16 janeiro, 2011

QUE OS DESMORONAMENTOS ENTERREM também AS INCONVENIENTES PROPOSTAS DE ALDO REBELO!!!

Cidadania Ambiental
Araranguá – SC, 16 de janeiro de 2010


Ao nosso modo, com outro olhar e outra atitude,
estamos fazendo e registrando a história de Araranguá e Região Sul de Santa Catarina.
www.tadeusantos.blogspot.com


QUE OS DESMORONAMENTOS ENTERREM
também
AS INCONVENIENTES PROPOSTAS DE ALDO REBELO!


As violentas enchentes que predominavam ocorrer apenas entre as encostas dos Aparados da Serra Geral e o litoral de Santa Catarina nas décadas de 70, 80 e 90 passaram nesta nova década do século XXI para o Estado do Rio de Janeiro e São Paulo, porém não esquecendo Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Recife e Pernambuco. Não tínhamos conhecimento sobre a tragédia de Caraguatatuba no litoral norte de São Paulo, em 1967, com 436 mortos e no Rio de Janeiro, na Serra das Araras, com 1700 mortos, porém tínhamos o registro da tragédia de 1974 que matou 199 pessoas só na cidade de Tubarão em Santa Catarina, totalizando 250 mortos incluindo as bacias do Araranguá e Mampituba. Todavia, esta ocorrência na região serrana do Rio de Janeiro poderá ser a segunda maior tragédia climática do país.

Mais de 600 pessoas praticamente ‘’enterradas vivas’’, milhares de desabrigados com sérios transtornos sociais e traumas para o resto da vida, reais possibilidades de adquirirem doenças contagiosas e imensuráveis prejuízos materiais às famílias, ao Estado e a União. Isto é inconcebível, uma catástrofe que certamente poderia ter sido amenizada se houvesse planos e programas específicos para eventos extremos do clima, no qual estamos apontando desde a ocorrência do inédito Furacão Catarina. Convenhamos que não houve de fato um ‘’alerta adequado/seguro de perigo real e imediato para a evacuação da população’’, porém se houve os responsáveis pela omissão deverão ser processados criminalmente.

Precipitações maiores que estas ocorreram na Austrália e Portugal, porém a sinistra contabilidade de mortos foi bem menor. Na manhã em que ocorreu o Furacão Catarina, o então governador se utilizou de uma cadeia de rádio e televisão para comunicar (‘’assustar’’) a população do sul de SC, talvez por isso tenha havido pouquíssimas vítimas pela dimensão destruidora do violento evento climático - o primeiro do Atlântico Sul, enquanto que as superprecipitações já vêm ocorrendo nos últimos anos, portanto, era para haver mais investimentos em sistemas de prevenção e de adaptação, tanto na área científica quanto na defesa civil. OBS. Talvez quem sabe, seja necessário criar uma associação das vítimas prejudicadas pelas tragédias do clima, com objetivo de desenvolverem programas de prevenção e adaptação locais/regionais, como também de fiscalizar os rotundos recursos destinados a recuperação dos danos que são vergonhosamente desviados pelas administrações públicas.

A elaboração de um mapa das regiões onde tem havido com mais frequência e intensidade a ocorrência de eventos considerados extremos pela violência das águas, deve ser acompanhado de dados e informações orientadoras, pois as populações afetadas pelas tragédias do clima querem respostas!!! A ciência da meteorologia não consegue mais fazer a adequada leitura da climatologia da Terra, tanto nas previsões, como também não consegue explicar as dinâmicas que estão promovendo o desequilíbrio do clima. Na verdade, as imagens de satélite é que orientam os meteorologistas e se não fossem elas estaria em cheque a credibilidade da meteorologia.

