Cidadania Ambiental
Araranguá – SC, 19 de
Outubro de 2016
(48 / 9985.0053 Vivo)
Ao nosso modo, com outro olhar
e outra atitude, estamos fazendo e registrando a história socioambiental de Araranguá
e Região Sul de Santa Catarina. Participe também, seja nossa parceira/o nesta
voluntária empreitada em defesa da natureza e de uma melhor qualidade de vida
para toda população.
OBS. Lembrando que o simples ato de recomendar, comentar ou divulgar a
leitura destas mensagens ou do blog a outras pessoas já é uma atitude
ecologicamente correta!
‘’AQUI
O MEIO AMBIENTE É TRATADO COM SERIEDADE, INDEPENDÊNCIA E ÉTICA!
BUSCAMOS
DE FORMA ESTRITAMENTE VOLUNTÁRIA O EQUILÍBRIO ECOLÓGICO,
POR
ISSO COMBATEMOS QUALQUER TIPO DE RADICALISMO OU EXTREMISMO’’
(clique no link do blog para ler na íntegra e visualizar fotos)
(Publicado também no jornal O TEMPO DIÁRIO e no site da CONTATO, no
FACEBOOK, além da publicação do link SOCIOAMBIENTALISMO em vários outros sites
e blogs)
OBRIGADO AO SAUDOSO E TALENTOSO JOVEM JÚLIO CÉSAR FUHRO KUSER PELAS CATIVANTES PALAVRAS DEDICADAS AO MEU TRABALHO...
Estive hoje na exposição fotográfica
“Abordagem dos Potenciais Ecoturísticos de Araranguá e Região”, organizada pelo
ambientalista, integrante da ONG Sócios da Natureza e membro representante do
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA para a região sul do Brasil, Tadêu
Santos, com fotos suas e de outros 13 fotógrafos.
Ao primeiro olhar, cativa a sensibilidade e o apuro
técnico dos fotógrafos – embora, como ressaltado pelo artista organizador, este
último não seja o objetivo principal da exposição, mas sim revelar as belezas
daquela região de SC (e o perigo que corremos de vê-la esmaecer diante das
nossas descompromissadas atitudes cotidianas).
Não me lembro de quando conheci o Tadêu (que lá em
casa chamávamos de “Tadeu da Vídeo Kane” ou, às vezes, simplesmente “Tadeu
Kane”), mas sempre o vi como alguém diferente da média. A fala baixa (e pouca),
o interesse pelo Cinema, as fotografias da natureza sempre montaram a imagem,
na minha cabeça (infantil, adolescente e, depois, adulta), de uma pessoa
interessante, com quem – um dia – uma conversa ainda me renderia um grande
prazer.
Uma vez, lá pela minha oitava série (1996, Colégio
Nossa Senhora Mãe dos Homens), a classe resolveu que faria uma exposição sobre
Cinema para a gincana que estava por vir. Pedimos ao Tadêu que fizesse uma
montagem com passagens de filmes clássicos (e que seria exibida repetidamente
em uma parte de nosso trabalho). Já me esqueceram as tratativas da conversa com
ele, mas ainda me lembro de quando fui buscar a fita VHS no seu estúdio: depois
de assistir ao clipe final, perguntei pelo valor do serviço (minha tarefa era
buscar a fita, pagar e voltar) e o Tadêu me respondeu de uma maneira simples,
mas eficaz o suficiente para ficar marcada na minha memória até hoje (como são
todas as lições mais importantes que a vida nos apresenta).
Ele disse que não tratava de valores naquele local,
aquele era o seu estúdio e que em outro dia acertaríamos. Entendi que aquele
era o lugar onde ele guardava seus objetos de verdadeiro valor (seus filmes?,
suas fotografias mais bonitas?, suas recordações mais queridas?, não sei) e,
por isso, era um ambiente que não poderia ser “contaminado” pelo dinheiro: o
que se fazia naquela sala não estava à venda e dinheiro nenhum pagaria o prazer
que ele sentia ali.
Claro que, na minha cabeça de criança, aquela cena
se transformou diversas vezes, mas foi importante para reforçar em mim a ideia
de que se deve dar valor ao que realmente importa e que o dinheiro não compra
tudo.
Infelizmente não lembro da montagem e muito pouco
da exposição, mas devem ter sido boas, porque vencemos a gincana! Obrigado,
Tadêu! Um pouco atrasado, eu sei, mas igualmente sincero!
