidade.

Em pouco mais de uma década, esta é a segunda chuva intensa que atinge nosso Estado, derretendo montanhas inteiras e assoreando grandes extensões de vales com solos estéreis. O aguaceiro de 1995, na Serra Geral, que atingiu os municípios de Jacinto Machado, Timbé do Sul e Siderópolis, fez menos vítimas porque ocorreu numa região pouco habitada.

As vítimas decorrentes dessa exploração predatória dos recursos naturais e da ocupação inadequada dos morros e encostas com plantação e construção de casas não foram apenas as pessoas soterradas nos desmoronamentos. Mas também nossas crianças e quem ainda vai nascer. Elas herdarão esse território cada vez mais arrasado, sem opções de uso e tão perigoso quanto um campo minado até para passeios nos finais de semana.

Observem nas imagens dessa última tragédia quanta área de agricultura e solo foi perdida para sempre em Ilhota, Gaspar e Luís Alves. É exatamente isso que estamos deixando para as gerações futuras, que certamente não terão a quem recorrer para pedir socorro. Está aí a prova inequívoca de que a ocupação que estamos fazendo não é sustentável.

Registros do passado revelam que esse fenômeno de chuvas intensas é recorrente em nosso Estado, mas tem sido cada vez mais devastador em número de vítimas e prejuízos materiais à medida que avançamos com nossa ação predatória sobre as áreas preservadas, aniquilando com milhares de espécies de plantas e animais e acabando com os recursos hídricos. Só em Santa Catarina conseguimos destruir mais florestas nativas nas últimas décadas do que em toda a Europa em mais de dois mil anos. E, agora, assim como os europeus, estamos pagando um preço muito alto por isso.

A prosperidade de nosso Estado está fortemente ameaçada com essa rotina de catástrofes ambientais devastadoras. Tudo é conseqüência do fato de que cada geração entrega para a seguinte um meio ambiente mais arruinado do que encontrou. Já é hora de nossa geração começar a interromper esse processo cujo final será inevitavelmente o colapso.

Aprendemos muito com as tragédias dos últimos 150 de anos de ocupação cada vez mais intensa das planícies e dos morros recobertos de mata atlântica. Baseando-se nessa experiência acumulada, a sociedade brasileira criou leis ambientais, como o código florestal, justamente para evitar essas tragédias. Contudo, temos desrespeitado essas leis achando que são entraves para o desenvolvimento, quando, na verdade, foram feitas para salvar as nossas vidas e proporcionar as condições para o verdadeiro desenvolvimento sustentável.

Devemos fazer a lição de casa e tratar a natureza com respeito ou ficaremos a cada temporal pedindo socorro para o Brasil inteiro como se não tivéssemos culpa pelo castigo. Somos vítimas de nós mesmos. Podemos reconstruir nossas casas quantas vezes forem necessárias, mas a natureza, da qual nossas vidas dependem, não. A destruição é para sempre.

germano@ra-bugio.org.br
* Físico e ambientalista



Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade
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Um desastre acima de todas as previsões
Volume de chuva do final de novembro no Vale do Itajaí foi o segundo maior já registrado no Brasil

Os meses de outubro e novembro registraram o que os cientistas e pesquisadores em climatologia chamam de "evento anormal".

A se manter a lógica, um próximo desastre de proporções semelhantes só acontecerá daqui a 300 anos. Contra todas as previsões, em 61 dias do bimestre, 49 foram chuvosos.

Os morros encharcaram e, nos dias 22 e 23 de novembro, uma precipitação inacreditável castigou o Vale do Itajaí. Ribeirões transbordaram, o Rio Itajaí-Açu invadiu cidades e as encostas vieram abaixo.

Em dois dias, choveu 494,4 milímetros. Foi o segundo maior volume já registrado na história do Brasil, atrás apenas da cidade de Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo, onde choveu 580 milímetros nos dias 18 e 19 de março de 1967, causando mais de 120 mortes.

Até sexta-feira, a Defesa Civil contabilizava 126 mortos em Santa Catarina, sendo 107 no Vale do Itajaí. Em busca de explicações, pelo menos seis grupos de estudos já foram criados no Sul do país para entender o que houve e prevenir futuros desastres.

- Em julho, as previsões eram de que os meses de primavera seriam com chuvas amenas e, a partir de novembro, teríamos um período de seca. O que aconteceu foi o oposto - surpreende-se o professor de Física da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e meteorologista Dirceu Severo.

- O comportamento do mar e do oceano é muito importante para saber o que vai acontecer com o clima. Mas hoje se tem pouca ferramenta pra saber sobre a previsão climática. Não conseguimos enxergar com qualidade o que vai acontecer daqui a um mês. Aí, podem ocorrer furos - observa Leandro Puchalski, da Central RBS de Meteorologia.

Satélites detectaram pouca água nas nuvens

Na semana que antecedeu o sábado da tragédia, os satélites informavam que as nuvens estavam com pouco volume de água. Dia 22, quando 243,5 milímetros de chuva caíram sobre o Vale do Itajaí, a informação do satélite permanecia a mesma.

O meteorologista Marcelo Martins, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Ciram), explica:

- Das 8h às 12h de 22 de novembro choveu 100 milímetros, que era a previsão para o dia todo.

Os desastres naturais de Santa Catarina são tema de um atlas lançado em 2006 pelo governo do Estado. O documento registra e analisa os casos gerados por adversidades climáticas entre os anos de 1980 e 2003.

Inundações, estiagens e tornados estão catalogados no atlas organizado pela professora Maria Lúcia de Paula Herrmann, do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com a tragédia de novembro, ela adianta que o documento precisa ser atualizado.
Blumenau
Brilha, Santa Catarina
A chuva, durante o mês passado, foi a maior que já caiu sobre Blumenau e as cidades vizinhas em toda a história do Estado. Ela alagou ruas e derrubou morros sobre algumas casas. As pessoas que estudam o clima não conseguiram descobrir com antecedência que tanta água cairia do céu em tão pouco tempo.
Foi um fato triste, porque muita gente ficou sem ter onde morar e outras morreram. Agora, os cientistas vão se reunir para entender o que aconteceu e descobrir como evitar que a chuva novamente surpreenda as pessoas.
Fatores que contribuíram

AUSÊNCIA DE SINAIS TÍPICOS
Nos dias 21, 22 e 23 de novembro não houve registro de descargas elétricas, raios, trovões, granizo ou ventos fortes em Blumenau. Esses fenômenos são característicos de nuvens carregadas de umidade e poderiam indicar que haveria enxurrada e enchente no Vale do Itajaí
Muita chuva
Nas últimas quatro décadas, o volume de chuvas em Blumenau aumentou 160 milímetros por ano. É como se tivéssemos ganho um mês a mais de chuvas. Em outubro e novembro deste ano, choveu em 49 dias sobre o Vale do Itajaí. Nos dias 22 e 23 do mês passado choveu mais que o dobro da média histórica mensal. A terra, já encharcada, não suportou tanta água em tão pouco tempo
VENTOS
A constância de ventos vindos do Oceano Atlântico deixou o Vale do Itajaí com maior carga de umidade e frente fria. As nuvens carregadas de chuva estacionaram sobre a região
DESMATAMENTO
A ocupação de encostas e a retirada de plantas e árvores nativas desestabilizaram o solo dos morros. Se a vegetação nativa é mantida, a sustentação dessas áreas é maior. Plantação de pinus e bananeiras nas encostas desfavorecem a absorção da água da chuva que encharcou o solo, facilitando os deslizamentos
SOLO
Na região do Morro do Baú, onde ocorreram mais mortes por soterramento, o tipo de formação da rocha contribuiu para os deslizamentos. Lá, a rocha se degrada facilmente. Com as chuvas intensas, a espessa camada de solo sobre a rocha nas encostas contribuiu para os deslizamentos
AQUECIMENTO GLOBAL
Os cientistas são céticos quanto à influência do aquecimento global sobre a tragédia ocorrida no Vale. Para eles, ainda é cedo para relacionar os assuntos
MARÉS
Sábado, enquanto Blumenau registrava a segunda maior incidência de chuva da história do país, as praias sofreram o efeito de três fenômenos simultâneos, relacionados a marés. Essa coincidência foi responsável por represar água na foz do Rio Itajaí-Açu, em Itajaí. Além de provocar enchente no Litoral, aumentou o nível de água nos afluentes, impedindo o escoamento de água nos municípios de Brusque, Ilhota, Gaspar, Luiz Alves e Blumenau
Maré meteorológica - fenômeno que ocorre com a variação da pressão atmosférica e a troca constante de umidade entre vento e oceano, causando níveis mais baixos ou mais altos da maré. Nesse caso, foram registrados níveis mais altos
Maré astronômica - são os movimentos de subida e descida das marés, causados pela ação gravitacional da Lua e do Sol. Produziu um nível do mar acima do normal para o período
Maré de Sizígia - ocorre a cada 15 dias, entre a Lua Cheia e a Lua Nova. Caracteriza-se por elevar as marés altas ou diminuir as marés baixas. Dia 22, a maré alta foi elevada
Fontes: Antonio Carlos Beaumord, coordenador do Laboratório de Estudo do Impacto Ambiental do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da Univali; Marcelo Diniz Vitorino, engenheiro florestal e coordenador do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) da Furb; Luis Fernando Pedroso Sales, engenheiro civil, mestre em Geotecnia e integrante da
Associação Brasileira de Mecânica dos Solos.
Para entender a catástrofe

Pelo menos seis grupos de estudo já foram criados para analisar o efeito devastador da chuva de novembro sobre o Vale do Itajaí:
Grupo Técnico Científico: criado pelo Estado para identificar as causas do desastre em Santa Catarina e propor medidas preventivas que orientem políticas públicas. O grupo será oficialmente lançado quarta-feira, em Blumenau. Fazem parte: Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável, UFSC, Unisul, Univille, Furb, Udesc e Univali. A coordenação técnica caberá a Hugo José Braga, da Epagri/Ciram, e Zenório Piana, diretor de Pesquisa Agropecuária e Meio Ambiente da Fapesc
Estudo de Mudanças Climáticas no Sul do país: os objetivos são elaborar cenários de mudanças climáticas, estudar impactos, avaliar os regimes hídricos em bacias hidrográficas com diferentes ocupações do solo e desenvolver sistema de classificação de origem e tipo de vórtices ciclônicos. A Furb vai coordenar os pesquisadores de oito instituições do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Brasília
Instituto de Geologia: se foi aprovado pela Câmara de Vereadores de Blumenau, o instituto vai estudar as características do interior e da superfície dos solos, entender problemas ambientais e estabelecer critérios para evitar que tragédias como a de novembro se repitam
Centro de Operação do Sistema de Alerta da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu (Ceops): tem como atribuições diagnosticar a previsão do tempo, monitorar os níveis do Itajaí-Açu, elaborar laudos técnicos e estudos dos sistemas meteorológicos que atuam no Sul do Brasil. O corpo técnico do Ceops, ligado à Furb, está produzindo artigos científicos baseados na tragédia. Ainda não há data para publicação
Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar/Univali): pesquisa fenômenos climáticos, a vida dos animais e saúde da terra na nossa região. No centro funciona o Laboratório de Estudo do Impacto Ambiental, que também se dedica a entender as conseqüências da chuva de novembro sobre o Vale do Itajaí
Grupo de técnicos e geólogos da UFSC: estão analisando os motivos que levaram aos deslizamentos na localidade do Morro do Baú, em Ilhota. Participam também técnicos de São Paulo e da Univali, de Itajaí
diario.com.br
Veja o atlas sobre fenômenos climáticos em Santa Catarina




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TRAGÉDIA BLUMENAU VALE DO ITAJAÍ

Relato de uma vítima da região do Belchior
NÃO MERECEMOS ESTE TRATAMENTO!