Estudos mais profundos com ajuda de outras ciências como a geofísica, oceanografia, sociologia, entre tantas outras que poderiam avançar em pesquisas em conjunto com investimentos em radares e supercomputadores de alta tecnologia, que tem alta capacidade de monitorar iminentes ameaças com antecipação e que viessem a orientar a população em geral, mas principalmente as mais afetadas que vivem em área de risco decorrentes de super precipitações e de locais vulneráveis a violência dos ventos. Estudos idôneos e independentes, porém comprometidos com a verdade, que não ficam apenas restritos a escritórios, mas vão a campo colher informações com o imaginário popular que vive diretamente com a natureza, que sente o seu impacto quando responde as agressões com violência. No dia que um degradador ‘’sentir na pele a força da natureza’’ ele certamente passará a ver o mundo de outra forma.

Como um dos principais fatores que facilitam os desmoronamentos em encostas de morros é a ausência de vegetação nativa (que assegura o solo com suas raízes ao mesmo tempo em que infiltra/absorve a água da chuva, evitando maior quantidade de água nos leitos dos rios, que por sua vez já não possuem mais mata ciliar que tem a função de proteger os cursos d’água de intempéries que provocam o assoreamento da calha original), o desmatamento em APP tem que ser considerado crime. Observando, no entanto, que quando a precipitação é muito violenta, ela pode arrastar tudo, mesmo as encostas não desmatadas ou ocupadas, destruindo até mesmo as matas ciliares bem compostas, como por exemplo, a catástrofe/tragédia de Figueira no município de Timbé do Sul/SC, quando na noite de Natal de 1995 o choque de duas nuvens provocou o maior desmoronamento de terra e vegetação na história do país, nas encostas dos Aparados da Serra Geral: http://www.deslizamento-timbedosul-sc.blogspot.com

Alguns céticos podem contestar que sempre existiu a ocorrência de fenômenos naturais, que não existe aquecimento global, ou seja, que as mudanças climáticas são invenções de ambientalistas, porém não podem contestar a intensa frequência da ocorrência de eventos extremos do clima nas últimas décadas no planeta Terra.
Entendemos que três fatores estão contribuindo para aumentar a frequência e a intensidade destes fenômenos naturais e as respectivas consequências:

1. Primeiro é o resultado do desequilíbrio da protetora camada de ozônio ‘’que não sabe mais o que fazer’’ com tanto CO², surgindo o efeito estufa, não permitindo a saída de ar quente para a atmosfera, resultando assim no inconveniente aquecimento global, do qual a queima de combustíveis fósseis é a principal causadora em nível mundial, seguida das queimadas do desmatamento na Amazônia, por exemplo.
2. Segundo é a ocupação desordenada de Áreas de Preservação Permanentes (APP) em encostas de morro e margens de rios, desmatamento e assoreamento dos córregos e rios, ou seja, desenvolvimento a qualquer custo, porém quem paga, na grande maioria, são os pobres excluídos ambientais.
3. As pessoas estão se acostumando com as desgraças alheias (os políticos oportunistas mais ainda!) no que denominamos de ‘’normose’’, resultante da ganância infecciosa do capitalismo e da frieza do socialismo.

Se com uma legislação abrangente e rígida as tragédias acontecem, imaginem então se flexibilizarem as leis deste país como os políticos e governantes catarinenses fizeram ao instituir o Código Ambiental, mesmo após a tragédia de novembro de 2008 no Vale do Itajaí/SC. O mesmo processo está contaminando as mentes da bancada ruralista no Congresso Nacional, com as inconvenientes propostas do Aldo Rebelo de alterar o Código Florestal, que deveriam ser enterradas com a lama dos desmoronamentos por este país afora.

Ao final o jornalista alertou sobre a rodovia BR-101 ser duplicada abaixo das encostas do Morro dos Cavalos quando respondi que a obra da duplicação foi e está sendo muito mal feita pelas empreiteiras, que além dos desmoronamentos que continuarão a causar vitimas e transtornos aos usuários a pista é cheia de defeitos e irregularidades que causam o perigoso efeito da aquaplanagem.

