30 setembro, 2012

LAGOA DO CAVERÁ, A MAIOR LAGOA DE ''ÁGUA DOCE'' DO ESTADO DE SANTA CATARINA ESTÁ AGONIZANDO!!!


Cidadania Ambiental
Vista Lagoa do Caverá - Fotos tadêusantos

Araranguá – SC, 28 de setembro de 2012
(48 / 9985.0053 TIM – tadeusantos@contato.net)

           
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LAGOA DO CAVERÁ, A MAIOR DE ''ÁGUA DOCE'' DO ESTADO DE SANTA CATARINA ESTÁ AGONIZANDO!!!
Por Tadêu Santos

         
          A maior lagoa de água doce do Estado de Santa Catarina está sofrendo um processo de assoreamento rápido e assustador, com possibilidade real de desaparecimento total do seu corpo hídrico. Observando que a Lagoa do Sombrio não é mais a maior de água doce de SC porque parte dos seus recursos hídricos estão salinizando depois da abertura de um canal reto ligando ao Rio Mampituba, antes ligado por sinuosos cursos. O extinto DNOS, no início da década de 60, promoveu a abertura de canais em todo o sistema lagunar do Sombrio, exatamente entre a Lagoa da Serra e o Rio Mampituba para atender interesses privados. Este canal, comprovadamente, causou grande impacto ambiental em todo o ecossistema lagunar.

          Vários fatores são responsáveis pelo comprometimento da integridade das suas nascentes, considerando que existe um processo natural de assoreamento. No entanto, a pressão antrópica em todo o entorno da lagoa está acelerando o seu desaparecimento.
                   
          Após a violência dos ventos do Furacão Catarina sobre a vegetação flutuante que atuava como uma espécie reguladora das águas (e na sequência haver a abertura de canais em vários pontos para facilitar a exploração da turfa e de uma absurda ''limpeza'' para as pastagens), os moradores afirmam que esta obra, executada com autorização da FATMA, desequilibrou o nível d'água aumentando a vazão. Por isso estão pedindo para 'estancar' a saída d'água, que em determinados períodos chega a criar correnteza conforme depoimento de agricultores locais.
         
          Mas não é apenas este o problema a ser resolvido com a implantação de um vertedouro que está para ser construído de acordo com estudos técnicos do Deinfra. E que ainda não definiu a altura desta comporta, que no nosso entendimento, não deve ser inferior a dois (2) metros de altura, de forma a manter um nível seguro para a sobrevivência da Lagoa do Caverá.
OBS. Pode parecer incrível, mas a elevação do nível de água na calha natural da lagoa poderá criar resistências dos proprietários que a margeiam porque a a utilizam para várias atividades, como para a pecuária por exemplo. 

          O uso e ocupação inadequada no entorno da lagoa também é um dos fatores que mais danos causam aos ecossistemas que funcionam como uma espécie de mata ciliar protetora das nascentes, desde a agricultura (com menor impacto) e a exploração da turfa, esta talvez a mais danosa ao equilíbrio do ecossistema local. Quando se fala em entorno a dimensão desta faixa de amortecimento pode variar chegando até dois quilômetros, principalmente ao redor das sangas e córregos que contribuem com o manancial hídrico.

          É preciso urgentemente providenciar, via decreto, a transformação das Áreas de Preservação Permanentes (APP) em Unidades de Conservação (UC) para possibilitar a elaboração de Planos de Manejo em todo o sistema lagunar. Como também habilitar a busca de recursos financeiros para a preservação deste estratégico manancial de água doce e potável do Estado de Santa Catarina. Como este ecossistema está localizado em território de vários municípios, compete ao Estado ou a União a responsabilidade pelo processo de salvamento das lagoas.

          Existe um projeto desenvolvido a partir de uma iniciativa da Câmara Temática do Meio Ambiente do FDESC, sob a coordenação da ONG Sócios da Natureza, propondo a criação da Unidades de Conservação UC, baseado em um diagnóstico da empresa de consultoria Socioambiental, na época intensamente debatido com a população de entorno das lagoas que pertencem ao sistema lagunar do Sombrio. Infelizmente o processo não avançou!

          O Plano de Manejo consiste em levar a Unidade de Conservação UC a cumprir com os objetivos estabelecidos na sua criação pelo administrador público e a sociedade; definir objetivos específicos de manejo, orientando a gestão da Unidade de Conservação através de um Comitê constituído pelas comunidades de entorno; promover o manejo da Unidade de Conservação UC, orientado pelo conhecimento disponível e/ou experiência adquirida. Ele estabelece ainda um zoneamento, visando a proteção de seus recursos naturais e culturais.

''Para tanto, é essencial conhecer os ecossistemas, os processos naturais e as interferências antrópicas positivas ou negativas que os influenciam ou os definem, considerando os usos que o homem faz do território, analisando os aspectos pretéritos e os impactos atuais ou futuros de forma a elaborar meios para conciliar o uso dos espaços com os objetivos de criação da Unidade de Conservação''.
''Desta forma, o manejo de uma Unidade de Conservação implica em elaborar e compreender o conjunto de ações necessárias para a gestão e uso sustentável dos recursos naturais em qualquer atividade no interior e em áreas do entorno dela de modo a conciliar, de maneira adequada e em espaços apropriados, os diferentes tipos de usos com a conservação da biodiversidade''
''A Lei Nº 9.985/2000 que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação define o Plano de Manejo como um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos de gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais'' (www.mma.gov.br)

          Concluindo, se estas delicadas áreas não forem protegidas devidamente, como a legislação prevê e determina, em breve a Lagoa do Caverá passará a ser apenas pequenas poças d'água em terras úmidas também conhecidas por banhados. O espaço que hoje serve de calha para o manancial hídrico passará a ser ocupado com pastagens e extração de turfa, ou seja, um capricho dos deuses que agradará a bem poucos!

OBS. Não será este o cenário que queremos para este delicado ecossistema que agonia, pois ele pode até desaparecer, porém mais cedo ou mais tarde responderá de alguma forma que não será benéfica a biodiversidade?
Alexandrina Goulart Gonçalves 87 anos e Clésio,
ambos moradores do entorno da Lagoa do Caverá.


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TEMAS QUE PODERÃO SER ABORDADOS NAS PRÓXIMAS EDIÇÕES:

Ø  OS CRIMES GERADOS PELA POLUIÇÃO DO CARVÃO ''É TAMBÉM UM CASO DE POLÍCIA, DIGO, FEDERAL COMO AGIRAM NO RIO IGUAÇU!

Ø  POLUIÇÃO SONORA: QUANDO ESTA BADERNA GENERALIZADA IRÁ ACABAR NESTE PAÍS?
Ø   
Ø  JOGAR LIXO NO CHÃO NÃO É APENAS UMA QUESTÃO DE EDUCAÇÃO, MAS TAMBÉM DE CARÁTER!