Vamos encaminhar este relato para o maior número de pessoas, é uma forma de chegar ao conhecimento de nossas autoridades. Na minha opinião a axplosão do gasoduto não mexeu só com o Belchior e sim com toda a região inclusive Blumenau.

Quem vai pagar a conta agora? O POVO OU OS DONOS DA EXPLORAÇÃO DO GÁS NO BRASIL!

Não me surpreende a não divulgação dos responsáveis, existe muito interesse financeiro, que há muito tempo é mais valorizado que as vidas humanas.

É MAIS FÁCIL COLOCAR A CULPA NA NATUREZA E DEIXAR O POVO EM UMA SITUAÇÃO DE HUMILHAÇÃO SEM SUAS CASAS.

Resido no bairro Belchior Alto que está extremamente destruído. Foi atingido por uma enchente e desmoronamentos na madrugada de sábado dia 22 de novembro.

Infelizmente na madrugada de domingo, com o bairro isolado sem telefone para pedir socorro a desgraça foi muito pior. A enchente e os desmoronamentos vieram com força maior. Lugares que nunca pegaram enchente estavam com correnteza forte, a água tomou conta de tudo. Fendas enormes se abriram nas estradas, morros desabando, muros das casas, creche e escola levados pela força da água, árvores caindo em construções, destruição total. Uma grande desgraça. Neste meio tempo acontecia a explosão do gasoduto.

Na madrugada de sexta para sábado houve uma explosão do gasoduto em um trecho da Br 470 em Gaspar, que vi no noticiário.

Mas parece que isso não foi o bastante para averiguarem a situação do gasoduto da região. Pois uma outra explosão muito maior começou às 21:10 horas de domingo dia 23 quando a noite virou dia, a 10 km de distância se via um clarão gigantesco que se abriu no céu, seguido de um barulho de explosão que apenas as 12:30 começou a diminuir e só terminou as 4 horas da madrugada do dia 24. As casas que estavam a 10 km de distância sentiam a terra tremer conforme a explosão acontecia. Era muito assustador. A explosão aconteceu de 2 a 3 km de distância do parque aquático recanto verde onde as pessoas que residiam ali perto não tinham onde se refugiar, estavam isolados sem estrada, então saiam de casa e ficavam na chuva para se refrescar pois o calor era muito grande. Segundo relatos o gás sufocava-os.

A explosão mexeu com os morros das redondezas já frágeis pela quantidade de água já sugada. Com certeza isto proporcionou as desgraças, desabamentos de morros, mortes, desaparecimento de pessoas... Como aconteceu no Baú, Arraial, Rua Nova Biguaçú no Belchior...

Acredito que o número de mortos é muito superior ao que estão divulgando. Em vários lugares aqui perto sabemos de corpos achados já velados e não divulgados.

Gostaria que pelo menos ao invés de reconstruírem tão precipitadamente este gasoduto, que salvem estas pessoas feridas em hospitais que precisam de ajuda. Sejam as isoladas, em perigo ainda, ou aquelas quebradas em hospitais esperando serem atendidas. Um exemplo é o hospital de Itajaí que dia 27 quinta feira quando meu tio falou com um de seus funcionários que relatou sua situação. O hospital estava sem água, a sala de cirurgias não estava funcionando, com várias pessoas esperando serem atendidas.

O funcionário Nildo do Beneficiamento de Arroz Belchior, relatou desolado sua situação, estava no hospital de Itajaí com uma perna fraturada em dois pontos e a outra trincada. Ele conseguiu sair de casa se arrastando com seu filho e sua mulher Tânia, sua sogra não conseguiu se salvar ficou na casa destruída pelo desmoronamento.

Não entendo, depois dessa explosão gigantesca que causou este gasoduto, ainda estão reconstruindo... Sendo que já fez uma destruição gigantesca. É uma ameaça ao povo da região. Não sabemos em que ponto ele pode explodir novamente.

Peço encarecidamente que percebam a gravidade desta situação. Nenhum noticiário está divulgando detalhes e motivo real desta explosão.

Isso não pode continuar!

Sds Jucélio Simão


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07.12.08
segunda parte - DESLISAMENTOS POR QUE ACONTECEM
categorias: EDUCAÇÃO AMBIENTAL
continuação DESLISAMENTOS POR QUE ACONTECEM
A EPAGRI continua anunciando o tempo em SC. Nos noticiarios de TV em SC informa a temperatura e as chuvas sem grande precisão. Mas não faz nenhuma referencia sobre o indice de enxarcamento do solo nos municipios que estão dentro dos vales na região litoranea que esta carregando seus solos de maneira preocupante.

Tambem não informa a partir de Outubro de 2008, a situação da umidade do solo agricola do Oeste Catarinense onde a estiagem ocorre sintomatica ha 5 anos, suspeitando-se de um fenomeno ligado às mudancas do clima.

Em outubro de 2008, a situação deveria preocupar o Governo de Luiz Henrique. Mas viaja muito. Esta sempre preocupado em mudar a Leis ambientais de SC - tentando flexibilizá-las. Quer um codigo florestal bem ao gosto dele, para entrar nos rios, manguezais, restingas e impedir reservas de Fauna e Parque biologicos. Tem alegado fossiferendo que são instrumentos legais que "só atrapalham" os seus bilionarios planos desse governador viajante e amigo de empresas estrangeiras, como tambem amigo da cultura estrangeira (Balet Bolshoy) entre outros apetites e negócios que pouco tem a ver com o povo de SC.

Sabe-se que o mar está mais aquecido ( informação que tambem a EPAGRI do Clima nunca informa) o que provoca evaporação além do normal. Ferve como um chaleira ao fogo. Isto faz com que a atmosfera recebesse bilhões de metros cúbicos de água a cada instante subindo do mar.

Uma grande massa de atmosfera estacionada a meses sobre o litoral catarinse norte, promove a ocorrencia de chuvas sem trovões, sem ventos fortes, chuva fina que vai engrossando e se torna tromba d'água.

As lestadas, que são correntes atmosfericas que sopram do leste para o Litoral, vão se prolongando de forma irritante. O sol não aparece mais.

A agricultura passa a ter grandes baixas pela falta de calor, sol e água em excesso.

Estamos na ultima semana de Novembro de 2008.

ACONTECE O PIOR DAS CATASTROFES



Junto com as águas que fazem os rios sair das caixas e alagar os fundos de vale, vem árvores, casas desabadas, barro, muita lama que vão engrossando e erodindo tudo o que encontram pela frente.

Continua chovendo, mujito além das estatísticas dos últimos 100 anos.

A contabilidade de flagelados ambientais desta vez é muito grave. Gravíssima. Agoram além das enchentes, o pior aconteceu.

Casas alagadas, depois que as águas baixam, são lavadas, pintadas, moveis novos são comprados e aos poucos tudo volta ao normal.

Mas desta vez, foi como num terremoto categoria 6. As encostas derreteram e trouxeram tudo com o barro, águas, canos, tubulações de gas da Bolivia, gado animais domesticos, pessoas - familias inteiras desaparecidas.

Lama movediça impede a Defesa Civil de fazer socorro. Não ha mais estradas. As casas sumiram. Os rios mudaram de lugar. Carros, tratores e caminhões, além de pequenas industrias, desapareceram .......

O cáos foi e esta sendo significativo, de modo especial os amigos do partido do GOVERNADOR Luiz subestimaram a situação de campo, que foi tão somente mostrada pela imprensa, pois a incompetencia do Governo de SC foi total e vergonhosa.

As pessoas que perderam casas, roubas, familias, fabricas, local de trabalho, passam fome e irão penar por muitos meses nas mãos do Luiz.

O que o Luiz anda preocupado é com as verbas que virão de todos os quadrantes do País e do Planeta.

O que preocupa os flagelados ambientais é com o destino desse gigantesco dinheiro. Se com licitações controladas pelos agentes do MP, TC entre outros, ainda escapava uma montanha, imaginem, com decretação de calamidade publica náo haverá controle algum.

Esse dinheiro não chegará aos flagelados ambientais, pois a bossalidade hegemonica do imperador uma semana depois do desastre ambiental ter completado 7 dias, a Defesa Civil ( policia militar de SC) informa que náo querem mais alimentos, roupas e água. Náo sabem mais o que fazer com a generosidade e solidariedade do povo brasileiro. Disseram para o mundo que os 5 postos de arrecadação estavam cheios.

O BRASIL tremeu.........................

Senhor meu Deus, o que andam fazendo as autoridades catarinenses?

Os descaminhos, a insensatez, a falta de compromisso com o povo fez e continuará fazendo mais vitimas que as provocadas pelos deslizamentos.

Continuem assistindo esse filme, que ainda não acabou.




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deslisamentos - por que acontecem
categorias: EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Vamos mostrar aqui como aconteceram os deslisamentos em SC

Assim estavamos em Julho de 2008. O veranico de maio - que geralmente ocorre em SC, não aconteceu. Continua chvendo - de vez em quando - o que vai enxaracando o solo.
A EPAGRI, entidade que divulga e pesquisa o tempo em SC, nunca oferece o teor de umidade do solo e do nivel de agua depositado nas copas das árvres dentro das bromelias. Não tem esse cuidado.