11 janeiro, 2011

Cidadania Ambiental - 11 de janeiro de 2011

Cidadania Ambiental
Araranguá – SC, 11 de janeiro de 2011

Ao nosso modo, com outro olhar e outra atitude,
estamos fazendo e registrando a história de Araranguá e Região Sul de Santa Catarina.
www.tadeusantos.blogspot.com


FAÇA SUA CONTRIBUIÇÃO À CAUSA AMBIENTAL,
DEPOSITE QUALQUER QUANTIA NA CONTA DA ONG SÓCIOS DA NATUREZA
Agência 0427 CEF de Araranguá / OP 013 / Conta poupança 170.95-3
OBS.
PRESTAÇÃO DE CONTAS: Desde que anunciamos em 2010, a conta acima para contribuições, nenhum centavo foi depositado em nome da ONGSN.



O MEIO AMBIENTE NO DISCURSO DE POSSE DE DILMA ROUSSEFF
No comentário que fizemos no blog do Deputado Federal Alfredo Sirkis enfatizamos que concordamos com a leitura que o parlamentar carioca fez do discurso da presidente Dilma. A presidente não demonstrou preocupação que deveria com a questão ambiental. Se o discurso reflete o que ela realmente pensa a respeito deste importantíssimo tema, então os interesses do setor produtivo prevalecerão sobre integridade da biodiversidade de todos os biomas deste imenso e glorioso país, porém bate contra a tendência da população brasileira que se preocupa com o meio ambiente basta ver os quase 20 milhões de votos da Marina e a pesquisa da Folha de São Paulo apontando 85% contra qualquer tipo de desmatamento.
Se a região sul faz parte do Brasil, então a presidente que conhece bem o Sul não poderia afirmar que temos ‘’a matriz energética mais limpa do mundo’’, porque a queima do combustível fóssil carvão mineral em SC e no RS é considerada, até prova em contrário, a queima mais suja conhecida neste planeta, que infelizmente, continua fazendo parte da matriz energética, inclusive recebendo incentivos estaduais e federais.
A presidente Dilma também não considerou as tragédias do clima que estão acontecendo neste país, talvez porque não existe um ‘’Plano Nacional de Mudanças Climáticas’’ convincente e abrangente. Enfim, talvez a comunidade ambientalista brasileira precise estar mais unida pra se fazer presente nos ‘’corações e mentes’’ dos governantes, tanto quanto faz a bancada ruralista e a frente parlamentar pró-carvão, por exemplo.

FOGOS DE ARTIFÍCIO
Os criminosos fogos de artifício que mutilam humanos todos os anos em festejos também matam pássaros, peixes entre outras espécies e causam pânico em cães e gatos. Não é a primeira vez que isto ocorre, porém é a primeira vez que a mídia comenta com tanta intensidade porque está havendo um número maior de acidentes em decorrência da quantidade de material químico nos explosivos para dar maior vislumbramento aos olhos humanos.
Esta forma de comemoração precisa ser mantida, porém de maneira ordenada. Para determinados casos é preciso haver licenciamento em função dos impactos socioambientais que causam à biodiversidade e do perigo de explosão dos locais onde são depositados.

