09 setembro, 2015

PLANO DIRETOR DE ARARANGUÁ - 2015


PLANO DIRETOR DE ARARANGUÁ - ANO 2015
Uma provocativa reflexão sobre esta mais importante ''obra'' do município!


                Estamos acompanhando o processo de elaboração do Plano Diretor de Araranguá desde a administração municipal do prefeito Primo Menegalli, quando em 2002, criou via decreto municipal nº 1772/2002, o Conselho de Política Urbana do Município de Araranguá (CPUMA), atendendo a determinação da Lei Federal nº 10.257 de 2001 do inovador Estatuto das Cidades. Justificando a necessidade de constituir um sistema de consultoria e gestão democrática para a elaboração do Plano Diretor até o ano de 2005, prazo estipulado para todos os municípios brasileiros.

                A composição do CPUMA apesar de eclética causou discussão pela ocupação de dois assentos ao Lions (um ao Norte e outro ao Sul) e apenas um para a UAMA, como também pela ausência de representantes da agricultura, da pesca e do setor imobiliário. Da mesma forma, contestamos a presença do Promotor de Justiça da Comarca, considerando que o Ministério Público Estadual (MPE) é a mais legítima instância capacitada para avaliar e analisar se o PD está de acordo com a legislação. Houve avanços com as palestras ministradas por especialistas convidados durante as várias reuniões ocorridas nas instalações da UNISUL e da Câmara de Vereadores (na Cidade Alta). Da formação deste conselho talvez sejamos as únicas testemunhas, já que o tempo passou e novos protagonistas surgiram, uns para contribuir/construir e outros para complicar!

                Sem nenhuma consulta ao CPUMA a Administração Municipal contratou a UNISUL para fazer o projeto em um pacote que incluía um concurso para admissão de funcionários. A total falta de conhecimento dos técnicos com a realidade do nosso município ficou demonstrada nas primeiras reuniões, quando erroneamente apontavam o Morro dos Conventos como se estivesse no lado oeste e a Sanga da Toca no lado norte do território araranguaense, além de abordarem apenas a região do perímetro urbano central. 

                Depois de muitas discussões e vários ofícios protocolados na prefeitura com alertas sobre a irregularidade cometida, foi tornado nulo, pois contrariava totalmente a 10.257/2001 do Estatuto das Cidades que determinava que o Plano Diretor tivesse que, obrigatoriamente, abranger todo o território do município de Araranguá.

                A etapa seguinte foi no mandato do prefeito Mariano Mazzuco que com o prazo esgotado de 2005, pelo Ministério das Cidades, surgiu uma outra situação ao enquadrarem os municípios que margeavam a Duplicação da BR-101 no processo de medidas compensatórias e a elaboração dos PD passou para a responsabilidade do DNIT/MT que, em parceria com a CODESC, abriu edital e a vencedora foi a empresa de Curitiba Hardt/Engemin, sem nenhum conhecimento da realidade de Araranguá (..até a FECAM acionou a maracutaia!). E com a mesma repetição de erros “imperdoáveis”, do qual novamente contestamos que Araranguá não merecia tanto, considerando ser uma referência em urbanismo com as avenidas projetadas em 1890 a partir do visionário intendente que contratou o então engenheiro Mesquita.
                Mediante as circunstâncias o Prefeito Mariano Mazzuco criou o Núcleo Gestor para trabalhar o Plano Diretor e a partir daí o cenário mudou, quando então o Secretário de Planejamento, engenheiro Leonardo Tiscoski passou a coordenar as Leituras Comunitárias com o apoio técnico do arquiteto Nelson Prohmann. Registramos aqui que o processo de construção do PD avançou consideravelmente em todos os sentidos, principalmente com as primeiras reuniões ocorridas no ATC, SAMAE e por final no Salão Comunitário da Vila São José durante o ano de 2011 e 2012, quando foi aprovada a Lei do Plano Diretor pelo Poderes Legislativo e Executivo do Município de Araranguá. Ressalta-se que foi um momento histórico em que tivemos a honra de ser protagonistas!
                A atual administração recomeçou a debater o Plano Diretor apenas no final do segundo ano de mandato, ou seja, no final de 2014. As circunstâncias atuais são outras, mesmo tendo a coordenação dos trabalhos sob a competência e experiência do Prohmann e a dedicação demonstrada pelo Secretário de Planejamento Everton José da Silva.
                Na reunião de terça, dia 01/09/15, me abstive na votação do Mapa do Zoneamento Urbano (Macrozonas), pois falta uma definição clara e objetiva do que a população quer para Araranguá, afinal estamos tentando definir diretrizes que apontarão como o município irá se desenvolver adequadamente em relação ao uso do solo e a expansão urbana em seu território. Esta tarefa/missão não é uma equação fácil, exige conhecimento dos técnicos e a indispensável participação dos segmentos organizados da sociedade civil para ter legitimidade e credibilidade em tudo que for decidido nas plenárias.