Estamos em agosto. Continuava chovendo..... O solo começa o seu processo de saturamento. A EPAGRI, não tem o costume e a técnica de medir a umidade do solo catarinense menos ainda nas encostas.
E não informa de jeito algum o índice de saturamento por água dos solos nas regiões de pendentes ingremes, sujeitas a deslisamentos. Não o faz, apesar de acontecimentos registrados em diversas regiões montanhosas em SC em decadas anteriores. Insiste em não aprender as lições.
A EPARGI tambem não comunica ao agronegócio de SC menos ainda às defesas civis da cidades com áreas de risco de deslisamentos, os índice de enxarcamento do solo.
A EPAGRI não informa sobre o nivel do Lenços freático nas regiões do Estados. O Governo foi beneficiado com generosas verbas do MICRO BACIAS II, uma renovação de remessa de revuros generosos enviados por paises preocupados com a gestão de bacias. Estão trabalhando nesse que é o maior programa brasileiro de micro bacias, mais de 700 engenheiros agronomos e tecnicos agricolas e florestais.
CONTINUA CHOVENDO EM AGOSTO,
SETEMBRO, OUTUBRO E NOVEMRO DE 2008.

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06.12.08
APOIO A OBRAS PREVENTIVAS DE DESASTRES -
categorias: EDUCAÇÃO AMBIENTAL
APOIO A OBRAS PREVENTIVAS DE DESASTRES -
Atuação preventiva, anterior à ocorrência do desastre

FUNCIONAL PROGRAMÁTICA: 1027.8348

Finalidade: Implementação de obras preventivas para reduzir e/ou minimizar perdas e danos provocados por processos erosivos, deslizamentos, inundações, enchentes, estiagens e demais desastres.

Esta ação NÃO VISA ATENDER a necessidade de INFRA-ESTRUTURA INEXISTENTE, a não ser que a mesma, comprovadamente localizada em área de risco, seja condição para se evitar a ocorrência de desastre.
A implementação desta ação contribuirá para reduzir as perdas provocadas pela ocorrência dos desastres naturais, antropogênicos e mistos, minimizando a insegurança e vulnerabilidade das comunidades locais.

O QUE PODE SER FEITO?
Com os recursos desta ação podem ser realizadas obras preventivas relacionadas com a implementação de:

Açudes;
Pequenas Barragens;
Cisternas de Placa;
Sistema de Abastecimento de Água;
Perfuração de Poço Artesiano e Semi-Artesiano;
Cais de Proteção / Contenção;
Retificação e Canalização de Rios e Córregos;
Dissipador de Energia;
Rede de Drenagem Profunda com Pavimentação;
Passagem Molhada;
Pontes (em locais onde sejam necessárias para prevenir desastres e/ou para substituir as existentes que apresentem riscos à incolumidade das pessoas e veículos) de [Concreto / Metálica / mistas: Concreto – Metálica / Concreto (infra e meso-estrutura) – Madeira (superestrutura: laje) / Metálica (infra e meso-estrutura) – Madeira (superestrutura: laje)];
Passarelas;
Bueiros;
Muros de Arrimos;
Sistemas de Contenção em Encostas, Retaludamento;
Proteção Superficial com Materiais Naturais e Artificiais;
Barreiras Vegetais, dentre Outros;
Realização de Obras para Relocação de Famílias (baixa-renda) que vivem em situação de risco de desastre, dentre Outras.
RESTABELECIMENTO DA NORMALIDADE NO CENÁRIO DE DESASTRES - Atuação após a ocorrência do desastre

FUNCIONAL PROGRAMÁTICA: 1029.4570

Finalidade: Promover a reabilitação de áreas atingidas por desastres naturais e antropogênicos de evolução crônica ou gradual, tais como: seca, estiagem, deslizamento, granizo, inundações, enchentes, etc, reconhecidos como situação de emergência ou estado de calamidade pública, quando comprovadas esses danos por meio de formulário de avaliação de danos por órgãos federais, estaduais e municipais.


Esta ação destina-se ao atendimento da população com a implantação de infra-estrutura urbana e rural objetivando atender famílias de baixa-renda, com a reconstrução e recuperação da infra-estrutura danificada ou destruída por desastre ou sem condições de segurança em conseqüência do desastre e ao atendimento de famílias de baixa-renda com a reconstrução e recuperação de unidades habitacionais no mesmo local ou a construção de casas fora de área de risco. Portanto, NÃO VISA ATENDER a reconstrução de edificações avariadas por outras causas, suprir déficit habitacional, promover a melhoria habitacional, reformar e ampliar ou ainda construir unidade sanitária domiciliar.

O QUE PODE SER FEITO?
Com os recursos desta ação podem ser realizadas obras de:

RECUPERAÇÃO/RECONSTRUÇÃO/AMPLIAÇÃO/IMPLANTAÇÃO de infra-estrutura afetada por desastres: Açudes, Pequenas Barragens, Cisternas de Placa, Sistema de Abastecimento de Água, Poço Semi-Artesiano, e demais obras, instalações, equipamentos e materiais permanentes que visem normalizar a situação do desastre;
Reconstrução / Recuperação de Infra-estrutura Pública {pontes [Concreto / Metálica / mistas: Concreto – Metálica / Concreto (infra e meso-estrutura) – Madeira (superestrutura: laje) / Metálica (infra e meso-estrutura) – Madeira (superestrutura: laje)], passarelas, passagens molhadas, bueiros e pavimentação};
Reconstrução / Recuperação de Poço Artesiano e Semi-Artesiano;
Reconstrução / Recuperação de Cais de Proteção / Contenção;
Reconstrução / Recuperação de Canalização de Rios e Córregos;
Reconstrução / Recuperação de Açude;
Reconstrução / Recuperação de Pequenas Barragens;
Reconstrução / Recuperação de Dissipador Energia;
Reconstrução / Recuperação de Rede de Drenagem Profunda com Pavimentação;
Reconstrução de Muro de Arrimo;
Reconstrução de Sistemas de Contenção em Encostas,
Recuperação de Estradas Vicinais (de acordo com a Nota Técnica nº 034/2008 – Setor de Engenharia – DRR/SEDEC);
Reconstrução / Recuperação de Prédios Públicos e Comunitários (escolas, hospitais, creches públicas) danificados/destruídos por desastres;
Reconstrução / Recuperação de Casas para Famílias de Baixa-renda (renda familiar até dois salários mínimos) que foram danificadas por desastre.

• criado por gert roland fischer
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AÇÕES PREVENTIVAS DE CATASTROFES FUTURAS.
categorias: AÇÕES PREVENTIVAS
http://www.defesacivil.gov.br/recursos/acoes_comuns.asp
Os governos estaduais tem uma ampla escolha de recurso e de procedimentos para promover preventivamente projetos que diminuam os impactos de enhentes, deslizalmentos, perda de pontes, secas prolongadas, incendios, tornados, granizos, trombas de água, entre outros.
Essas verbas não interessam aos prefeitos por que não facilitam licitações superfaturadas e o controle sobre os dinheiros disponibilizados pelos contribuintes é muito ético.
Dai o interesse é por verbas de CALAMIDADE PUBLICA, que podem ser usadas em emergencias, tudo sem licitação, sem controles, na maior orgia de usos para amigos e amigos dos partidos de sustentação.
Por que os prefeitos não querem proceder projetos preventivos ?
Voce saberia responder ?Tenho certeza que sim.
Vou aguardar dos brasileiros que tanto reclamam, alguma sugestão na area de cometarios dessa informação.
Duvido que voce se exponha e ofereça uma opinião, descendo do muro.
Gert Roland Fischer
Presidente da APREMA-SC




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05.12.08
PREFEITURA AMPLIA OBRA DE DRENAGEM
categorias: NOTICIAS
PREFEITURA AMPLIA OBRA DE DRENAGEM


A obra de drenagem da área central de Guaramirim, que passa sob a BR -280, está sendo ampliada passando pelo Pátio do Posto Guaramirim, até o Rio Itapocu. Até então a água era represada em uma galeria nas proximidades. O objetivo é evitar os alagamentos que foram registrados nas recentes enchentes de Santa Catarina. Estão sendo instalados tubos de 1 metro e meio de diâmetro, numa extensão de 110 metros, fazendo a ligação com o rio e o objetivo é concluir o trabalho ainda nesta semana. O prefeito Mário Sérgio Peixer informa que foram realizadas inúmeras obras de drenagens nos últimos anos, porém enfatiza a peculiar condição da área central da cidade, que dificulta o escoamento das águas por estar localizada em nível abaixo da BR 280 de um lado e as montanhas do outro.


