19 outubro, 2013

''UM BREVÍSSIMO OLHAR SOCIOAMBIENTAL SOBRE O EXTREMO DA REGIÃO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA''



Focaremos mais abordagens nos aspectos do extremo sul de Santa Catarina que pode ser a segunda região sócio-econômica mais pobre do Estado, mas para nós é a mais rica em recursos naturais, pois possui uma planície protegida pelo Oceano Atlântico e a Serra Geral, sendo a orla privilegiada com o santuário ecológico do Morro dos Conventos. Nesta planície existe o maior sistema lagunar de água doce de Santa Catarina e os maiores canyons da América Latina, tendo ainda as quatro estações do ano bem definidas.

OBS. Lembrando ainda que este mencionado território é candidato a tornar-se um geoparque pela UNESCO, com potencialidade eco-turística de ser eleito. Defendemos a ideia de ser estendido até a Serra do Rio do Rastro e Laguna, no entanto a geopolítica local não concorda com a ampliação.

Infelizmente os frágeis ecossistemas deste peculiar cenário estão seriamente ameaçados pela inadequada ocupação do homem, tanto na área urbana quanto na rural.

Os maiores impactos são provocados pelo setor industrial com a culpa maior da atividade carbonífera, que desde a extração até a queima do carvão mineral causa estragos irreparáveis aos recursos naturais, principalmente aos hídricos, ou seja, a água. Não obstante devemos deixar de mencionar a terra, a flora, a fauna e o ar, pois nada escapa das brutais agressões que as minas de carvão causam ao meio ambiente, além da famigerada queima de combustíveis fósseis pela usina Jorge Lacerda 857 MW, em Capivari de Baixo.

OBS. Outro projeto térmico chamado USITESC 440MW poderá ser instalado em Treviso, embaixo dos Parques Nacionais dos Aparados da Serra e da Reserva Estadual Biológica do Aguaí. Infelizmente mais uma fonte energética andando na contramão da História após a humanidade descobrir as renováveis!

Em 1980 foi decretada como uma das 14 áreas mais poluídas do país e nada foi realizado para reduzir este caos ecológico que afeta também a saúde pública, principalmente do trabalhador mineiro, que para sobreviver na superfície com a família precisa descer aos subterrâneos das insalubres minas, fascinado pela possibilidade de sair vivo com a aposentadoria aos 15 anos de serviço. Esta macabra condição não deixa de ser uma espécie de escravidão com a pele suja do ouro negro, também denominada de ganância infecciosa pelo Alan Greenspan (ex - FED).

Na área rural deste mencionado espaço, se observado pelas lentes de satélites via Google Earth, se percebe uma imensa mancha marrom causada pelo intenso desmatamento da vegetação de Mata Atlântica, incluindo as protetoras matas ciliares e nas encostas de morros. 
Como uma barragem precisou ser construída no lado norte da bacia do Rio Araranguá por causa da contaminação hídrica das minas de carvão, agora querem construir outra no lado sul por causa da rizicultura que comprometeu as nascentes da planície desde que iniciaram um programa governamental denominado de Pró - Várzea na década de 1970. A quantidade de água utilizada para a irrigação ainda é muito alta, porém o maior problema é o abusivo uso de agrotóxicos que não precisamos aqui descrever seus malefícios...

A ausência de políticas públicas para o fomento e fortalecimento de uma agricultura familiar orgânica saudável e atrativa transfere os colonos ao sedutor lucro da rizicultura, onde destroem suas hortas, arvoredos e até os jardins para ceder espaço para as canjas ilhando suas residências com cenas inacreditáveis.    

Dados estatísticos historicamente recentes, que remontam aos 50 anos atrás, mostram que a região é propensa a ocorrência de eventos extremos com enchentes violentas, como a de 1974 que apenas na cidade de Tubarão morreram 199 pessoas totalizando 250 nas outras duas bacias do Araranguá e Mampituba. No Natal de 1995 uma trombada d'água caiu sobre as virgens e íntegras encostas da serra numa dimensão de aproximadamente 30 km de extensão, arrasou quase toda a vegetação (conforme imagem em anexo), arrastando tudo em direção ao mar com 29 vítimas da localidade rural de Figueira, Timbé do Sul. Houveram colonos que perderam tudo, inclusive o fértil solo, pois suas propriedades se transformaram em praias de cascalho/seixo rolado. Na ocasião, equipe da Geociências da UFSC fez estudo sobre o fenômeno/catástrofe.

Em 28 de março de 2004 a região passou a registrar também a ''violência dos ventos'' com o advento do Furacão Catarina - o primeiro do Atlântico Sul, sendo que desde então a população passou a conviver com ciclones extratropicais e tornados, além de outras adversidades do clima, como chuvas de granizos gigantes e estiagens prolongadas.

Nós, como sociedade civil organizada tentando buscar respostas às indagações da população atingida realizamos dois ENCONTROS SOBRE FENÔMENOS NATURAIS, ADVERSIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (EFAMuC) em 2005 e 2009, resultando na instalação de uma bóia/sensor no mar e acreditamos que alguma coisa deve ter mexido com os ''corações e mentes'' dos participantes na grande maioria educadores.

Um lamentável imbróglio teve que ocorrer para que Araranguá fosse incluída na relação do ''Programa Cidades Resilientes da ONU'', juntamente com Blumenau, Itajaí, Rio do Sul e Tubarão, pois tivemos que denunciar na Procuradoria do Estado a exclusão de Araranguá - Epicentro do furacão Catarina, quando logo em seguida o governador determinou a inclusão de Araranguá e de Lages, sua terra natal.

OBS. Está sendo iniciada com imposição de políticas públicas e recursos do Banco Mundial a elaboração do ''Plano de Bacias do Rio Araranguá pelo programa SC-Rural''.

Basicamente nada está sendo feito em termos de prevenção e adaptação as tragédias do clima, com exceção das estações meteorológicas do TSGA I e a esperança de implementação do ''Observatório do Clima'' com a respectiva ''Biosfera'' via projeto VACEA / AVEC e parcerias.

Sócios da Natureza ONG
CNPJ 02.605.984/0001-60
Ofício de Registro de Pessoas Jurídicas, Araranguá - SC – Livro nº A-2, Folhas nº 039, Registro nº 364 de 18/05/1998.
ONG criada em 05 de Junho de 1980 para defender a natureza e uma melhor qualidade de vida para Araranguá e a região sul de Santa Catarina.

(Prêmio Fritz Muller de 1985 e Menção Honrosa do Prêmio Chico Mendes em novembro de 2010,
 instituído pelo ICMBio e MMA)

Ocupa a presidência do Conselho Ambiental do Município de Araranguá (COAMA) e
 a vice da Federação de Entidades Ecologistas Catarinenses (FEEC), Conselheira da APA da Baleia Franca, além de ser
 Conselheira Representante da Região Sul do País no Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA

CONSIDERADA DE UTILIDADE PÚBLICA PELO MUNICÍPIO DE ARARANGUÁ
Lei nº , 1817 de 15 de junho de 1998
‘’trabalhando exclusivamente de forma voluntária e sempre buscando objetivos de interesse coletivo, na defesa dos agredidos e oprimidos ambientais, como os rios, lagos, flora, avifauna, animais de rua, enfim de toda biodiversidade... ’’

Rua Caetano Lummertz nº 386/403 – CEP 88900 000 – Araranguá – Santa Catarina - Celular:  (48) 9985 0053 TIM
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