Cidadania
Ambiental
Araranguá – SC, 03 de junho de 2014
(48 / 9985.0053 Vivo)
Ao nosso modo, com outro olhar e outra atitude,
estamos fazendo e registrando a história socioambiental de Araranguá e Região
Sul de Santa Catarina. Participe também, seja nossa parceira/o nesta voluntária
empreitada em defesa da natureza e de uma melhor qualidade de vida para toda
população.
OBS.
Lembrando que o simples ato de recomendar, comentar ou divulgar a leitura
destas mensagens ou do blog a outras pessoas já é uma atitude ecologicamente
correta!
‘’AQUI O MEIO AMBIENTE É TRATADO
COM SERIEDADE, OBJETIVIDADE, INDEPENDÊNCIA E ÉTICA!
BUSCAMOS DE FORMA
ESTRITAMENTE VOLUNTÁRIA O EQUILÍBRIO ECOLÓGICO,
POR ISSO COMBATEMOS QUALQUER TIPO
DE RADICALISMO OU EXTREMISMO’’
(Publicado também no jornal O TEMPO DIÁRIO, VOZ DO
SUL e no site da CONTATO, no FACEBOOK, além da publicação do link
SOCIOAMBIENTALISMO em vários outros sites e blogs)
OBS.
Repasso um texto assustador alertando sobre ‘’’homem estar acelerando a
extinção das espécies’’’,
pois
devido a '''uma série de compromissos''' não tive tempo de elaborar temas para a
minha coluna.
A notícia que o artigo publicado hoje pela revista “Science” traz é que o desaparecimento da
biodiversidade global é, atualmente, mil vezes mais veloz do que se ele
acontecesse naturalmente, sem o impacto do homem. É uma taxa muito maior do que
a estimada anteriormente, em 1995, quando estava em cem vezes. Mas,
sinceramente, diante do galope da industrialização sobre os recursos naturais,
não se podia imaginar mesmo um cenário muito diferente disso. E, é claro, daí
para pior.
Afinal, cada vez que uma hidrelétrica começa a ser
erguida nas profundezas da mata, por exemplo, quando se precisa mudar a rota do
rio, muitas espécies se perdem. Bicho não é como gente, não se adapta fácil a
novos habitats. Por mais que já haja hoje uma variedade enorme de tecnologias
para minimizar esses danos – e às vezes conseguem –, os tipos que só se
reproduzem em determinado lugar vão sofrer ameaça de extinção, isso é fato.
Quando as luzes se acendem, tempos depois, na comunidade impactada e
beneficiada pelo projeto, elas fatalmente vão iluminar praças com menos algumas
plantas, aves e pequenos animais que se foram para nunca mais, em nome do nosso
progresso.
É assim, e uma visão romântica disso só serve para
arranjar outra maneira de enxergar a situação. Em algum período da história, o
homem decidiu que seria o centro desse mundo, e isso foi muito ruim para vários
bichos e plantas. Poderia haver mais ética nessa relação, com certeza. Mas, se
insisto em torcer o nariz para um churrasco e defendo o consumo de mais
vegetais e plantas em grupo de amigos, os mais carnívoros já me deixaram sem
resposta quando me perguntam: “Ah, é? E o que fazer quando houver mais bicho do
que gente? Onde guardar os bois e vacas?”
São provocações? Sim, mas, de verdade, muita gente
pensa desse jeito. Gosto de imaginar que teria lugar para todo mundo se o homem
tivesse um olhar menos extrativista para os bichos e plantas.
Chega de divagações. O que importa aqui é informar
a vocês que no estudo divulgado pela “Science” existe outro detalhe que não se
pode desprezar: a falta absoluta de precisão nos dados. Leiam o que dizem os
autores do artigo, entre eles Clinton Jenkins, professor visitante da Escola
Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade do Instituto brasileiro de
Pesquisas Ecológicas (IPE)*:
“Sabemos o suficiente para perceber que a nossa
ignorância sobre os números de espécies, sua distribuição e status afeta
fortemente as principais estatísticas da biodiversidade. Estudos sugerem que
30% das plantas estão ameaçadas. Mas há outros 14% sobre os quais não há dados
suficientes para avaliar seu estado”.
Na edição revisada de 2008 do livro “Seria melhor
mandar ladrilhar?”, a bióloga Nurit Bensusan conta que há vários obstáculos
para o conhecimento de todas as espécies do planeta. A dificuldade de se chegar
aos ambientes onde vivem a grande maioria; a diferença no interesse dos
pesquisadores pelos diversos grupos de organismo mas, sobretudo, porque as
espécies estão desaparecendo antes que se possa chegar a conhecê-las. “Por
exemplo: se os níveis atuais de remoção da floresta continuarem, em um século
teremos uma perda de 12% das 704 espécies de aves da bacia Amazônia e de 15%
das 92 mil espécies de plantas das Américas Central e do Sul”, diz ela no livro
que publicou há seis anos.
Nesse mesmo sentido, no artigo da “Science”, há
informações interessantes que podem interessar aos leitores. Escolhi algumas:
- Enquanto cerca de 13% da área terrestre do
planeta estão protegidas, apenas 2% do seu oceano está sob proteção.
- Das 8.750 espécies de aves estudadas pelos
cientistas para este artigo, mais de 400 serão afetadas pelas mudanças do
clima, sofrerão uma redução.
- Na Amazônia, há mais incertezas sobre onde
as espécies vivem do que quantas existem: em torno de 16 mil.
- As ações humanas têm eliminado os predadores de
topo e outras espécies de grande porte na maior parte dos continentes. Nos
oceanos também, os peixes predadores é que estão se esgotando, maciçamente.
- Depois de 1900, as taxas de extinção de espécies
se elevaram. Isso porque aumentou também o nível de conhecimento das pessoas e
houve maior circulação de informações.
- A União Internacional para Conservação da
Natureza avaliou, em março deste ano, 71.576 espécies, principalmente
terrestres e de água doce: 860 foram extintas; 21.286 foram ameaçadas, das
quais 4.286 criticamente. No geral, das espécies marinhas, foi possível avaliar
6.041; 16% estão ameaçadas e 9% sob ameaça de exploração excessiva, perda de
habitat e mudanças climáticas. De 22 mil espécies de mamíferos, aves e
anfíbios, 52 estão, a cada ano, mais perto de extinção.
Nurit Bensusan conta que a imprecisão dos dados é
muito maior. Em 2008, escreve ela, alguns estudiosos afirmavam que havia 1,4
milhão de espécies vivas no planeta já descritas, a maior parte constituída de
insetos. Mas um professor do Museu de Zoologia Comparada da Universidade de
Harvard, Edward Wilson, dava conta de que o mundo teria algo em torno entre 5 a
30 milhões de espécies. E havia também os mais otimistas, escreve Bensusan, que
chegavam a falar em 80 milhões de espécies.
Essa incerteza leva a uma questão que nos torna, a
todos, algo insustentável: ninguém sabe quais são e quantas são as espécies
necessárias para sustentar a vida humana, lembra a bióloga em seu livro. Já
existe uma mobilização mundial nesse sentido. Em 2010, representantes de 193
líderes mundiais gastaram tempo e dinheiro de passagens aéreas para se reunirem
na cidade japonesa de Nagoya, ou Aichi, onde afirmaram um acordo. Segundo o
Protocolo de Nagoya, ratificado por 19 países (o Brasil assinou mas ainda não
ratificou – colhi essa informação com a assessoria do Ministério do Meio
Ambiente - e o prazo para fazer isso é junho deste ano), os dados sobre
as espécies devem ser amplamente compartilhados para facilitar, inclusive,
ações que possam diminuir o impacto sobre elas.
Mas, de acordo com os cientistas que assinam o
artigo da “Science”, nem mesmo os efeitos das perturbações climáticas sobre
plantas e bichos que vivem na terra estão bem claros. Mas seus estudos,
garantem, vão servir para que os decisores políticos possam agir para defender
cada vez mais a biodiversidade. Fica a torcida.
• Assinam o artigo: Clinton Jenkins (IPE/ ESCAS), Stuart. L. Pimm (Duke University), R. Abell, Tom M. Brooks (International Union for Conservation of Nature, IUCN), John L. Gittleman (University of Georgia), Lucas Joppa (Microsoft Research), Peter H. Raven (Missouri Botanical Garden), Callum. M. Roberts (University of York), Joseph O. Sexton (University of Maryland).
• Assinam o artigo: Clinton Jenkins (IPE/ ESCAS), Stuart. L. Pimm (Duke University), R. Abell, Tom M. Brooks (International Union for Conservation of Nature, IUCN), John L. Gittleman (University of Georgia), Lucas Joppa (Microsoft Research), Peter H. Raven (Missouri Botanical Garden), Callum. M. Roberts (University of York), Joseph O. Sexton (University of Maryland).