13 janeiro, 2012

O DESENVOLVIMENTO DE ARARANGUÁ E DA REGIÃO DO EXTREMO SULCATARINENSE - AMESC

O DESENVOLVIMENTO DE ARARANGUÁ

E DA REGIÃO DO EXTREMO SUL CATARINENSE (AMESC).

(Texto escrito no início de 2010)


Um olhar socioambiental para o município em que adotei para viver em 1984, no qual orgulhosamente fui agraciado com o titulo de ‘’Cidadão Araranguaense’’ em 2004, apesar de haver nascido na então vila de Praia Grande em 1951, na época pertencente ao município de Araranguá. Todavia com um olhar mais abrangente, pois não podemos pensar apenas em nós município pólo, mas em toda região do extremo sul do Estado de Santa Catarina nesta histórica virada de década, de novos governantes, de expectativas e sonhos. Registramos, porém, que o olhar não se estende a outros setores do qual não temos domínio e/ou profundo conhecimento, tanto de dados quanto de informações, como da Saúde, Educação, Economia, Pesca, Agricultura, entre tantos outros. No entanto reafirmamos que a questão socioambiental é de relevância e sentido transversal na vida de todos nós.


Arara Azul - Foto Luciano Candisani
Ninguém mais pode subestimar a luta pela preservação ambiental neste município, nesta região, neste estado e neste país, pois o planeta Terra é muito pequeno, tanto que qualquer atitude pessoal pode influir na biodiversidade local ou no aquecimento global, por exemplo. Antes eram apenas os ‘’ambientalistas’’ que alertavam sobre as emissões de gases efeito estufa, hoje são ‘’cientistas’’ que imploram a redução da queima de combustíveis fósseis, antes eram apenas as ‘’ONGs’’ que contestavam o avanço capitalista do consumo desenfreado, enquanto que atualmente é a ‘’ONU’’ que adverte sobre o iminente perigo apontado no Relatório Stern, ex-Diretor do Banco Mundial, que afirma categoricamente que se os atuais governantes gastarem 1% do PIB mundial na implantação de medidas preventivas contra o aquecimento global, não precisará gastar 20% do PIB mundial no ano de 2020. A questão ambiental, queira ou não, faz parte da agenda política, basta avaliar o surpreendente resultado da candidatura da ex-ministra Marina da Silva com quase 20 milhões de votos.

Nós podemos declarar e assinar que estamos fazendo a nossa parte, apesar de todas as dificuldades inerentes a dedicação voluntária na empreitada preservacionista, conjugada com a busca por uma melhor qualidade de vida para a população. Neste final de década obtivemos reconhecimento com convites para palestrar em SP, RJ, BSA, CE, na Cúpula do Mercosul em Salvador na BA, Cumpre de Los Pueblos em Santiago do Chile, na OCMAL em Quito/Equador, entre tantas outras que não cabem aqui mencionar. Nesta década de 2010 obtivemos inúmeras derrotas e significativas vitórias como a luta pelo Desvio da Duplicação da BR-101 em Araranguá, ocupação do importante cargo de Conselheiro do CONAMA e do FNMA, além de outras funções, significativas publicações e responsabilidades de relevância socioambiental neste país. OBS. Em março próximo será lançado um livro sobre os impactos do carvão na região, com um capítulo escrito por integrantes da ONGSN. Mais informações no www.tadeusantos.blogspot.com.br

Se possuíssemos o poder da mágica de transformar a matéria mesmo contrariando o princípio da sua conservação, esclarecido por Lavosier e imortalizado pela sua célebre frase ‘’NA NATUREZA NADA SE CRIA, NADA SE PERDE, TUDO SE TRANSFORMA’’, poderíamos construir um mundo melhor para a humanidade, certamente que a partir deste momento o mundo deixaria de ser perfeito, pois a transformações precisam ocorrer de forma natural para manter o equilíbrio da biodiversidade no planeta Terra. Esta breve introdução é para provocar reflexão sobre as inadequadas formas que o homem exerce sobre os recursos naturais como a água, o solo, a flora e o ar, explorando-os brutalmente para suprir suas necessidades sem se preocupar com o direito e as necessidades que estão por vir das futuras gerações. O ex-presidente do FED, Alan Greenspan, um dos mais respeitados ícones do capitalismo moderno, classificou esta conduta de ‘’ganância infecciosa’’. Isto então é preocupante! Sugerimos a leitura do COLAPSO, livro do escritor Jared Diamond para um entendimento maior sobre a decadência das civilizações.

Ator representando mineiro com a pneumonoconiose  na  rua Felipe Schmidt  em Floripa
O que a atividade carbonífera fez com os recursos hídricos da região é uma das inadequadas formas de tratar este importante e finito recurso chamado ‘’água’’. Um crime que causa não apenas prejuízo ambiental, mas social e econômico, pois retira a possibilidade de cidadãos carentes utilizarem a pesca para o sustento da escassa ceia alimentar, compromete significativamente a agricultura em todos os aspectos, elimina por um período superior a 100 anos a captação de água para o abastecimento do município de Araranguá e afugenta possíveis investimentos que necessitam de água com qualidade, enfim, é comprovadamente um malefício irreparável ao Rio Araranguá. Se nem microorganismos conseguem sobreviver com a acidez da água, quem garante que a saúde da população não estará sujeita a mutações orgânicas de efeitos colaterais irreparáveis. Todo mundo sabe do dano, mas ninguém faz nada para reverter, pois parece que passou a ser normal esta tragédia na vida das pessoas, dos empreendedores, dos políticos, dos governantes e dos agentes responsáveis pelo cumprimento da legislação. Este é apenas um exemplo de desenvolvimento que não interessa a população de Araranguá e região da AMESC. A história está registrando o descaso e a omissão!

A região do extremo sul catarinense (AMESC) é considerada uma das mais pobres economicamente do Estado de Santa Catarina, perde apenas para a região serrana de São Joaquim e Bom Jardim da Serra, porém possui, talvez, a maior riqueza natural dentre as outras, como os Aparados da Serra com seus maravilhosos canyons do Itaimbezinho e Fortaleza – os maiores da América do Sul. Na planície entre a Serra Geral e o Oceano Atlântico tem a Lagoa do Sombrio com seu maior sistema de água doce do Estado de SC, além de outras belezas naturais, destacando o santuário ecológico do Morro dos Conventos e a magnífica foz do Rio Araranguá, por exemplo. Tanto é verdade que especialistas estão apostando na candidatura da região a obtenção do reconhecimento da UNESCO, como região habilitada à classificação de intenso interesse geológico, com a implantação de um Geoparque que poderá ser denominado de Mampituba ou Itaimbezinho, mas estendendo-se até Torres e a Serra do Rio do Rastro, formando um triângulo inigualável em riquezas geológicas. Daí a importância da implantação do Comitê de Bacias do Mampituba e outros avanços organizacionais e de governança que serão rigorosamente avaliados pelos técnicos da UNESCO.


(A PARTE FINAL CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO)