07 maio, 2012

350.ORG BRASIL, LIGANDO OS PONTOS NO MORRO DOS CONVENTOS, EM ARARANGUÁ - SC: UM HISTÓRICO MOMENTO PELO EQUÍLIBRIO CLIMÁTICO!


Cidadania Ambiental
Araranguá – SC, 08 de maio de 2012

(48 / 9985.0053 TIM)


Ao nosso modo, com outro olhar e outra atitude, estamos fazendo e registrando a história socioambiental de Araranguá e Região Sul de Santa Catarina. Participe também, seja nossa parceira/o nesta voluntária empreitada. O simples ato de recomendar a leitura destas mensagens já é uma atitude ecologicamente correta!

(Publicado também todas terças na contracapa do jornal O TEMPO DIÁRIO e no site da CONTATO)


AS DUNAS E AS FALÉSIAS DO MORRO DOS CONVENTOS FORAM PALCO DE PACÍFICO E HISTÓRICO MOMENTO PELO EQUÍLIBRIO CLIMÁTICO NA CAMPANHA MUNDIAL DO 350.ORG

A iniciativa da campanha Ligando os Pontos pela ONG 350.ORG tem o objetivo de mobilizar as pessoas ao redor do mundo, em especial os mais atingidos pelos impactos causados por extremos climáticos, para a justiça climática. A referência 350.ORG é uma menção às 350 partes por um milhão de CO² na atmosfera, cifra considerada por cientistas como o limite máximo destes gases para manter o equilíbrio no planeta Terra. Estudos comprovam cientificamente que este índice atingiu 392 ppm, o que significa dizer que já ultrapassou a zona de segurança para o equilíbrio da vida no planeta. Acredita-se que o aumento e a intensidade de ocorrência dos eventos extremos do clima nos últimos anos seja explicado por esse motivo. Os impactos vão desde o derretimento das geleiras da Groelândia até a ocorrência do furacão Catarina aqui na região sul de Santa Catarina, configurando um preocupante cenário com registros de tragédias causadas pela violência das águas e dos ventos em todo o planeta.

Vários fatores fizeram com que a coordenação da campanha do 350.org Brasil mantivesse contato conosco para participarmos do movimento internacional, propondo que criassémos um momento climático na região. Primeiro, por ser o epicentro do furacão Catarina e outras adversidades do clima e, também, por ser a região no país que mais emite CO² pela queima de combustíveis fósseis, tanto que é enquadrada em decreto federal (85.206/80) como uma das 14 regiões mais críticas do país em decorrência da famigerada atividade carbonífera, que explora e queima o carvão mineral de forma brutalmente agressiva aos recursos naturais e à saúde da população.

A campanha ou movimento visou integrar e unir o conflito local com o global na busca de adequadas soluções para a crise climática que a justiça ambiental nos exige, pois como sociedade civil organizada precisamos cobrar dos governantes políticas públicas que atendam as nossas atuais necessidades de sobrevivência, sem no entanto comprometer os direitos das futuras gerações. Com a parceria de ativistas de Florianópolis ligadas a 350.ORG Brasil e o apoio de ONGs / Entidades e Movimentos Sociais locais e da região, aproximadamente 150 pessoas participaram do evento ocorrido no ensolarado sábado do dia 05/05/2012, junto ao bar Beco das Dunas no santuário ecológico do Morro dos Conventos.

OBS. A escolha do local não foi pela sua cênica beleza, mas porque na ocorrência do furacão Catarina uma espécie de acordo foi quebrado entre elementos naturais que compõem a milenar falésia e as dunas eólicas, quando a areia avançou o ‘’sagrado’’ espaço vegetado e impregnou na rocha, justamente onde houve interferência humana quando da ruptura da falésia para permitir acesso à praia na década de 60. O fato não é trágico, mas tem um forte apelo simbólico sobre os desdobramentos que as ações antrópicas podem causar à nossa biodiversidade.

Inicialmente três documentos foram lidos pela coordenação, iniciando com a Rívea Medri lendo o release com a ‘’Proposta do 350.ORG’’, a Chen Lin leu trechos da ‘’Carta do II EFAMuC’’ e por último, Tadeu Santos leu o ‘’Manifesto ligando os pontos em Araranguá’’.

Destacamos a manifestação do Movimento Içarense Pela Vida com a presença de agricultores que resistem à mina 101 da empresa Rio Deserto, para desesperadamente proteger suas produtivas terras que estão ameaçadas pelo comprometimento dos sistemas superficiais e subterrâneos de recursos hídricos.

Por outro lado, vale destacar a parceria do pessoal da UFSC de Florianópolis e de integrantes do IF-SC Araranguá, da equipe de Projeto do Geoparque Caminhos dos Canions do Sul, o depoimento do Mobiliza Araranguá, da ONG Preservação do Morro dos Conventos, da Associação dos Turismólogos da Região da, a presença de representantes do Comitê de Bacias do Araranguá e do Mampituba, do Sinte e do Projeto Nossa Rua de Criciúma. Registramos também a presença do Secretário de Planejamento SEPLAN e do Comandante do Corpo de Bombeiros de Araranguá.