POR TI, MORRO DE AMORES!
A sábia e simpática irreverência do multiartista Edi Balodi cada vez mais me impressiona quando faço a leitura do poético significado da frase por ele criada em homenagem ao santuário ecológico do Morro dos Conventos: POR TI, MORRO DE AMORES!
Periodicamente nos convida para um encontro em Ilhas ou no Morro dos Conventos onde jogamos conversa fora bebendo umas caipiras com mel, comendo um saboroso peixe e tirando fotografias com os amigos, que vez ou outra também tocam violão com citação de prosas pra gente escutar. Uma beleza!
Ocorre que nem todo mundo tem esta paixão pelo Morro dos Conventos e seu frágil ecossistema formado pelas milenares falésias que estão desabando em decorrência da pressão antrópica, com o criminoso desmatamento da protetora Mata Atlântica e o comprometimento da restinga que ajuda na formação das dunas, que por serem eólicas, dependem da dinâmica dos ventos. Um local de formação única nesta imensa costa brasileira!
Vândalos irresponsáveis e drogados precisam ser contidos pelas autoridades, pois estão detonando com o espaço de entorno do Farol, quando se juntam nas noites dos finais de semana e/ou na praia que vai em direção a foz/barra.
O espaço da praia que é para tomar banho de mar e sol transformou-se em pista de corridas de centenas de veículos e motos, colocando em risco a segurança dos banhistas.
O que não mais interessa ao consumo humano é jogado na natureza numa total demonstração de ignorância.
Tanto o espaço de contemplação do Farol quanto ao indescritível cenário da foz/barra do Rio Araranguá são patrimônios públicos de valor inestimável, portanto curtam as belezas naturais, mas não as detonem.
A criação de uma Unidade de Conservação (UC) no Morro dos Conventos por meio de decreto municipal é até prova em contrário a alternativa mais viável para preservar a natureza e implantar uma infra-estrutura adequada que promova conforto ao visitante local ou turista.
Na verdade é apenas a denominação que muda, pois a proposta da UC abrange apenas Áreas de Preservação Permanente (APP), ou seja, a UC passa a possibilitar e a habilitar a APP a receber recursos, porém destinados a UC, mediante a elaboração de um rigoroso Plano de Manejo promovido pelo órgão ambiental ou pela administração municipal em conjunto com a sociedade civil organizada, no qual as decisões a virem ser tomadas passam pelo crivo do Comitê Gestor da UC, formadas por entidades legalmente constituídas do município, que passam então de certa forma a serem soberanas e democráticas à luz da legislação.

OBS. Existe um desabafo da Léia Batista sobre o lixo na praia do balneário e uma matéria no jornal Correio do Sul sobre o trabalho que o professor Jairo Cesa desenvolve no Morro dos Conventos com seus alunos. Uma elogiável atitude!

06 janeiro, 2011

O DESENVOLVIMENTO DE ARARANGUÁ E DA REGIÃO DO EXTREMO SUL CATARINENSE - AMESC

O DESENVOLVIMENTO DE ARARANGUÁ
E DA REGIÃO DO EXTREMO SUL CATARINENSE (AMESC)


Ao tomar conhecimento pela mídia que o prefeito de Tubarão lançou um desafio para pensar o município em 2030, serviu-me de motivação para mais uma vez lançar um olhar socioambiental para o município em que adotei para viver em 1984, no qual orgulhosamente fui agraciado com o titulo de ‘’Cidadão Araranguaense’’ em 2004, apesar de haver nascido em 1951 na então vila de Praia Grande, na época pertencente ao município de Araranguá. Todavia com um olhar mais abrangente, pois não podemos pensar apenas em nós como município pólo, mas em toda região do extremo sul do Estado de Santa Catarina nesta histórica virada de década, de novos governantes, de expectativas e sonhos. Registramos, porém, que o olhar não se estende a outros setores do qual não temos domínio e/ou profundo conhecimento, tanto de dados quanto de informações, como da Saúde, Educação, Economia, Pesca, Agricultura, entre tantos outros. No entanto reafirmamos que a questão socioambiental é de relevância e sua transversalidade está intrínseca na vida de todos nós.