                Pontos fundamentais precisam ser abordados como a definição de qual o futuro que queremos para o nosso município e questões ambientais com enfoque nas áreas verdes. Como a ameaça de ocupação do topo do Morro Azul (ver foto em anexo do estrago paisagístico, que não quero ser cúmplice...!!!), de uma urgente e clara definição sobre o banhado da XV de Novembro e do Mané Angélica. Em que pese ainda a preocupação com o Sistema Lagunar (incluindo o Açude Belinzoni), o Rio Araranguá, a Orla Marítima (Morro dos Conventos e Ilhas, por exemplo) momentaneamente debatido no Projeto Orla complementando com os projetos de criação das Unidades de Conservação - UC, do qual teve o decisivo empenho da ONG Sócios da Natureza quando coordenadora da CTMA do FDESC/AMESC.
                Plenárias esvaziadas não são democraticamente confortáveis e saudáveis, tanto que voltei a tocar no assunto e, oportunamente, sugeri a representante da UAMA, que motivasse os representantes de cada bairro/comunidade a participar do processo, pois de uma forma ou de outra, sempre contribuem com informações, além de levarem os pontos mais relevantes às associações dos respectivos bairros. É assim que deveria ser um Plano Diretor Participativo!  

                Conforme documentos e fotos em anexo já reivindicamos a convocação do democrático ''Conselho das Cidades'', como forma de dar legitimidade aos debates, agora pelo aprimoramento das leis complementares debatidas pelo Núcleo Gestor, que poderá até continuar para fazer a adequada transição prestando apoio técnico e logístico ao Conselho.
                Considerando que a Lei do Plano Diretor já foi aprovada, porém a Administração Municipal entende de outra forma e está protelando a convocação. Considerando que o ''Conselho das Cidades'' já está com a sua composição constituída, apesar de ficar deverasmente preocupado com a 'declaração' de um importante membro político local que o “Conselho das Cidades” é apenas ''consultivo'', quando que não terá nenhum sentido se o de Araranguá não for deliberativo...

Transcrição I: O secretário concluiu comentando que iria consultar o Depto Jurídico da PMA para saber se é legal continuar construindo as leis complementares do PD através do Núcleo Gestor ou se via Conselho da Cidade!!!  Ora, o Conselho da Cidade é mais legítimo, portanto tem mais credibilidade por ser deliberativo e esta condição é encarada pela maioria das administrações municipais como uma espécie de poder paralelo, quando na verdade é a democrática gestão participativa popular que tanto buscamos!
Transcrição II: Insisto que antes de debaterem-se mapas e textos deveria se debater o conceito de cidade, existem muitos erros que devem ser corrigidos e existe um preço a ser pago por esta e pelas próximas gerações dependendo do modelo do conceito de cidade que se adotar. Os propositores têm que ter claro para onde vão levar o futuro do Município de Araranguá. Não basta preparar o barco, a tripulação e o vento a favor, não quando não se sabe pra onde ir, daí todo vento será desfavorável ao objetivo traçado nos debates!

                Considerando os fatos e a recente perda familiar do arquiteto Nelson Prohmann propomos uma pausa nas reuniões de forma a estudar mecanismos que venham garantir a presença dos integrantes do Núcleo Gestor e dos cidadãos araranguaenses nas Audiências Públicas ou, então, a convocação do ''Conselho das Cidades'' que é constitucionalmente correta, adequada e necessária!  

OBS. Todos os documentos e fotos citados estão publicados no www.tadeusantos.blogspot.com (...a História precisa ser contada de forma honesta, atuante e leal aos fatos. É o que estamos fazendo!)


Tadêu Santos
Integrante da ONG Sócios da Natureza e presidente do COAMA
Araranguá - SC, 08/09/2015

Sócios da Natureza

Organização Não-Governamental