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Um depoimento incrível
Escrito por Paulo Roberto Bornhofen-Major da Polícia Militar de Santa Catarina e escritor.
O cenário estava se armando. Quase quatro meses de chuvas. O solo estava encharcado, o rio, o famoso Itajaí-Açu, ganhava volume e tentava fugir de sua calha. O final de semana apenas começara, era sábado. Pela manhã, fui participar da Conferência Municipal de Cultura. Em meio a discussões sobre a cultura, um único assunto ganhava unanimidade, a chuva.Quando voltei, no período da tarde, para o encerramento dos trabalhos, fui informado de que a conferência estava suspensa. O prefeito havia decretado estado de emergência. Voltei para casa e no caminho pude notar que as pessoas andavam apressadas, preocupadas. Cheguei a casa e fui deitar. O barulho da chuva, que caía de forma torrencial, acordou-me. Fui até a cozinha e comecei a saborear uma castanha, quando pela janela da área de serviço notei o trânsito parado e sobre a pista da estrada havia uma lâmina de água barrenta, vermelha. A cidade começava a sangrar e eu não percebera. Fui até a sala, para olhar pela sacada, quando o trânsito parado na via que sai do Parque Vila Germânica chamou minha atenção. Quando cheguei à sacada a surpresa chocou. A rua em frente ao meu condomínio estava tomada pelas águas. Os carros passavam de forma cuidadosa. A água começava tomar a entrada do condomínio. De súbito, corri e acordei minha esposa. Liguei para o COPOM para saber da situação e fui informado de que o Comandante do Batalhão estava presente. Liguei para ele e ouvi a sentença: "o plano de chamada está sendo ativado e és o primeiro a ser chamado!". Já havia passado por esta situação antes, em meus 24 anos de serviço policial militar, dos quais 90% servidos em Blumenau; era a minha 5ª enchente.Rapidamente preparei uma mochila, com alguns itens básicos, como o material de higiene, meias e cuecas. O fardamento eu guardo no quartel. Moro perto do Quartel do meu Batalhão e, pela experiência, sabia que não devia ir de carro. O Quartel pega água e sempre que Blumenau sofre com uma enchente, a casa da Polícia Militar é uma das primeiras a ser atingida. Não conseguia encontrar caminho para o quartel, estava tudo alagado. Liguei novamente para o Comandante, solicitando uma viatura.Fui socorrido por uma de nossas viaturas do tipo camionete e no retorno ao quartel fomos parados por um grupo de pessoas que pedia auxílio para uma mãe com uma criança de 18 dias. Eram evangélicos que estavam participando de um encontro no Parque Vila Germânica, encontro este que também havia sido cancelado. Diante da situação, coloquei a mãe, com a criança nos braços, e mais uma senhora na viatura e partimos para a sua casa. Ele nos informou que morava na Rua José Reuter, no Ristow. O caminho foi longo. O cenário já era preocupante. Muitos alagamentos e deslizamentos pela via davam uma pequena mostra do que viria. A cidade não apenas sangrava, mas em alguns lugares ela já deixava sua carne à mostra. A cidade começava a mostrar suas entranhas, mas eu não percebia, não só eu, acho que até aquele momento ninguém percebia. Quando chegamos à rua indicada, a senhora pediu-me que a deixasse antes de sua casa, que era em um morro, pois se parássemos em frente, ela não conseguiria sair, já que a viatura era muito alta. Lembro que ela ainda apontou para a sua casa e disse: - é lá que eu moro. Hora mais tarde, aquela região foi uma das mais castigadas da cidade, com a destruição de inúmeras casas pelo deslizamento de terra e muita gente morreu. Quando cheguei ao quartel, me reuni com o Comandante e adotamos algumas medidas visando proteger o patrimônio. Por volta das 22:00h fomos dispensados. As previsões não apontavam para cheias. Confesso que fiquei feliz em voltar para casa. Fui a pé. As águas já haviam baixado e não encontrei nenhuma área alagada. Era uma trégua diabólica, apenas para transmitir uma falsa sensação de segurança. Uma pausa para o pior. Blumenau e todo o Vale seriam tomados pelo terror. Silenciosamente a cidade era tomada por forças de proporções catastróficas. A cidade que aprendera a conviver com as seguidas cheias do rio não estava preparado para o que a aguardava. De forma sistemática e cruel, e natureza iria revelar toda a sua ira. A enchente teria companhia. Como que em uma bizarra aventura épica, um monstro com três corpos iria atacar o vale. A população seria acuada, judiada, massacrada. Os morros, que em épocas passadas eram o refúgio para as cheias, haviam se transformado em mortais armadilhas. Deslizamentos iriam tirar a vida de mais de uma centena de aterrorizados moradores do Vale.Mas não no Domingo durante o dia. Novamente as águas recuaram. Nós voltamos ao quartel, havia sido chamado, novamente às 02:00h, em plena madrugada. Podemos dizer que o Domingo foi ameno durante o dia. Quando a noite se aproximou, nos preparamos para ficar ilhados no prédio do COPOM. Continuamente, as águas foram subindo. Não como nas enchentes que a cidade já havia testemunhado. O volume de água foi demasiado para um solo já castigado e ensopado por quase quatro meses de chuva. A enchente seria precedida de alagamentos. Lugares que tradicionalmente eram atingidos com determinadas cotas do rio, simplesmente ficaram embaixo d'água, independente da cota. Assim, de forma sorrateira, com total vilania, as águas pegaram os moradores de surpresa. É tradição que se adote determinada medida em função das cotas. Esta tradição foi destruída, desmoralizada, não serve mais para nada. De agora em diante, quem se guiar pelas cotas estará placidamente esperando a morte chegar e não, como no passado, estará em estado de alerta para enfrentar, e vencer como tantas vezes já ocorreu, com a bravura (a bravura que moldou a multicolorida Blumenau) indômita dos orgulhosos blumenauenses, mais uma enchente. Triste ilusão que cega os sofridos bravos!Com a chegada da noite nos instalamos no COPOM. Os telefones de emergência não paravam, assim com as águas do Ribeirão da Velha, que perigosamente passam e míseros metros dos fundos do aquartelamento. Sem pedir licença, e muito menos encontrar resistências, as águas foram tomando o quartel. Rapidamente uma furiosa lâmina tomou conta de todo o pátio. O Ribeirão da Velha, ardilosamente se apoderou do nosso quartel e lançou um braço que cortou caminho para evitar uma curva que contorna os fundos do mesmo. Agora, tínhamos as águas do Ribeirão, e sua astuta correnteza, nos cercando.Pelo telefone, a comunidade continuava com seu grito de socorro. À medida que a noite avançava, o desespero aumentava, refletido nos ininterruptos chamados ao telefone 190. A cada telefonema, uma história de horror e desgraça nos alcançava. Pelo rádio, o que os policiais militares, homens e mulheres reportavam não era menos estarrecedor. Desmoronamentos, alagamentos, chuva torrencial e o rio, que fazia valer a sua qualificação de "Açu", que em Guarani significa grande. O Itajaí-Açu alargava suas margens e engolia a cidade, engolia o vale. O COPOM se viu envolto em um medonho frenesi. Dividíamos o espaço com os funcionários do SAMU, para alguns deles, a primeira experiência em catástrofes. Rapidamente a situação na cidade se deteriorou e o caos se instalou. Os deslizamentos não paravam. Morte e destruição em cada telefonema. Patrimônios, sonhos e vidas eram levados pelas avalanches de terra. Não demorou muito para que nossas viaturas se vissem sitiadas, suas rotas estavam bloqueadas, idem para as viaturas do SAMU. O socorro não circulava mais. Não chegava e quando chegava não saía. Estávamos vivendo algo inédito. Nunca antes tínhamos enfrentado situação parecida. Era uma guerra contra um inimigo astucioso, mas covarde. Batalhas eclodiam em todos os cantos da cidade na forma de deslizamentos, que produziam baixas e mais baixas entre os moradores. A luta era inglória. O número de vítimas ganhava corpo de forma assustadora. Começamos a receber toda a carga da fúria da natureza. A cidade era atacada por todos os lados. Uma força descomunal a estava devorando, literalmente. Já não eram mais sinais, era todo o furor em seu esplendor máximo; a cidade estava com suas entranhas expostas. Entranhas famintas, que afloravam para o banquete diabólico. A terra dos morros se liquefazia e descia a encosta levando anos de trabalho duro, de sonhos, de projetos, de patrimônio duramente conquistado, de vidas, vidas e mais vidas. Entre as solicitações de ajuda, uma veio da Rua José Reuter, no Ristow, dando conta de que cerca de quinze casas haviam desmoronado como que em um efeito dominó, em que as pedras do jogo são casas, são vidas. Será que aquela mãe com seu bebê de dezoito dias foram atingidos? Passados dez dias daquela noite, ainda não sei. Falta-me coragem para retornar e saber daquelas pessoas. Acho que prefiro não saber. Uma contabilização macabra foi desenvolvida no COPOM. Tentávamos imaginar a quantidade de mortos, com base nas súplicas, nos pedidos desesperados por socorro que nos chegavam. Isso na Polícia Militar; e no Corpo de Bombeiros? Nem dava para imaginar.Já havíamos perdido a energia elétrica e usávamos o sistema de suporte para emergência, um conjunto de baterias administradas por um software. Aos poucos este sistema foi falhando. Os computadores apagaram. Fazia horas que estávamos à luz de velas. Apenas o rádio e telefone 190 funcionavam. Não tínhamos mais como fazer os registros. O sistema rádio, que é ligado aos computadores foi perdido junto com eles; conseguíamos operar apenas através de um rádio tipo HT (aqueles rádios que os policias usam na cintura). Todo o sistema de segurança da cidade, ligado à manutenção da ordem pública, dependia de uma mísera bateria de HT, e quando ela acabasse...Em meio ao caos que assolava a cidade e se refletia em cada policial ilhado naquela sala, um soldado se aproxima de mim e com os olhos arregalados diz: "Major estão morrendo lá fora e não podemos fazer nada!" Simplesmente assenti com a cabeça. No pátio do quartel, aquela lâmina de água agora já tinha mais de um metro de espessura e era varrida por uma forte correnteza. Pensei comigo: se este prédio resistir e não desabar, podemos dizer que temos sorte. Passados alguns instantes, perdemos o telefone 190. Todo o sistema caiu, e a bateria do HT resistia bravamente. Aos poucos, fomos percebendo o silêncio e como que um alívio tomou conta do ambiente. As más notícias não paravam de chegar, só que agora em menor número, apenas pela comunicação com as viaturas. Fomos informados de que um gasoduto explodira em Gaspar. Qual o tamanho da destruição? Havia mortos? Quantos? Apenas especulações. Aquela noite de terror estava longe de terminar. Pela janela do COPOM podíamos enxergar por detrás dos morros a claridade do incêndio no gasoduto. Diante de nós, uma paisagem diabólica ganhou forma. A claridade do incêndio era como que um pôr do sol, ou uma lua cheia a iluminar a morte e a destruição que se abatia sobre a cidade, que alagada desmoronava sob o seu próprio peso. Terra, água e fogo estavam juntos, unidos contra os habitantes do vale. Desta forma, a primeira noite foi vencida e chegou o dia. O primeiro de uma seqüência de dias macabros. Dias que mostraram toda a nossa impotência e incompetência diante da fúria grotesca da natureza, que, sem pedir licença, foi devorando o que encontrava pela frente. Dias que mostraram, também, como a nossa arrogância pode potencializar as forças da natureza quando esta simplesmente resolve seguir seu curso normal. Mas, ainda não tínhamos conhecido o verdadeiro drama, o tamanho da tragédia. Era só o começo!

Paulo Roberto BornhofenMajor da Polícia Militar de Santa Catarina e escritor.Membro da Academia de Letras Blumenauense,da Academia de Letras de Canelinha e da Sociedade Escritores de Blumenau.


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COLOQUEMOS A MÃO NA CONSCIÊNCIA.