Ninguém mais pode subestimar a luta pela preservação ambiental neste município, nesta região, neste estado e neste país, pois o planeta Terra é muito pequeno, tanto que qualquer atitude pessoal pode influir na biodiversidade local quanto no aquecimento global, por exemplo. Antes eram apenas os ‘’ambientalistas’’ que alertavam sobre as emissões de gases efeito estufa, hoje são ‘’cientistas’’ que imploram a redução da queima de combustíveis fósseis, antes eram apenas as ‘’ONGs’’ que contestavam o avanço capitalista do consumo desenfreado, enquanto que atualmente é a ‘’ONU’’ que adverte sobre o iminente perigo apontado no Relatório Stern, ex-Diretor do Banco Mundial, que afirma categoricamente que se os atuais governantes gastarem 1% do PIB mundial na implantação de medidas preventivas contra o aquecimento global, não precisará gastar 20% do PIB mundial no ano de 2020. A questão ambiental, queira ou não, faz parte da agenda política, basta avaliar o surpreendente resultado da candidatura da ex-ministra Marina da Silva com quase 20 milhões de votos.

Nós podemos declarar e assinar que estamos fazendo a nossa parte, apesar de todas as dificuldades inerentes a dedicação voluntária na empreitada preservacionista, conjugada com a busca por uma melhor qualidade de vida para a população. Neste final de década obtivemos reconhecimento com convites para palestrar em SP, RJ, BSA, CE, na Cúpula do Mercosul em Salvador na BA, na ‘’Cumpre de Los Pueblos’’ em Santiago do Chile, na OCMAL em Quito, Equador, entre tantas outras que não cabem aqui mencionar. Nesta década de 2010 obtivemos inúmeras derrotas e significativas vitórias como a luta pelo Desvio da Duplicação da BR-101 em Araranguá, ocupação do importante cargo de Conselheiro do CONAMA e do FNMA, além de outras funções, significativas publicações e responsabilidades de relevância socioambiental neste país. OBS. I. Em março próximo será lançado um livro sobre os impactos do carvão na região, com um capítulo escrito por integrantes da ONGSN. OBS. II. Mais informações a respeito dos temas abordados se encontram no www.tadeusantos.blogspot.com.br

Se possuíssemos o poder da mágica de transformar a matéria mesmo contrariando o princípio da sua conservação, esclarecido por Lavosier e imortalizado pela sua célebre frase ‘’NA NATUREZA NADA SE CRIA, NADA SE PERDE, TUDO SE TRANSFORMA’’, poderíamos construir um mundo melhor para a humanidade, certamente que a partir deste momento o mundo deixaria de ser perfeito, pois a transformações precisam ocorrer de forma natural para manter o equilíbrio da biodiversidade no planeta Terra. Esta breve introdução é para provocar reflexão sobre as inadequadas formas que o homem exerce sobre os recursos naturais como a água, o solo, a flora e o ar, explorando-os brutalmente para suprir suas necessidades sem se preocupar com o direito e as necessidades que estão por vir das futuras gerações. O ex-presidente do FED, Alan Greenspan, um dos mais respeitados ícones do capitalismo moderno, classificou esta conduta de ‘’ganância infecciosa’’. Isto então é preocupante! Sugerimos a leitura do COLAPSO, livro do escritor Jared Diamond para um entendimento maior sobre a decadência das civilizações.

O que a atividade carbonífera fez com os recursos hídricos da região é uma das inadequadas formas de tratar este importante e finito recurso chamado ‘’água’’. Um crime que causa não apenas prejuízo ambiental, mas social e econômico, pois retira a possibilidade de cidadãos carentes utilizarem a pesca para o sustento da escassa ceia alimentar, compromete significativamente a agricultura em todos os aspectos, elimina por um período superior a 100 anos a captação de água para o abastecimento do município de Araranguá e afugenta possíveis investimentos que necessitam de água com qualidade, enfim, é comprovadamente um malefício irreparável ao Rio Araranguá. Se nem microorganismos conseguem sobreviver com a acidez da água, quem garante que a saúde da população não estará sujeita a mutações orgânicas de efeitos colaterais irreparáveis. Todo mundo sabe do dano, mas ninguém faz nada para reverter, pois parece que passou a ser normal esta tragédia na vida das pessoas, dos empreendedores, dos políticos, dos governantes e dos agentes responsáveis pelo cumprimento da legislação. Este é apenas um exemplo de desenvolvimento que não interessa a população de Araranguá e região da AMESC. A história está registrando o descaso e a omissão!

