04 julho, 2015

BREVE RELATO COMENTADO SOBRE A AUDIÊNCIA PÚBLICA DA ''MINA C MARACAJÁ''




BREVE RELATO COMENTADO SOBRE A AUDIÊNCIA PÚBLICA DA ''MINA C MARACAJÁ''
                A audiência pública (AP) iniciou às 19:45 e encerrou por volta das 23:45 horas do dia 02/07/2015, no salão comunitário São Valentim, na localidade rural do Espigão da Pedra (onde está situada a controversa penitenciária estadual), Município de Araranguá, com pouca presença de público, sendo a maior parte formada por moradores locais araranguaenses.  
                Como é de praxe regulamentar a AP iniciou com a exibição em um audiovisual (de péssima qualidade, além de um fundo musical inadequado com o áudio da locutora!) mesclando a justificativa do empreendimento com um resumo do RIMA seguida de uma apresentação técnica baseada em imagens e confusos gráficos em uma pequena e distante tela, que durante 60 minutos ''pintaram a mina de carvão de verde'' tamanha era a modernidade da engenharia teórica proposta para extrair o minério carvão das profundezas dos subsolos dos municípios de Maracajá 68%, Criciúma 15% e Araranguá 17%, sem praticamente poluir a natureza... quando que na prática os resultados são outros, digo, extremamente impactantes!!!
                É incrível como os defensores do minério carvão criam marabolismos para tentar mostrar que a brutal atividade carbonífera evoluiu com modernas tecnologias em relação ao passado, porém convencendo poucos como no caso da mulher que tinha comentado que havia perdido o pai com a pneumoconiose e mesmo assim foi a única a levantar-se a favor da mina quando provocada pela advogada Tina Rosso, esta sim moradora nativa do Espigão da Pedra.
                Após a apresentação do empreendedor o coordenador regional da FATMA Felipe Bachisnki oportunizou aos moradores da localidade onde será a sede da mina (do outro lado da BR-101) a exibirem um vídeo da atual situação do local para poderem no futuro fazerem comparações. Quando para minha surpresa o representante engenheiro Claudio Zilli da Mineradora Metropolitana sugeriu que filmasse mais áreas e inserisse uma locução identificando os locais, tipo os açudes e propriedades do entorno da ''boca da mina''...
                Na sequência o coordenador da AP pessoalmente leu o nosso ''''MANIFESTO PÚBLICO CONTRA A ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO E QUEIMA DE CARVÃO MINERAL, Uma Injustiça Social, Ambiental e Climática!!!'''' em anexo e no blog '' http://www.tadeusantos.blogspot.com '', do qual havíamos solicitado a leitura ao protocolar antes de iniciar a AP, demonstrando uma atenção cordial a nossa reivindicação (também em anexo) em que formulei como presidente do CONSELHO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE ARARANGUÁ (COAMA). 

                Após o intervalo várias manifestações ocorreram destacando as intervenções da Tina Rosso, do seu irmão historiógrafo e de um impetuoso agricultor que criticou a linguagem técnica. Lembrando ainda a manifestação do então vereador Eduardo Chico Merêncio (autor da lei contra mina em Araranguá e derrubada com a ADIN pelo SIECESC) comunicando que o prefeito de Araranguá também não concorda com a mineração no subsolo do município que administra. A outra manifestação foi do vereador Ozair Banha da Silva, que juntos, na primeira AP de 2014, em Maracajá, havíamos solicitado a FATMA a realização de uma audiência pública também em Araranguá.

                Contesto aqui a fala do representante do DNPM ao dizer que os mineiros não adquirem mais a pneumoconiose, que é coisa do passado, mas então porque o estado continua a aposentá-los com apenas 15 anos de trabalho! Concordo que os índices reduziram após o uso d'água nas brocas, mas os mineiros de qualquer modo continuam tendo graves problemas pulmonares com a poeira gerada nos insalubres ambientes subterrâneos das minas de carvão!

                Ao final o Dr. Darlan Dias, procurador da República fez uma série de comentários, sendo que alguns respondendo a questionamentos feitos pelo público e outros de certa forma tomando parte, quando entendemos que deveria demonstrar neutralidade/imparcialidade em relação à conflituosa e polêmica atividade carbonífera. Suas respostas em relação às colocações relativas a suja e poluente queima de combustíveis fósseis e a recuperação ambiental que entendemos não ser satisfatória e que não acabará nunca. A sentença de 2000, assinada pelo então Juiz Federal Paulo Blum Vaz, que registro usava minhas fotos nas suas palestras e inclusive no processo que condenou as mineradoras a recuperarem até 2010, quando o lobby das poderosas e ricas mineradoras conseguiu prorrogar para 2020 e conseguirá para 2030, 2040, 2050...

OBS. Hoje, dia 03, pela manhã o eng. Claudio Zilli mandou entregar o CD em meu apto e enviou e-mail com o 'power point' conforme havia prometido quando solicitei a cópia ontem durante a AP e que oportunamente fiz comparação com o prometido avanço tecnológico na exploração do carvão, sem no entanto, ter tecnologia para disponibilizar na ocasião cópia da apresentação ao meu 'pendrive'.

Conclusão: A AP foi do meu ponto de vista bem conduzida e sem o clima de tensão e insegurança em relação a outras das quais já participei, com acusações constrangedoras e ameaças de agressão física...


CARVÃO AQUI NÃO!!!                                                                                                                                       Tadêu Santos