Cidadania Ambiental
Vista Lagoa do Caverá - Fotos tadêusantos |
Araranguá – SC, 28 de setembro de 2012
Ao nosso modo, com outro olhar e outra atitude, estamos
fazendo e registrando a história socioambiental de Araranguá e Região Sul de
Santa Catarina. Participe também, seja nossa parceira/o nesta voluntária
empreitada em defesa da natureza e de uma melhor qualidade de vida para toda
população.
OBS. Lembrando que o simples ato de recomendar, comentar ou
divulgar a leitura destas mensagens ou do blog a outras pessoas já é uma
atitude ecologicamente correta!
Já superamos a marca das 50 mil visitas
registradas
(Publicado
também todas as terças no jornal O TEMPO DIÁRIO e no site da CONTATO)
LAGOA
DO CAVERÁ, A MAIOR DE ''ÁGUA DOCE'' DO ESTADO DE SANTA CATARINA ESTÁ
AGONIZANDO!!!
Por
Tadêu Santos
A maior lagoa de água doce do Estado
de Santa Catarina está sofrendo um processo de assoreamento rápido e
assustador, com possibilidade real de desaparecimento total do seu corpo
hídrico. Observando que a Lagoa do Sombrio não é mais a maior de água doce de
SC porque parte dos seus recursos hídricos estão salinizando depois da abertura
de um canal reto ligando ao Rio Mampituba, antes ligado por sinuosos cursos. O
extinto DNOS, no início da década de 60, promoveu a abertura de canais em todo
o sistema lagunar do Sombrio, exatamente entre a Lagoa da Serra e o Rio
Mampituba para atender interesses privados. Este canal, comprovadamente, causou
grande impacto ambiental em todo o ecossistema lagunar.
Vários
fatores são responsáveis pelo comprometimento da integridade das suas
nascentes, considerando que existe um processo natural de assoreamento. No
entanto, a pressão antrópica em todo o entorno da lagoa está acelerando o seu
desaparecimento.
Após a violência dos ventos do Furacão
Catarina sobre a vegetação flutuante que atuava como uma espécie reguladora das
águas (e na sequência haver a abertura de canais em vários pontos para
facilitar a exploração da turfa e de uma absurda ''limpeza'' para as pastagens),
os moradores afirmam que esta obra, executada com autorização da FATMA, desequilibrou
o nível d'água aumentando a vazão. Por isso estão pedindo para 'estancar' a
saída d'água, que em determinados períodos chega a criar correnteza conforme
depoimento de agricultores locais.
Mas não é apenas este o problema a ser
resolvido com a implantação de um vertedouro que está para ser construído de
acordo com estudos técnicos do Deinfra. E que ainda não definiu a altura desta
comporta, que no nosso entendimento, não deve ser inferior a dois (2) metros de
altura, de forma a manter um nível seguro para a sobrevivência da Lagoa do
Caverá.
OBS.
Pode parecer incrível, mas a elevação do nível de água na calha natural da
lagoa poderá criar resistências dos proprietários que a margeiam porque a a utilizam
para várias atividades, como para a pecuária por exemplo.
O uso e ocupação inadequada no entorno
da lagoa também é um dos fatores que mais danos causam aos ecossistemas que
funcionam como uma espécie de mata ciliar protetora das nascentes, desde a
agricultura (com menor impacto) e a exploração da turfa, esta talvez a mais
danosa ao equilíbrio do ecossistema local. Quando se fala em entorno a dimensão
desta faixa de amortecimento pode variar chegando até dois quilômetros,
principalmente ao redor das sangas e córregos que contribuem com o manancial
hídrico.
É preciso urgentemente providenciar,
via decreto, a transformação das Áreas de Preservação Permanentes (APP) em
Unidades de Conservação (UC) para possibilitar a elaboração de Planos de Manejo
em todo o sistema lagunar. Como também habilitar a busca de recursos
financeiros para a preservação deste estratégico manancial de água doce e
potável do Estado de Santa Catarina. Como este ecossistema está localizado em
território de vários municípios, compete ao Estado ou a União a
responsabilidade pelo processo de salvamento das lagoas.
Existe um projeto desenvolvido a
partir de uma iniciativa da Câmara Temática do Meio Ambiente do FDESC, sob a
coordenação da ONG Sócios da Natureza, propondo a criação da Unidades de Conservação
UC, baseado em um diagnóstico da empresa de consultoria Socioambiental, na
época intensamente debatido com a população de entorno das lagoas que pertencem
ao sistema lagunar do Sombrio. Infelizmente o processo não avançou!
O Plano de Manejo consiste em levar a Unidade de
Conservação UC a cumprir com os objetivos estabelecidos na sua criação pelo
administrador público e a sociedade; definir objetivos específicos de manejo,
orientando a gestão da Unidade de Conservação através de um Comitê constituído
pelas comunidades de entorno; promover o manejo da Unidade de Conservação UC,
orientado pelo conhecimento disponível e/ou experiência adquirida. Ele
estabelece ainda um zoneamento, visando a proteção de seus recursos naturais e
culturais.
''Para tanto, é essencial conhecer os ecossistemas, os processos
naturais e as interferências antrópicas positivas ou negativas que os
influenciam ou os definem, considerando os usos que o homem faz do território,
analisando os aspectos pretéritos e os impactos atuais ou futuros de forma a
elaborar meios para conciliar o uso dos espaços com os objetivos de criação da
Unidade de Conservação''.
''Desta forma, o manejo de uma Unidade de Conservação implica em
elaborar e compreender o conjunto de ações necessárias para a gestão e uso
sustentável dos recursos naturais em qualquer atividade no interior e em áreas
do entorno dela de modo a conciliar, de maneira adequada e em espaços
apropriados, os diferentes tipos de usos com a conservação da biodiversidade''
''A Lei Nº 9.985/2000 que estabelece o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação define o Plano de Manejo como um
documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos de gerais de
uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que
devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais''
(www.mma.gov.br)
Concluindo,
se estas delicadas áreas não forem protegidas devidamente, como a legislação
prevê e determina, em breve a Lagoa do Caverá passará a ser apenas pequenas
poças d'água em terras úmidas também conhecidas por banhados. O espaço que hoje
serve de calha para o manancial hídrico passará a ser ocupado com pastagens e
extração de turfa, ou seja, um capricho dos deuses que agradará a bem poucos!
OBS. Não
será este o cenário que queremos para este delicado ecossistema que agonia, pois
ele pode até desaparecer, porém mais cedo ou mais tarde responderá de alguma
forma que não será benéfica a biodiversidade?
Alexandrina Goulart Gonçalves 87 anos e Clésio, ambos moradores do entorno da Lagoa do Caverá. |
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TEMAS
QUE PODERÃO SER ABORDADOS NAS PRÓXIMAS EDIÇÕES:
Ø OS
CRIMES GERADOS PELA POLUIÇÃO DO CARVÃO ''É TAMBÉM UM CASO DE POLÍCIA, DIGO,
FEDERAL COMO AGIRAM NO RIO IGUAÇU!
Ø POLUIÇÃO
SONORA: QUANDO ESTA BADERNA GENERALIZADA IRÁ ACABAR NESTE PAÍS?
Ø
Ø JOGAR
LIXO NO CHÃO NÃO É APENAS UMA QUESTÃO DE EDUCAÇÃO, MAS TAMBÉM DE CARÁTER!