Voltando à mostra fotográfica, é incrível como uma
imagem nos traz lembranças boas! O Morro, as dunas, o trapiche, a Barra, o rio,
as pontes (uma foto em especial, com a ponte da Barranca ao fundo, revela um
Tadêu orgulhoso, utilizando o filho, Marx, como modelo fotográfico, fato que
não se repete nas demais imagens). Todos esses elementos continuam lá,
exatamente como eu lembrava!
Mas acima de todos: o pôr e o nascer do Sol! Como
são lindos em Araranguá! Que luz, que força, que beleza! Tirei tantas fotos
deles que se tornaram meus modelos! Todos os outros “pôres” e “nasceres” do Sol
que vi e fotografei me remeteram a eles! Lembro também de uma serração baixa
(naquela parte em que a Avenida Sete de Setembro fica mais perto do nível do
rio) quando eu ia da Cidade Alta para o colégio, pela manhã. Era sinal que a
manhã fria se transformaria em um dia quente, abafado!
Tempos bons aqueles! Morei em Araranguá de 1989 a
2000, dos seis aos dezessete anos. Tempos em que minha mente ainda cabia em
Araranguá. (In)Felizmente, há muito não cabe mais.
Felizmente porque fui correr o mundo, alargar meus
horizontes, tomar posse de tudo que é meu por direito, enquanto ser humano –
TUDO: O mar, o ar, a Terra! Eu tinha pra mim que precisava (e ainda preciso)
conhecer outros lugares e gentes, provar de outras comidas e sensações, tocar,
experimentar, ver, ouvir, sentir que, no fundo, somos todos iguais. E por isso
que eu não poderia ficar apenas em Araranguá.
Infelizmente porque esse jeito aventuresco de viver
a vida é um revés em si mesmo. Vim para Florianópolis no ano de 2000 e aqui
estou até hoje. Por morar nessa ilha há treze anos (mais do que o tempo que
passei em Araranguá), seria de se esperar que eu considerasse essa cidade um pouco
minha, que tivesse por esse chão mais carinho do que por Araranguá. Mas não é
assim. Nunca me adaptei a esse ritmo, a essa cultura, a esse trânsito infernal.
A paisagem é linda, deslumbrante, mas acho que me tornei um pouco insensível a
ela depois de tanto tempo. Ela continua um desbunde, fui eu que parei de
admirá-la. De vez em quando tomo um susto ao perceber um novo ângulo, uma nova
esquina: “que bonito esse lugar, nunca tinha reparado”.
Somos eternos insatisfeitos, isso sim! Agora casado
com uma pelotense (que tem pela sua terra o mesmo sentimento que tenho por
Araranguá), então, não tem “óióiói”, nem “meu quirido” que nos convença do
contrário: vamos em busca de uma nova Araranguá, de uma nova Pelotas!
Um lugar onde construiremos nosso castelo, onde juntos
veremos o Sol nascer e se pôr, onde guardaremos nossos objetos mais
importantes, numa sala sagrada em que nos esconderemos quando a angústia bater
à porta, onde o dinheiro em si não terá valor nenhum, assim como o estúdio do
Tadêu.
Esse lugar nos fará respirar fundo, trará calma
(aquela calma que a gente sente quando, finalmente, chega em casa, depois de um
longo e estressante dia de trabalho) e força para perseverar mais um dia e mais
um dia e mais um dia... Até que um dia a gente vire terra. E como será bom
virar terra nesse lugar, no nosso lugar!
Quando saí de Araranguá deixei, além de amigos
queridos, minha mãe, meu pai, meu irmão mais novo. Quando sair de Florianópolis
deixarei alguns poucos amigos, meu irmão mais velho, minha cunhada, meu sobrinho
e a família da minha esposa, que agora é minha também. Todos eles serão
bem-vindos ao meu castelo, a minha nova Araranguá!
Parabéns ao Tadêu pela organização da exposição,
aos fotógrafos que participaram dela com seus trabalhos e a todos os
araranguaenses de coração, como eu.
Júlio César Fuhro Kuser – 14.06.2013
P.S.: A cidade natal de meu pai era
Caxias do Sul, aquela cidade era o seu verdadeiro lar. Mas, como a minha
Araranguá, ficou pequena para ele, que foi buscar sua nova Caxias. Virou o
mundo, procurou bastante e acabou escolhendo Araranguá como seu refúgio final.
Construiu seu castelo, viveu e morreu em Araranguá. Acho que foi feliz, devo
mais essa à Cidade das Avenidas!