A região do extremo sul catarinense (AMESC) é considerada uma das mais pobres economicamente do Estado de Santa Catarina, perde apenas para a região serrana de São Joaquim e Bom Jardim da Serra, porém possui, talvez, a maior riqueza natural dentre as outras, como os Aparados da Serra com seus maravilhosos canyons do Itaimbezinho e Fortaleza – os maiores da América do Sul. Na planície entre a Serra Geral e o Oceano Atlântico tem a Lagoa do Sombrio com seu maior sistema de água doce do Estado de SC, além de outras belezas naturais, destacando o santuário ecológico do Morro dos Conventos e a magnífica foz do Rio Araranguá, por exemplo. Tanto é verdade que especialistas estão apostando na candidatura da região a obtenção do reconhecimento da UNESCO, como região habilitada à classificação de intenso interesse geológico, com a implantação de um Geoparque que poderá ser denominado de Mampituba ou Itaimbezinho, mas estendendo-se até Torres e a Serra do Rio do Rastro, formando um triângulo inigualável em riquezas geológicas. Daí a importância da implantação do Comitê de Bacias do Mampituba e outros avanços organizacionais e de governança que serão rigorosamente avaliados pelos técnicos da UNESCO. Tanto esta oportunidade quanto outras, é preciso investimento considerável para garantir e obter qualidade no empreendimento!

Tanto o município de Araranguá quanto a região da AMESC ainda não possuem um ‘’Plano de Estratégia para um Desenvolvimento Ordenado’’ objetivando a discussão/debate do período pós-duplicação da importantíssima rodovia BR-101 e da implantação de dois equipamentos de educação de qualidade e gratuitos como o campus da UFSC e do IF-SC, que indubitavelmente proporcionarão desdobramentos inimagináveis para a economia e para a qualidade de vida da população regional. Este plano também deverá contemplar a real possibilidade de fixação da foz/barra do Rio Araranguá, a obra mais elencada do FDESC, com enormes impactos ambientais, mas que resultará em benefícios a atividade da pesca artesanal e da manutenção da cultura açoriana, do ecoturismo e da redução dos estragos das cheias no Rio Araranguá; como também o asfaltamento da Serra do Faxinal em Praia Grande e da Rocinha em Timbé do Sul são indiscutivelmente positivos para o ecoturismo e a integração da cultura serrana e açoriana do litoral. Até a Interpraias, agora denominada de SC-100, seria bem vinda se atender as exigências ambientais de modo satisfatório, pois viabilizaria a implantação de pousadas ecológicas às margens do traçado, desde Passo de Torres até Araranguá, complementando com a ponte estaiada no lugar da balsa. A dinâmica do escoamento de produção e do turismo, por exemplo, devem ser trabalhados com muito planejamento, pois serão seriamente exigidos em todas as esferas que mantém a dinâmica das nossas vidas.
OBS. Reiteramos a necessidade de criarmos projetos que venham a potencializar nossos recursos naturais, como a implantação de usinas eólicas para a geração de energia limpa e mais barata a população regional (como entre Ilhas e Barra Velha), a criação de uma rodovia ecológica que possibilite a exploração do belo e encantador visual dos Aparados da Serra Geral (entre o Morro Grande, Timbé do Sul, Jacinto Machado e Praia Grande), apenas para citar dois exemplos de ações inovadoras, porém, antes é preciso aceitar a idéia/proposta de criar um plano de desenvolvimento para a região.