Por favor leiam e divulguem:


Criação do código ambiental catarinense: uma reflexão sobre as enchentes e os deslizamentos
As imagens de morros caindo, de desespero e morte, de casas, animais e automóveis sendo tragados por lama e água, vivenciadas por centenas de milhares de pessoas no Vale do Itajaí e Litoral Norte Catarinense nos últimos dias, são distintas, e muito mais graves, das experiências de enchentes que temos na memória, de 1983 e 1984.
Por que tudo aconteceu de forma tão diferente e tão trágica? Será que a culpa foi só da chuva, como citam as manchetes? Nossa intenção não é apontar culpados, mas mencionar alguns fatos para reflexão, para tentar encaminhar soluções mais sábias e duradouras, e evitar mais e maiores problemas futuros.
Houve muita chuva sim. No médio vale do Itajaí ocorreu mais que o dobro da quantidade de chuva que causou a enchente de agosto de 1984. Aquela enchente foi causada por 200 mm de chuva em todo o Vale do Itajaí. Agora, em dois dias foram registrados 500 mm de precipitação, ou seja, 500 litros por metro quadrado, mas somente no Médio Vale e no Litoral. A quantidade de chuva de fato impressiona. Segundo especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a floresta amazônica é a principal fonte de precipitações de grande parte do continente e tudo o que acontecer com ela modificará de maneira decisiva o clima no Sul e no norte da América do Sul. Assim, as inundações de Santa Catarina e a seca na Argentina seriam atribuídas à fumaça dos incêndios florestais, que altera drasticamente o mecanismo de aproveitamento do vapor d'água da floresta amazônica. Outros especialistas discordam dessa hipótese e afirmam que houve um sistema atmosférico perfeitamente possível no Litoral Catarinense. Existe uma periodicidade de anos mais secos e anos mais úmidos, com intervalo de 7 a 10 anos, e entramos no período mais úmido no ano passado. Esse mecanismo faz parte da dinâmica natural do clima. De qualquer forma, outros eventos climáticos como esse são esperados e vão acontecer.
Mas o Vale do Itajaí sabe lidar com enchentes melhor do que qualquer outra região do país. Claro que muito pode ser melhorado no gerenciamento das cheias, à medida que as prefeituras criarem estruturas de defesa civil cada vez mais capacitadas e à medida que os sistemas de monitoramento e informação forem sendo aperfeiçoados. De todos os desastres naturais, as enchentes são os mais previsíveis, e por isso mais fáceis de lidar. Os deslizamentos e as enxurradas não. Esses são praticamente imprevisíveis, e é aí que reside o real problema dessa catástrofe.
É preciso compreender que chuvas intensas são parte do clima subtropical em que vivemos. E é por causa desse clima que surgiu a mata atlântica. Ela não é apenas decoração das paisagens catarinenses, tanto como as matas ciliares não existem apenas para enfeitar as margens de rios. A cobertura florestal natural das encostas, dos topos de morros, das margens de rios e córregos existe para proteger o solo da erosão provocada por chuvas, permite a alimentação dos lençóis d´água e a manutenção de nascentes e rios, e evita que a água da chuva provoque inundações rápidas (enxurradas). A construção de habitações e estradas sem respeitar a distância de segurança dos cursos d'água acaba se voltando contra essas construções como um bumerangue, levando consigo outras infraestruturas, como foi o caso do gasoduto. Esse é um dos componentes da tragédia.
Já os deslizamentos, ou movimentos de massa, são fenômenos da dinâmica natural da Terra. Mas não é o desmatamento que os causa. A chuva em excesso acaba com as propriedades que dão resistência aos solos e mantos de alteração para permanecerem nas encostas. O grande problema de ocupar encostas é fazer cortes e morar embaixo ou acima deles. Há certas encostas que não podem ser ocupadas por moradias, principalmente as do vale do Itajaí, onde o manto de intemperismo, pouco resistente, se apresenta muito profundo e com vários planos de possíveis rupturas (deslizamento), além da grande inclinação das encostas. E é aí que começa a explicação de outra parte da tragédia que estamos vivendo. A ocupação dos solos nas cidades não tem sido feita levando em conta que estão assentadas sobre uma rocha antiga, degradada pelas intempéries, e cuja capacidade de suporte é baixa. Através dos cortes aumenta a instabilidade. As fortes chuvas acabaram com a resistência e assim o material deslizou.
A ocupação do solo é ordenada por leis municipais, os planos diretores urbanos. Esses planos diretores definem como as cidades crescem, que áreas vão ocupar e como se dá essa ocupação. Por falta de conhecimento ecológico dos poderes executivo, judiciário e legislativo (ou por não levá-lo em consideração), o código florestal tem sido desrespeitado pelos planos diretores em praticamente todo o Vale do Itajai, e também no litoral catarinense, sob a alegação de que o município é soberano para decidir, ou supondo que a mata é um enfeite desnecessário. Da mesma forma, as encostas têm sido ocupadas, cortadas e recortadas, à revelia das leis da Natureza. Trata-se de uma falta de compreensão que está alicerçada na idéia, ousada e insensata, de que os terrenos devem ser remodelados para atender aos nossos projetos, em vez de adequarmos nossos projetos aos terrenos reais e sua dinâmica natural nos quais irão se assentar. A postura não é diferente nas área rurais, onde a fiscalização ambiental não tem sido eficiente no controle de desmatamentos e cultivos nas áreas rurais, como mostram as denúncias freqüentes veiculadas nas redes que conectam ambientalistas e gestores ambientais de toda região. A irresponsabilidade se estende, portanto, para toda a sociedade.
Deslizamentos, erosão pela chuva e ação dos rios apresentam fatores condicionantes diferentes, mas todos fazem parte da dinâmica natural. A morfologia natural do terreno é uma conquista da natureza, que vai lapidando e moldando a paisagem na busca de um equilíbrio dinâmico. Erode aqui, deposita ali e assim vai conquistando, ao longo de milhões de anos, uma estabilidade dinâmica. O que se deve fazer é conhecer sua forma de ação e procurar os cenários da paisagem onde sua atuação seja menos intensa ou não ocorra. As alterações desse modelado pelo homem foram as principais causas dos movimentos de massa que ocorreram em toda a região. Portanto, precisamos evoluir muito na forma de gestão urbana e rural e encontrar mecanismos e instrumentos que permitam a convivência entre cidade, rios e encostas.
Por isso tudo, essa catástrofe é um apelo à inteligência e à sabedoria dos novos ou reeleitos gestores municipais e ao governo estadual, que têm o desafio de conduzir seus municípios e toda Santa Catarina a uma crescente robustez aos fenômenos climáticos adversos. Não adianta reconstruir o que foi destruído, sem considerar o equívoco do paradigma que está por trás desse modelo de ocupação. É necessário pensar soluções sustentáveis. O desafio é reduzir a vulnerabilidade.
Uma estranha coincidência é que a tragédia catarinense ocorreu na semana em que a Assembléia Legislativa concluiu as audiências públicas sobre o Código Ambiental, uma lei que é o resultado da pressão de fazendeiros, fábricas de celulose, empreiteiros e outros interesses, apoiados na justa preocupação de pequenos agricultores que dispõe de pequenas extensões de terra para plantio. Entre outras propostas altamente criticadas por renomados conhecedores do direito constitucional e ambiental, a drástica redução das áreas de preservação permanente ao longo de rios, a desconsideração de áreas declivosas, topos de morro e nascentes, além da eliminação dos campos de altitude (reconhecidas paisagens de recarga de aqüíferos) das áreas protegidas, são dispositivos que aumentam a chance de ocorrência e agravam os efeitos de catástrofes como a que estamos vivendo. Alega o deputado Moacir Sopelsa que a lei ambiental precisa se ajustar à estrutura fundiária catarinense, como se essa estrutura fundiária não fosse, ela mesma, um produto de opções anteriores, que negligenciaram a sua base de sustentação. Sugerimos que os deputados visitem Luiz Alves, Pomerode, Blumenau, Brusque, só para citar alguns municípios, para aprender que a estrutura fundiária e a urbana é que precisam se ajustar à Natureza. Dela as leis são irrevogáveis e a tentativa de revogá-las ou ignorá-las custam muitas vidas e dinheiro público e privado.
É hora de ter pressa em atender os milhares de flagelados. Não é hora de ter pressa em aprovar uma lei que torna o território catarinense ainda mais vulnerável para catástrofes naturais.


Prof. Dra. Beate Frank (FURB, Projeto Piava) , Prof. Dra. Edna Lindaura Luiz (UNESC), Prof. Dr. Juarês Aumond (FURB), Prof. Dr.Julio Cezar Refosco (FURB), Prof. Dra. Lúcia Sevegnani (FURB), Prof. Dr. Luciano Florit (FURB), Prof. Dra. Noemia Bohn (FURB), Prof. Dra. Sandra Momm (FURB) e equipe do Projeto Piava (Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí).
Blumenau, 27 de novembro de 2008


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ESSA CHUVA PODE SER AVISO DO CÉU



O governador Luís Henrique faz o possível para ser lembrado como o político que passou para o sucessor um estado de calamidade pública
O governador de Santa Catarina, Luís Henrique da Silveira, finalmente se convenceu de que anda à solta por aí uma tal de desordem climática. Foi ela, pelo menos, a desculpa que o acudiu para definir o tipo de tragédia que derreteu encostas no Estado e matou dezenas de pessoas. É, governador, essas coisas acontecem.
Talvez sejam em vasta medida inevitáveis. Mas tendem a pegar mais pesado quem estava desprevenido. E, se estiver interessado em conferir o que quer dizer isso, pode folhear o Código Estadual de Meio Ambiente, que sob seu patrocínio está secando, mesmo debaixo de chuva, a caminho da Assembléia Legislativa.
Ele foi saindo cada vez mais torto, à medida que passava por audiências públicas. Pegou o mesmo tipo de resistência que, três anos atrás, defendeu Santa Catarina da criação de parques nacionais em lugares ainda abençoados por florestas de araucárias. Armou-se de dispositivos estranhos, senão agourentos, como a aprovação automática das licenças ambientais, se em 60 dias os técnicos não derem sua palavra final sobre projetos.
Tende a ser uma lei dura. Mas só é dura com aquilo que o governador já chamou na tevê de "oposição meio ambiental". Pode ser coincidência, mas o rascunho está cada vez mais parecido com suas idéias, e, principalmente, com suas idiossincrasias.
Mesmo com a chuva caindo, ele riscou qualquer menção à "vida aquática", na parte referente aos "recursos hídricos". Pois é, trata-se de abrir alas à construção de hidrelétricas. Ele nunca engoliu os argumentos que o impediram de autorizar, como queria, quando prefeito de Joinville, a instalação de uma usina na serra catarinense. E acredita, ou professa, que toda precaução é um instrumento do "medievalismo".
Como nunca esclareceu exatamente o que quer dizer com essa palavra, presume-se que não se trate da Idade Média original, a européia, marcada pela eliminação quase total das florestas no continente, pela transformação dos rios em esgotos fedorentos e por uma guerra milenar contra a fauna silvestre.
O europeu do século XX também se distingue de seus antepassados medievais por ter mais árvores. Ou pela prerrogativa de pescar em rios límpidos no centro de Estocolmo. E até por não dar mais a seus políticos o direito de fazer em público as declarações que o governador faz em entrevistas. Muito menos de governar um Estado que é recordista nacional de devastação da mata atlântica, em nome do "aproveitamento sustentável da natureza" e da ojeriza à "obtusidade".
Não adianta apontar para o céu. As chuvas podem fazer grandes estragos, mas dão e passam. Como nenhuma chuva chove dois mandatos, quase sempre há tempo de sobra para apagar os sinais deixados por sua passagem antes que venha a inundação seguinte. E as obras feitas aqui embaixo tendem a durar mais do que as pessoas que as deixaram.
E, na batida em que vai, o governador Luís Henrique está fazendo o possível para ser lembrado como o político que tomou posse de um Estado invejado nacionalmente pela beleza natural e passou para o sucessor um estado de calamidade pública.
Marcos Sá Correa é jornalista e editor da revista Piauí
Última Palavra - http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2039/artigo117703-1.htm
Marcos Sá Corrêa