OBS.I. Contávamos com mais pessoas para atingir 350, mas ainda bem que prevaleceu a qualidade sobre a quantidade com ótimo resultado, porém a omissão reflete o perfil da realidade em que vivemos, onde ações socioambientais ainda não são devidamente valorizadas, infelizmente, por questões sociopolíticas culturais.

"Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos preocupados e comprometidos possa mudar o mundo; de fato é só isso que o tem mudado". Margaret Mead, antropóloga.

OBS.II. Na ocasião mencionamos o artigo da Cientista Social Luciana Butzke e Mariana Thibes, ‘’Manifesto por Justiça Climática: interface entre velhos e novos problemas socioambientais no Sul de Santa Catarina (2011)’’, do qual transcrevemos um pequeno trecho: O enfoque da justiça ambiental articula lutas de caráter social, territorial, ambiental e da casualidade histórica, a ênfase é deslocada para os processos sociais e políticos que distribuem de forma desigual os riscos e danos ambientais. Tendo como referência este enfoque, o objetivo deste artigo é analisar as potencialidades e limites do MANIFESTO POR JUSTIÇA CLIMÁTICA, iniciativa pioneira em SC, que inaugura o debate local sobre mudanças climáticas articulado aos problemas ambientais já existentes no território.’’

Coordenação Geral ONG Sócios da Natureza


NOTA DE ESCLARECIMENTO:

A anunciada vinda de uma equipe de TV alemã para registrar o momento climático do Morro dos Conventos ‘’furou’’ por acharem complicado o deslocamento até Araranguá e preferiu ficar no Rio de Janeiro.

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‘’MANIFESTO LIGANDO OS PONTOS EM ARARANGUÁ/SC’’

Nós, comunidades do sul de Santa Catarina, afetadas pelo furacão Catarina em março de 2004, o primeiro na história do Atlântico Sul, o qual atingiu severamente nossas áreas rurais e urbanas, nossos recursos naturais e a vida de milhares de pessoas;

Nós, que já tínhamos sérios problemas com as adversidades climáticas com eventos extremos violentos de vento e precipitação causando tragédia nas nossas comunidades.

Estamos cientes e preocupados com as consequências das mudanças climáticas e reconhecemos nossa situação de vulnerabilidade frente à, a violência das águas e dos ventos!


Mediante este cenário exigimos que o Governo Brasileiro:

- Reconheça as trágicas consequências do aquecimento global, atuando com mais firmeza no âmbito nacional e internacional.

- Crie, apóie e promova em regime emergencial, a implementação de políticas e programas de adaptação à mudança climática voltados às regiões costeiras, em especial, na área atingida pelo furacão Catarina.

- Cobre dos países desenvolvidos a redução de emissões de gases de efeito estufa e os custos de adaptação.

- Crie normas protecionistas para a questão ambiental para empresas estrangeiras que venham ameaçar, poluir ou comprometer a nossa biodiversidade.

- Reforce a fiscalização para evitar as queimadas e o desmatamento em todos os biomas do país, principalmente na Amazônia, acompanhadas de programas de educação ambiental.

- Determine a gradual paralisação das termelétricas a carvão no sul de SC (Complexo Jorge Lacerda 856MW da Tractebel/Suez) e RS (Candiota e Jacui), principais responsáveis pelas emissões de CO² nessas reigiões.


Em face dos conflitos locais/regionais, também apelamos por decisões globais junto aos países desenvolvidos para que:

- Criem ‘’outros’’ mecanismos mais eficientes que os adotados atualmente para reduzir as emissões de gases.

- Tomem a dianteira na redução de emissões de gases de efeito estufa.

- Determinem o gradativo fim da extração de combustíveis fósseis.

- Financiem os custos de transição energética.

- Financiem a implementação de energias renováveis como a Eólica e Solar, por exemplo,

- Incentivem a eficiência energética.

- Assumam os custos de adaptação dos países em desenvolvimento.

- Reduzam drasticamente seu padrão de consumo insustentável.

- Assumam compromissos éticos, financeiros e vinculantes para deter o aquecimento global.

Nós, que estamos em um local onde ocorreu o epicentro do furacão Catarina, unidos num movimento mundial por justiça climática, para que nossas vozes sejam ouvidas, mais uma vez esperamos que os governantes escutem a voz dos aflitos e mais vulneráveis, dos que são ignorados e excluídos do processo; que dêem respostas às tragédias do clima e o façam de forma responsável garantindo a qualidade de vida a toda a humanidade sem, no entanto, comprometer o direito das futuras gerações.

Araranguá - SC, 05 de maio de 2012.





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