Um plano de desenvolvimento para avançar é preciso, antes de qualquer coisa, estabelecer um pacto de união entre as forças políticas da região (acima de interesses partidários), reforçando o espírito de integração regional. Antes da elaboração de um plano é preciso conhecer profundamente as potencialidades e reconhecer os pontos fracos, ou seja, traçar com coragem e determinação um mapa das vulnerabilidades sócio-econômicas e ambientais da região. A ausência de uma ‘’cultura de elaborar projetos’’ por parte das administrações municipais, de planos diretores participativos e de sistemas de esgotamento sanitário, precisam urgentemente fazer parte das gestões municipais. A adequada aplicação de verbas na preservação e distribuição dos recursos hídricos para a agricultura orgânica e as indústrias sustentáveis devem ser consideradas pelas administrações públicas, da mesma forma que o gerenciamento costeiro precisa ser encarado como disciplinador da expansão urbana na margem litorânea.

Complementando com a estratégica transformação das APPs em Unidades de Conservação (UC) como forma de preservação e habilidade na captação de recursos financeiros ‘’a fundo perdido’’ em infra-estrutura de conforto aos visitantes. A implantação da FAMA em Araranguá ou a criação de fundações nos demais municípios seria outro grande avanço na questão da fiscalização e do licenciamento ambiental, tornando-se assim, soberanos e independentes e ‘’livres da burocracia política da FATMA e do IBAMA’’, ao mesmo tempo captando as taxas de procedimentos administrativos, como alvarás de licenciamento, multas de fiscalização e outros que permanecerão e serão direcionados aos cofres dos próprios municípios.

Uma equipe qualificada multidisciplinar pode conduzir as premissas até chegar às diretrizes que irão definir as metas a serem cumpridas, num período a ser estipulado. Concluímos citando a importância da criação de um ‘’Observatório do Clima’’ na região epicentro do furacão Catarina e de outros eventos extremos do clima, como as violentas enchentes, as chuvas de granizo gigante, os ciclones extratropicais e os tornados (Um inédito projeto com recursos internacionais deverá ser anunciado em breve, tendo como sede a Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá). Precisamos de forma responsável investir urgentemente em prevenção e adaptação, afinal a nossa região seja, talvez, a que mais registro possui de ocorrências e adversidades climáticas do Brasil! Sabemos que isto não é bom, entretanto precisamos ‘’tirar proveito político’’ desta trágica e irreversível situação, da mesma forma que fizeram no Vale do Itajaí, em Angra dos Reis, no Nordeste e fazem com a Amazônia.

A proposta mais uma vez está colocada. Esta não é primeira vez que alertamos sobre a necessidade de planejamento para a região via Fórum de Desenvolvimento do Extremo Sul Catarinense (FDESC) e suas respectivas Câmaras Técnicas, tema que poderá ser debatido em parceria com a 22º SDR, as Universidades e/ou qualquer outro órgão ou segmento disposto a contribuir com o desenvolvimento do coletivo sul catarinense.


Tadeu Santos
Araranguá, Santa Catarina, 01 de janeiro de 2011.


Sócios da Natureza
ONG criada em 05 de Junho de 1980 para defender a natureza e uma melhor qualidade de vida para Araranguá e a região sul de Santa Catarina.

(Prêmio Fritz Muller de 1985 e Menção Honrosa do Prêmio Chico Mendes em novembro de 2010, instituído pelo ICMBio e MMA)

Integrante do Movimento pela Vida (MPV) da Região Sul de SC, filiada a Federação de Entidades Ecologistas Catarinenses (FEEC) e participante do AMS da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), do GT Energia e Clima do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS).

Conselheira Representante da Região Sul do País no CONAMA
e no FNMA Biênio 2009/2011.

’’ TRABALHANDO EXCLUSIVAMENTE DE FORMA VOLUNTÁRIA
E
SEMPRE BUSCANDO OBJETIVOS DE INTERESSE COLETIVO ’’

Rua Caetano Lummertz nº 386/403 – CEP 88900 000 – Araranguá – Santa Catarina
Celular: 48 – 9985 0053 Fone: 48 - 35221818
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