20 novembro, 2008

ENCHENTES EM SANTA CATARINA

ONG SÓCIOS DA NATUREZA participará da
CÚPULA SOCIAL DO MERCOSUL

(A CSM acontece dentro da organização da CÚPULA DE PRESIDENTES DO MERCOSUL e da CONFERÊNCIA DA AMÉRICA LATINA E CARIBE)




Sócios da Natureza participará da ‘’Cúpula Social do Mercosul’’ em Salvador, Bahia, nos dias 13, 14 e 15 de Dezembro de 2008, como convidada especial da Secretaria Geral da Presidência da República (SG-PR). Uma grande responsabilidade nos é incumbida, mas com muita honra, a participar de uma mesa redonda sobre Mudanças Climáticas na Cúpula Social do Mercosul e proferir palestra como afetado do Catarina na ''Cúpula dos Povos'' que acontece em paralelo à dos governantes, portanto não oficial.

‘’O encontro reúne representantes de Movimentos Sociais do Brasil, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e da Venezuela e acontece durante a 36ª Reunião de Chefes de Estado do Mercosul. Presidentes da América Latina e Caribe se reunirão em Salvador, Bahia, em duas iniciativas consecutivas: a Cúpula de Presidentes do Mercosul e a Conferência da América Latina e Caribe. É a primeira vez que os Chefes de Estado da região se reúnem sem a presença dos EUA. Nestas duas instâncias de alto nível, os presidentes debaterão uma agenda crucial para o destino dos povos de nossa região. Serão tomadas decisões sobre comércio, integração regional, políticas sociais e econômicas comuns, segurança e militarização, integração produtiva, políticas sobre migrações, e muitos outros temas fundamentais para o nosso futuro. Durante a Conferência, esses governos se prepararão de certa forma para a próxima Cúpula das Américas, que ocorrerá em abril de 2009, em Trinidad y Tobago, que pretende encontrar novas roupagens para os já derrotados planos de EUA para a região. Na última dessas reuniões, a III Cúpula das Américas ocorrida em Mar del Plata - Argentina, a proposta da ALCA foi claramente rejeitada’’ Release da REBRIP.

OBS. Ainda não concluímos a pauta, mas não iremos lá pra lamentar as tragédias climáticas, mas sim buscar alternativas de enfoque preventivo como a instalação do Sensor/Bóia nas imediações da costa atlântica de Araranguá através do Plano Transversal da Marinha; A composição da atmosfera regional captadas por satélites da NASA e o apoio institucional ao Segundo Encontro sobre Mudanças Climáticas, em Março de 2009. Além disso ‘’imploraremos’’ mais atenção do Governo Federal à região afetada, no sentido de promover estudos específicos, científicos e qualificados sobre as reais causas dos intensos e freqüentes eventos climáticos na região entre a Bacia do Mampituba e do Itajaí (Blumenau). Várias são as versões atribuídas às causas, mas deve haver alguma que seja mais determinante, apesar da complexidade do tema. É preciso também que estado fortaleça a Defesa Civil na região, porque não já ensaiar uma espécie de Estado de Emergência Climática.

OBS. Denunciaremos o inconveniente PL 238 do governador LHS que se aprovado aumentará a fragilidade das matas ciliares, das encostas, das APPs, das UCs e permitirá que licenciamentos de empreendimentos sejam aprovados após 60 dias, por mais poluentes que sejam, ou seja, as enchentes irão soterrar e afogar mais vidas para agradar o setor produtivo ganancioso que só visualiza o lucro. Isto é crime não só ambiental, mas civil! Se possível, protocolarmente, denunciaremos perseguições e ameaças a Ambientalistas, que cada vez mais sem recursos calam-se perante as pressões do poder político e econômico.

Possivelmente as notas publicadas no site do colunista Cláudio Humberto (e em outros sites também!) baseadas nos alertas (abaixo) em relação a tragédias climáticas no Sul de SC e agora no Norte, contribuíram para que o convite fosse feito a ONGSN.


claudiohumberto.com.br
QUINTA-FEIRA, DEZEMBRO 04, 2008
Santa Catarina em ‘emergência climática’
Usinas termelétricas podem ter contribuído para a desgraça da chuva no norte catarinense, segundo alertam os ecologistas. Em 1974, anos após a construção da usina Jorge Lacerda, Sul do Estado, enchente matou 199 pessoas. Vieram depois trombas d"água e furacões. A ONG Sócios da Natureza adverte há anos para a queima de carvão e agora “implora” ao governo federal que decrete Estado de Emergência Climática.
Balão de gases
A usina Jorge Lacerda, no centro de duas bacias climáticas, emite CO² e outros gases dia e noite há 43 anos, segundo estudo da ONG.
Cheiro de enxofre
Morador de Blumenau, Niels Deeke, 72, relatou "cheiro de enxofre e ácido nítrico" no dilúvio que começou a cair no domingo, 23, às 19h37.

Cláudio Humberto

(OBS. Antes de lançarmos o apelo na rede, foi publicada a nota abaixo no dia 02, a nossa mensagem foi divulgada dia 03, e no dia 04 ele publicou a nota acima já baseado no apelo...)

Cláudio Humberto 02/12/2008 | 13:42
Aquecimento mortal anunciado
Lula criou um fundo de trabalho para avaliar a tragédia catarinense. Poderia convidar a ONG Sócios da Natureza, que há anos, aqui nesta coluna, alerta para a ameaça do aquecimento global na região, assolada por enchentes, tornados, ciclones e furacões. Em maio, ela pediu ao governo que decretasse estado de emergência no sul do Estado, o maior emissor de dióxido de carbono (CO²) da América Latina. Ninguém prestou atenção...

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VOLTAMOS A IMPLORAR A DECRETAÇÃO DE ‘’ESTADO DE EMERGÊNCIA (E CALAMIDADE) CLIMÁTICA’’ EM SANTA CATARINA. PRIMEIRO ALERTA FOI POR CAUSA DAS OCORRÊNCIAS CLIMÁTICAS NO SUL DE SC. CONFORME RELATO ABAIXO E AGORA A TRAGÉDIA NO NORTE DE SC.



Esperamos não estarmos constatando mais um oportunismo político sobre a desgraça do povo Barriga Verde e da destruição da natureza. Durante o flagelo do furacão Catarina foi a mesma coisa: as necessárias e bem vindas ajudas humanitárias aos afetados ambientais porém junto vieram governantes e políticos empenhando-se de olho nas campanhas eleitorais. Até degradadores ambientais como desmatadores e carboníferos se aproveitam nestes momentos com doações às vitimas .

Estudiosos alertam na mídia sobre medidas preventivas para reduzir o impacto das cheias, por exemplo, mas coincidentemente o atual Governador do Estado de Santa tenta aprovar uma lei denominada de Código Ambiental, objetivando agradar o setor agrícola da monocultura e madereiro, acabando com as APPs, como reduzindo a mata ciliar para cinco metros e permitindo desmatamento nas encostas.

As causas que provocam a ocorrência de fenômenos naturais podem ser várias, porém o homem está intensificando a freqüência das mesmas tornando o ambiente vulnerável a impactos cada vez mais devastadores, com desmatamento, queimadas e a queima de combustíveis fósseis.

Coincidentemente após o início do processo de queima de carvão mineral pela usina termelétrica Jorge Lacerda, em meados de 1965, no município de Tubarão, sul de Santa Catarina, ocorreu em 1974 a enchente com maior
número de mortes do país, pois só em Tubarão foram registrados 199 mortos, mas ocorreram mortes também na Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá e do Mampituba. Em 1983 ocorreu em Blumenau (Bacia do Itajaí) uma tão violenta quanto à de Tubarão com 49 mortes e prejuízos incalculáveis. Na noite de Natal de 1995, em questão de poucas horas, 29 pessoas perderam a vida por causa de uma trombada d’água nas encostas dos Aparados da Serra, na localidade rural de Figueira, Timbé do Sul, na Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá. Agora volta a ocorrer, talvez a mais violenta de todas, com quase 150 mortos e estragos incalculáveis na Bacia
do Itajaí.

As citadas bacias hidrográficas estão localizadas entre a Serra Geral e o Oceano Atlântico numa distância média de 40 a 60 KM de largura, enquanto que entre a Bacia do Itajaí e a do Mampituba deve haver aproximadamente 350 KM de distância em linha reta, sendo que no centro encontra-se a poderosa Jorge Lacerda com seus 856MW instalados emitindo gases dia e noite sem parar há 43 anos. Estes gases emitem CO² que contribuem com o aquecimento global e outros gases como NO² e SO² que causam a chuva ácida, como também podem causar evaporação quando encontram frentes frias.

Agora vejam o depoimento de um blumenauense no domingo do dia 23 durante o início da tempestade e depois leiam o alerta do cientista Ernani Sartori da UFP.

