16 junho, 2009

Cidadania Ambiental

FIXAÇÃO DA FOZ/BARRA
Se o processo de licenciamento da fixação da foz do Rio Araranguá, também denominada popularmente de barra, vir a atender todas as exigências ambientais para obter o licenciamento ambiental (LAP) do órgão licenciador, será possível iniciar a obra no próximo ano. Sempre defendemos a fixação baseada num projeto de engenharia adequado e atualizado como também um EIA-RIMA idôneo e abrangente. As tentativas de abrir ‘’na marra’’ nunca resolveram os vários conflitos que a foz natural promove, tanto no aspecto da dificuldade da vazão hídrica no mar quanto das conseqüências sociais, como impedir que a comunidade pesqueira de Ilhas possa desenvolver. Alertamos para a necessidade de uma ‘’cooperativa’’ que proteja a pesca nativa, caso contrário, certamente haverá invasão de empresas de fora controlando o mercado local.

POLUIÇÃO SONORA
Veículos continuam circulando com som em altíssimo volume nas vias públicas de Araranguá e outras cidades da região, no horário que bem entender o motorista infrator, estando embriagado ou drogado.
Motos e carros retiram o silenciador do cano de descarga para promover um ruído competitivo, tanto de baixo volume como o bate-estacas quanto o ensurdecedor que atinge quase 100 decibéis. Alguns chegam a retirar o catalizador também, contaminando o ar que respiramos.
Carros com propaganda sonora não respeitam colégios e igrejas. Agora circulam também aos Domingos. Esta atividade deveria ser fiscalizada pelas prefeituras, determinando o decibel e as áreas não permitidas.
São no nosso entender infrações bem mais graves que estacionar em local proibido ou por dirigir sem cinto de segurança, pois as mesmas afetam a qualidade de vida de toda população, consequentemente interferindo na saúde pública. Um absurdo!!!

DECLARAÇÃO DA SENADORA MINISTRA
‘’Ando insatisfeita com fatos como o que foi constatado em Santa Catarina, que fez um Código Florestal inconstitucional no Estado que mais destruiu Mata Atlântica, que teve mais catástrofes ambientais e agora serve de modelo para desconstituir o Código Florestal Brasileiro. No Acre, o que está sendo feito é um arranjo responsável. Senadora Marina da Silva’’’

LIXO NO MAR
Plástico compostos de resíduos tóxicos jogados no mar podem ser encontrados nos organismos que o consomem, diz o relatório, afirmando que o produto pode ser confundido com comida por vários animais, inclusive mamíferos marítimos, pássaros, peixes e tartarugas. As tartarugas marinhas, em particular, podem confundir sacolas plásticas boiando com águas-vivas, um de seus alimentos favoritos. Ainda não estamos suficientemente educados, pois diariamente o ser humano joga na natureza tudo aquilo que não mais lhe interessa.

É IGUAL AQUI.
Estudo publicado na Science mostra que municípios enriquecem após derrubada da floresta, mas prosperidade acaba e qualidade de vida piora. Os ganhos obtidos pelo desmatamento na Amazônia rapidamente desaparecem. Sobra apenas a pobreza que precedeu a exploração, mas sem os recursos da floresta que poderiam remediá-la. A conclusão é de um estudo publicado hoje na revista americana Science. De Alexandre Gonçalves.

PRESERVACIONISMO VERSUS DIREITA
Ao ler o excelente e instigador artigo ‘’ECONOMIA VERSUS PRESERVAÇÃO’’, de autoria do jornalista Danilo Pretti Di Giorgi (www.correiocidadania.com.br), me ocorreu que o preservasionismo será sempre uma espécie de ‘’partido de esquerda’’, aquele que está sempre contra quem adota o desenvolvimento a qualquer custo, ou seja, o poder econômico e político. Um exemplo é o impopular e inconstitucional Código Ambiental criado pelo Governo Catarinense, com apoio do Legislativo, que atende os interesses das monoculturas agrícolas, das madeireiras, das celuloses, apenas de quem detém o poder de manobrar muito dinheiro, não considerando a preservação dos recursos naturais. Usaram o pequeno agricultor Barriga Verde como massa de manobra, mas não aprovaram a emenda que propunha uma compensação financeira ao colono que comprovadamente mantivesse mata nativa em sua propriedade.
Mesmo com todas as tragédias que estão ocorrendo no Estado nas últimas décadas, desde as violentas enchentes que ocorrem entre o Vale do Itajaí e do Araranguá, que matam centenas de pessoas e causam enormes prejuízos até a ocorrência de tornados, ciclones extra-tropicais e o furacão Catarina, ou seja, é o Estado que mais precisa investir em preservação para evitar e/ou reduzir os impactos destas adversidades climáticas. A ganância infecciosa do lucro não permite adoção de medidas preventivas e de adaptação às comunidades que vivem em área de risco. Não investem em pesquisas e estudos para o esclarecimento dos fenômenos, afinal não podemos se basear apenas em apontamentos da meteorologia.
Não bastasse esta ousada, desnecessária e ameaçadora manobra do Governador LHS, agora o Deputado Federal Valdir Colatto está com um projeto para alterar o Código Florestal Brasileiro, com apoio da bancada ruralista do agronegócio para exportação liderada pela Senadora Kátia Abreu.
Quem irá defender a integridade dos biomas brasileiros, como da Amazônia, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa serão, de um jeito ou de outro, os de esquerda, ou seja, a comunidade ambientalista brasileira, formada por todas as pessoas que possuem um grau de consciência ecológica, enquanto que os de direita proporão a exploração dos recursos naturais, usando o discurso da geração de divisas e empregos ‘’agora’’, não importando se comprometerão os direitos e necessidades das gerações futuras.


Tadeu Santos
Socioambientalista da ONG Sócios da Natureza e Conselheiro do CONAMA Biênio 2009/2011.