OBS. Óbvio que grandes enchentes ocorreram antes da instalação da Jorge Lacerda, como a de 1962 na Bacia do Mampituba, a de 1948 na Bacia do Araranguá e a de 1911, em Blumenau, na Bacia do Itajaí.
Tadeu Santos


----- Original Message -----
From: Clic
To: tkane@contato.net
Sent: Sunday, November 23, 2008 11:20 PM
Subject: Enchente em SC

(Olhem só esse relato)
Agora são exatas 20,41 horas e desde as 19,37 chove torrencialmente em Blumenau, com uma intensidade inacreditável. O que já estivesse perigando, com a pancada de agorinha certamente deslizou grotões baixo.
Enchentes - estamos acostumados a sofrer, mas delúvio com tamanha concentração de água, nos meus quase 72 anos de vivente jamais vi, nem mesmo parecido. Parece-me sentir um cheiro de enxofre e ácido nítrico na água da chuva - o que seria isto?
E agora continua chovendo cântaros. Rádios locais todas fora do ar. Ouço grandes árvores - figueiras seculares desabarem com estrondo na floresta do morro fronteiro à minha casa -certamente o terreno deslizou.
Recuperar Blumenau, se ainda valer a pena, vai ser muito difícil - levará anos.
Não estou exagerando - é algo fantasticamente supra real - parece até ficção a força da correnteza nas valadas, ribeirões agora são rios e caminhos são cursos de correntes, todos com catadupas, cujo barulho é ensurdecedor.
Que a NATUREZA se apiede de nós neste VALE DE LÁGRIMAS.
Não sei até qdo poderei dispor de energia elétrica e computador.
Fico por aqui.
Niels Deeke, em Bl'au

OBS. A explosão do gasoduto ocorreu às 22:30 hrs de acordo com matéria do Diário Catarinense data ................
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Depoimentos mais dramáticos que este colhemos em vídeo em 1995, quando um agricultor perdeu dois filhos na noite de Natal, a casa/moradia e quase 70% da fértil terra de sua propriedade rural, ficando apenas uma extensa malha de pedra – seixo rolados. Nesta noite mais 27 pessoas perderam a vida arrastadas pela violência das águas na localidade de Figueira, Município de Timbé no sul de SC, resultante do choque de nuvens presenciado pelos moradores locais. (Temos fotos)
Na noite do furacão Catarina por volta das 24:15 hrs estava transitando na rodovia BR-101 faltando apenas 10 minutos para chegar em casa, qdo ventos de 180 KM/H acompanhados de chuva impediram de continuar pois centenas de imensas árvores bloquearam a pista... Não podia ir nem voltar! Em determinado momento senti que não escaparia... Resumindo, só cheguei em casa as 11:00 hrs através de um atalho pela parte rural do município.
Penso que qualquer governante ou degradador ambiental que de um modo ou de outro sentisse o perigo da força da natureza não seria mais o mesmo após... como a antológica cena do caçador que ‘’sentiu’’ a morte do servo no filme Energia Pura.

OBS. Tentaremos reproduzir o excelente e oportuno texto ‘’COLOQUEMOS A MÃO NA CONSCIÊNCIA’’ sobre a tragédia ambiental do Vale do Itajaí de autoria da Beate Frank e outros colegas para distribuir no evento.

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Olá Tadeu

Este relato é tenebroso e fantástico ao mesmo tempo, pois apesar de tantos problemas, vê-se, porem, a perfeita comprovação das minhas teorias de que sao as termoelétricas (e em SC e RS apareceram muitas) que jogam no ar os elementos que provocam tais odores e catástrofes.
Tadeu envia o relato do Niels (talvez com o meu parágrafo abaixo junto) para toda a mídia, ela vai fazer censura, mas que fique sabendo que a vida da internet está atenta e talvez alguma deixe escapar alguma coisa. É importante enviar isso para toda a internet também.
Escrevi o texto abaixo e o publiquei em alguns jornais em 1996 e o artigo intitulado USINAS TERMOELÉTRICAS CAUSAM MUITOS DANOS AO AMBIENTE E AO PAÍS foi publicado em 2000 no site www.aondevamos.eng.br/verdade
"Além do problema da elevação da temperatura ambiente, a queima de combustíveis fósseis libera certos óxidos, como o NOx e o SO2, que por sua vez se transformam na atmosfera em poluentes secundários como o ácido nítrico e o ácido sulfúrico, ambos facilmente dissolvíveis em água. Os ácidos também podem se transformar em sais de enxofre e de nitrogênio e estes ácidos, então, podem se precipitar através da chuva (conhecida como chuva ácida), neblina ou neve. Os danos dessa chuva podem ser causados em florestas, plantações, lagos, peixes, prédios, água de abastecimento, carros, pessoas, etc, e, com o aumento da acidez da terra, os recursos de alimentação e produção diminuem".

Abraços e obrigado pelo e-mail

Sartori.

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ESTADO DE EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Rogamos ao governo mais atenção à região sul de Santa Catarina e desafiamos as universidades sul brasileiras a elaborar um profundo estudo sobre a intensa ocorrência de fenômenos e adversidades climáticas, resultantes da mudança de clima, que historicamente ocorrem nesta planície, situada entre o oceano Atlântico e os Aparados da Serra Geral. Considerando todos os estudos científicos, pesquisas, catástrofes e o descongelamento de geleiras no ártico, ou seja, o despertar da humanidade para com a resposta da natureza as brutais agressões que o homem tem causado aos recursos naturais. Considerando que não são mais apenas os ambientalistas e ONGs que alertam para um possível caos ecológico, agora são renomados cientistas e a poderosa ONU, que anuncia problemas socioambientais como conflitos pelo uso da água e catástrofes ambientais. Agora é Al Gore, um dos homens mais influentes do mundo que abraça a causa ambiental e o Banco Mundial raciocina que é mais lucrativo deixar de produzir 1% do PIB mundial agora, do que amargar com 20% de prejuízo numa expectativa de 15 a 20 anos.
A região sul de SC, em 1974, foi surpreendida com uma das maiores enchentes do Brasil, senão a maior, pois vitimou mais de 250 pessoas, com prejuízos imensuráveis para o poder público e população. Outras enchentes causaram pânico, destruição e mortes como a da noite de Natal de 1995, que arrastou 29 pessoas para a morte, devido à intensidade da precipitação pluviométrica nas encostas dos Aparados da Serra Geral. (Depoimentos de colonos afirmam que o choque entre duas nuvens fez com que caíssem inteiras). Conforme dados da Defesa Civil de Araranguá, ocorreram cheias significativas no rio Araranguá também em 1998, 2000, 2002 e agora em 2008.
Na seqüência, ocorreram os tornados de 2005 e 2007, mais precisamente em Criciúma e Tubarão, provocando estragos consideráveis a população atingida. Mas o fenômeno que realmente surpreendeu foi o furacão Catarina no início da madrugada de 28 de Março de 2004, com uma violência indescritível em relação à ocorrência de ventos com chuva. Não precisamos aqui citar os dados do inédito ‘’Catarina’’, pois está na memória de todos e consta em todos sites relacionados à temática do clima.
O que nos preocupa também é a estranha coincidência de um fenômeno iniciar em alto mar do Rio de Janeiro vir ‘’escolher’’ em toda imensa costa do Atlântico Sul, a região do sul de Santa Catarina como epicentro, a que justamente mais emite CO² pela queima do carvão – o combustível fóssil responsável pelo desequilíbrio do efeito estufa, que resulta nas mudanças climáticas. Por sua vez a ocorrência do ciclone extra tropical na região sul de SC também assusta, já que o professor Ernani Sartori (Universidade Federal da Paraíba) defende a tese de que existe a tendência de ocorrência de fenômenos climáticos em regiões potencialmente emissoras de gases efeito estufa, como ocorre na região sul dos EUA, onde também existem muitas usinas termelétricas queimando combustíveis fosseis.
Os dados citados são comprobatórios e idôneos, quaisquer dúvidas consultem a Defesa Civil de Araranguá ou do Estado de Santa Catarina. Outros dados e informações podem ser obtidos no Departamento de Geociências da UFSC. Nos Blogs da ONG Sócios da Natureza constam muitas informações sobre os conflitos socioambientais e a poluição causada pela atividade carbonífera da região sul de Santa Catarina - uma das 14 áreas mais críticas do país de acordo com o decreto federal nº 85.206/80.

OBS. Em face da situação exposta não seria de decretar Estado de Emergência Climática?



Sócios da Natureza
ONG criada em 1980 para defender a Natureza e uma melhor Qualidade de Vida para o Sul de Santa Catarina, de forma estrita e comprovadamente voluntária.
sociosnatureza@contato.net
www.tadeusantos.blogspot.com / www.sociosdanatureza.blogspot.com
Cel (48) 9985 0053 / Tel 48-35221818

EVENTO APRESENTAÇÃO DO PROJETO DESVIO PELA VIDA

Release/Comunicado
Entidades, Cidadãos, Empresários e Autoridades envolvidas no processo do desvio da duplicação da BR-101, em Araranguá, tanto os que lutaram pelo desvio por fora do perímetro urbano quanto os que defenderam a duplicação pelo traçado original, estarão democraticamente reunidos às 19 horas, do dia 27 de Novembro, no salão auditório do Hotel Becker, para conhecerem o projeto ‘’Desvio pela Vida’’, Uma conquista da Sociedade Civil Organizada. Faça parte desta história registrando o significativo fato de Cidadania Social. O projeto será apresentado pela ONG Sócios da Natureza, representando o Movimento Pró-Araranguá / MPA.

(Ao final será oferecido um coquetel aos presentes).

AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE CÓDIGO AMBIENTAL EM CRICIÚMA

Audiência Pública sobre Código Ambiental
Promovida pela ALESC / SDS
Dia 10/11/2008, em Criciúma.



Cada dia torna-se mais complicado defender a natureza, principalmente de forma voluntária. Começa pelas dificuldades impostas pelo Estado, como promover um evento de interesse público, ou seja, para a sociedade civil e produtiva, às 14horas, quando poderia ser às 19horas, por exemplo. Em vez de realizar a Audiência Pública num local de fácil acesso ao público, o faz num local de difícil acesso e pequeno (e privado!), quando na verdade deveria pela relevância do tema fazer por região, ou seja, uma na AMESC, na AMUREL e outra na AMREC e, assim por diante, concluindo com uma final na capital. Para obter votos, as governanças políticas não medem esforços indo até a casa do cidadão, mas para discutir políticas públicas delicadas o fazem pelos caminhos mais complicados e tortuosos.

As audiências públicas ainda são as formas mais democráticas de apresentar um projeto ou uma proposta para obter opinião pública, mas sua dinâmica poderia ser mais participativa se permitisse mais tempo à manifestação da sociedade civil. Explicamos, o empreendedor prepara-se com antecedência e numa posição estratégica apresenta o projeto ou proposta, como o fizeram na tarde de segunda no auditório lotado da Imbralit do perigoso cimento amianto. Os convidados representando os setores produtivos extrapolaram os 3 minutos estipulados pela mesa, tanto que um deles falou por 10 minutos (Apenas o Burigo da FIESC obedeceu ao tempo estipulado), transmitindo sua ira contra a legislação ambiental vigente que protege as matas ciliares e encostas, enfim as Áreas de Preservação Permanentes / APP ou as Unidades de Conservação / UC. Juntando a apresentação inicial da técnica e os depoimentos da mesa, com exceção do Dr. Darlan MPF e do Dep. Décio, todos foram exageradamente favoráveis à aprovação imediata do Projeto de lei PL 0238.0/2008, que institui o mal elaborado e despropositado Código Ambiental para Santa Catarina.

Aberto o debate, 99% do público ali presente constituídos de agricultores e rizicultores já eram favoráveis também, pois o setor agrícola é muito articulado e organizado (a sociedade civil está deixando a desejar), fica, portanto, muito difícil em dois minutos apenas defender questões ambientais complexas, principalmente quando se mexe nos meios de produção de uma classe marginalizada como a agricultura, com históricas dificuldades.

Um dado interessante que temos observado aqui na região é que setores agrícolas se articulam quando convocados pelo Estado, mas quando é para combater o Estado que os explora com absurdas taxas e impostos nada fazem. Afinal produzem nosso alimento, bem essencial à sobrevivência humana, enquanto que outros setores que produzem bens também de importância, mas não vitais, recebem subsídios e dominam o mercado de capitais. Estranho e injusto não!

Podem os líderes de sindicatos e associações agrícolas por estarem ligados a siglas partidárias se sujeitarem aos interesses políticos em detrimento dos reais interesses dos pequenos agricultores, digo daqueles que dependem da terra para sobreviver, digo daqueles que preservam as nascentes, digo daqueles que plantam feijão, batata, cebola, mandioca, milho e verduras sem agrotóxico, que tentam ganhar a vida, mas sem a ganância destruidora.

É preciso muita sorte nestes momentos defender o óbvio da necessária mata ciliar, quando o homem rural ali presente não entendeu (ou se faz!) a importância das mesmas para a preservação dos recursos hídricos da sua bacia hidrográfica, quando sua mente está atulhada de baboseiras apontadas por quase 100 minutos, pela ganância do lucro imediato das monoculturas ou de outras atividades que precisam avançar mais e mais para obter lucro.

Por isso é que a Audiência Pública às vezes não é justa com a natureza, porque não existem defensores suficientes e preparados para defendê-la nestas situações. A sociedade civil não estava presente como a OAB, CREA, IAB, ABES, Universidades, Institutos de Cidadania e Associações de Bairro, entre outros. Na minha manifestação, por exemplo, fui interrompido por um agricultor, vaiado e o único que não recebeu aplausos do público presente (Já estou acostumando com o cenário!)

A atual Administração Estadual do Governador LHS tem utilizado o expediente do lobby político institucional, com verdadeiras táticas de guerra, onde motivam os Secretários Regionais a baterem violentamente contra as Unidades de Conservação (UC) no mesmo estilo adotado por Goebbels. Como a utilizada na Consulta Pública sobre Refugio da Vida Silvestre RVS em Timbé do Sul, ou seja, criam pânico no meio rural com ameaças de que poderão perder suas terras juntamente com outras injustificadas alegações, por causa das UC e das ONGs.

Pelo discurso dos ferrenhos defensores da atual proposta, têm-se a impressão que o agricultor está acreditando que a vida no campo irá mudar para melhor a partir da sua aprovação, quando poderá ficar pior com um maior impacto das enchentes sobre suas plantações e moradias, por exemplo, ou mesmo de um irreversível processo de desertificação.

Tentarei descrever minha breve fala, onde inicialmente comentei que o Estado já decidiu que quer atender apenas os interesses dos quatro setores convidados, que a sociedade civil neste caso não interessa, comentei que a região é uma das mais poluídas do Estado de SC, que as nascentes da planície estão comprometidas com a rizicultura e a mineração do carvão.

Que restam apenas as nascentes das encostas da Serra Geral. Que finalmente o Estado de SC olha para os tão marginalizados homens do campo quanto os das favelas urbanas. Que o Estado que se autodenomina de moderno investe prioritariamente em asfalto, transportes, energia a carvão, entre outras ações voltadas ao conforto do homem urbano, enquanto que nunca para o rural.
Que o Estado tem sistematicamente apoiado a monocultura, mas nunca de fato a agricultura, digo a familiar e a orgânica, como os 60 milhões destinados para a Barragem do Rio do Salto para abastecer a rizicultura em detrimento das 80 famílias agrícolas de Areia Branca que serão ‘’expulsas’’ de suas terras. Que apoiou as propriedades que excluíram suas hortas, arvoredos e jardins para o arroz sob o olhar do estado via EPAGRI e FATMA, que mesmo com o devastador exemplo do famigerado Pró-Várzea, permitiu e apoiou a rizicultura da irrigação, detonando com o que restava de Mata Atlântica da região do extremo sul de SC.

Inicialmente havia cronometrado o tempo dos ‘’convidados especiais’’ do Governo Estadual para então extrapolar no meu tempo estipulado de dois (2) minutos para ler todo o documento da FEEC, mas não tive sorte. Começando pela falha da ‘’tática’’ de sempre querer falar sentado no mesmo nível do público e da repentina interferência de um revoltado rizicultor que me interrompeu bem na minha frente, tirando minha disposição ou me amedrontando. Prova disso é que depois alguém me alertou que no mesmo momento ‘’três caras’’ vieram sentar-se atrás de mim, numa espécie de intimidação. Só percebi que o arrasto das cadeiras tinha sido um pouco exagerado, por isso sai do local e procurei ficar próximo dos ambientalistas presentes e ao final procurei sair bem acompanhado.

Agora aqui no meu canto, longe das ameaças físicas, mas mesmo assim sujeito as represálias por vezes mais humilhantes e prejudiciais a minha pessoa (como as quatro ações judiciais que estou respondendo por defender a natureza e uma melhor qualidade de vida para a região sul de SC) descreverei um detalhamento, apesar de óbvio, sobre a importância da mata ciliar, que consta num relato que fizemos sobre a última Assembléia do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, ocorrida dia 29/11/08:
‘’Pode parecer desnecessário e redundante fazer uma descrição detalhada da importância do ciclo da chuva, mas é a madura insistência que muda as mentes e corações das pessoas, senão vejamos de forma empírica o processo: A água da chuva ao cair nas encostas florestadas infiltra-se com mais facilidade pelas raízes das pequenas, médias e grandes árvores, reduzindo a quantidade de água que corre para os córregos e rios ao mesmo tempo em que arrasta poucos sedimentos para os respectivos leitos.
A mata ciliar possui praticamente as mesmas funções da vegetação das encostas, além de proteger o rio, as raízes das árvores dão sustentação evitando a erosão das margens como desmoronamento, por exemplo. (Foto em anexo das encostas rasgadas e da margem desmoronada). Defendemos uma mata ciliar de 10 dez metros bem cuidada do que uma de 20 ou 50 sem sustentação adequada, que não permita a drenagem das águas. A lição é básica e simplíssima, todos sabem, mas continuam a desmatar criminosamente e a jogar nos cursos d’água tudo o que não mais interessa ao consumo humano.’’

Volto a alertar que o Excelentíssimo Senhor LHS está por trás desta sutil e assustadora violência (tão combatida brilhantemente quando o mesmo era Deputado Federal no período da Ditadura Militar, como também o ex-Revolucionário Sergio Grando!) como esteve na Consulta Pública de Lages ou São Joaquim, onde o Secretário Regional falou até em facão para impedir a aprovação da Reserva da Vida Silvestre do Rio Pelotas/ RVS, da mesma forma que no Timbé do Sul onde o Secretário Regional estava possesso contra a proposta de criação da Reserva (mesmo sem conhecer as vantagens da UC), nos ameaçando diretamente dizendo que não aceitaria que ONGs de fora viessem interferir... (Relato completo da Consulta Pública no blog www.tadeusantos.blogspot.com). Ou seja, estão apenas refletindo o teor do que ouviram do Chefe de Estado, notoriamente reconhecido como ganhador de dois prêmios ‘’Moto Serra de Ouro’’ e como autor da Ação Direta de Inconstitucionalidade / ADIN contra a Lei Federal 9.985/00. Um absurdo!

Concluindo, finalizamos lendo apenas três trechos da mensagem da Federação das Entidades Ecologistas Catarinenses / FEEC:
...as conclusões até o momento alcançadas são verdadeiramente lamentáveis. Resta-nos sérias dúvidas sobre as intenções do executivo estadual com a propositura de tal projeto de lei.
Acreditamos na necessidade de um código ambiental para o estado, mas que seja um código moderno e que atenda às suas finalidades. Para isso precisamos de tempo para discutir e amadurecer idéias.
Desta forma solicitamos seja imediatamente suspensa a projeção de votação do código em dezembro do presente ano, estendendo-se para o ano de 2009, visando propiciar tempo para reformulações e engrandecimento de tão importante diploma legal.

Ao final informei a coordenação do evento que o documento da FEEC seria apresentado na Audiência Pública do dia 19 em Florianópolis.

OBS. Vale registrar as oportunas e coerentes falas do Procurador da República Darlan Dias e do Deputado Décio Góes, na defesa da mata ciliar, dos recursos hídricos, dos pequenos produtores rurais e do cuidado com a legislação referente aos licenciamentos, como também o depoimento do Joaquim e do Dalton pelo Movimento pela Vida.

A Coordenação


Só depois das florestas destruídas!
Dos rios, lagos e mares poluídos!
Das geleiras descongeladas,
Da atmosfera contaminada,
Do comprometimento total
de toda biodiversidade,
do último peixe morto!
perceberemos que o
dinheiro não se come!



Sócios da Natureza
Fundada em 1980

Prêmio Fritz Muller

www.sociosdanatureza.blogspot.com


Filiada a Federação das Entidades Ecologistas Catarinenses FEEC, Fundadora do Movimento Pela Vida / MPV, Inscrita no CNEA/CONAMA, Integrante da Rede Brasileira de Justiça Ambiental RBJA, Integrante do GTEnergia e GTClima do Fórum Brasileiro de Movimentos Sociais / FBOMS.